Diplomacia e Relações Internacionais
Crimes menos que perfeitos: o Mensalao do PT e o mentiroso contumaz
Uma vasta rede de corrupção, roubo de dinheiro público, crimes financeiros, só falta um crime de homicídio, ou algum suicídio político (mas isso pode aparecer também).
Isso destrói a história de um grande mentiroso, que costuma dizer que o mensalão não existiu e que tudo foi invenção da imprensa e da oposição.
Mentirosos contumazes não costumam se redimir.
Mas se a polícia e a justiça fossem um pouco mais rápidos no Brasil, a carreira desse tipo de mentiroso já estaria encerrada, por descrédito público.
Muita gente pode desmentir mentirosos, mas nesse tipo de máfia poucos o fazem. Quando o fazem, podem se arriscar a encerrar a carreira, de uma forma dramática, digamos assim.
Já aconteceu antes, pode acontecer novamente.
Esperemos...
Paulo Roberto de Almeida
Relatório da PF confirma mensalão no governo LulaAgência Estado, 2/04/2011
Relatório final da Polícia Federal confirma a existência do mensalão no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de seis anos de investigação, a PF concluiu que o Fundo Visanet, com participação do Banco do Brasil, foi uma das principais fontes de financiamento do esquema montado pelo publicitário Marcos Valério. Com 332 páginas, o documento da PF, divulgado pela revista “Época”, joga por terra a pretensão do ex-presidente Lula de provar que o mensalão nunca existiu e que seria uma farsa montada pela oposição.
O relatório da PF demonstra que, dos cerca de R$ 350 milhões recebidos do governo Lula pelas empresas de Valério, os recursos que mais se destinaram aos pagamentos políticos tinham como origem o fundo Visanet. As investigações da PF confirmaram que o segurança Freud Godoy, que trabalhou com Lula nas campanhas presidenciais de 1998 e 2002, recebeu R$ 98,5 mil do esquema do valerioduto, conforme revelou o Estado, em setembro de 2006. A novidade é que Freud contou à PF que se tratava de pagamento dos serviços de segurança prestados a Lula na campanha de 2002 e durante a transição para a Presidência - estabelecendo uma ligação próxima de Lula com o mensalão. No depoimento, Freud narrou que o dinheiro serviu para cobrir parte dos R$ 115 mil que lhe eram devidos pelo PT.
O relatório da PF apontou o envolvimento no esquema do mensalão, direta ou indiretamente, de políticos como o hoje ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, do PT. Rastreando as contas do valerioduto, os investigadores comprovaram que Rodrigo Barroso Fernandes, tesoureiro da campanha de Pimentel à prefeitura de Belo Horizonte, em 2004, recebeu um cheque de R$ 247 mil de uma das contas da SMP&B no Banco Rural. As investigações confirmaram também a participação de mais sete deputados federais, entre eles Jaqueline Roriz (PMN-DF), Lincoln Portela (PR- MG) e Benedita da Silva (PT-RJ), dois ex-senadores e o ex-ministro tucano Pimenta da Veiga.
Segundo a revista “Época”, a PF também confirmou que o banqueiro Daniel Dantas tentou mesmo garantir o apoio do governo petista por intermédio de dinheiro enviado às empresas de Marcos Valério. Dantas teria recebido um pedido de ajuda financeira no valor de US$ 50 milhões depois de se reunir com o então ministro da Casa Civil José Dirceu. Pouco antes de o mensalão vir a público, uma das empresas controladas por Dantas fechou contratos com Valério, apenas para que houvesse um modo legal de depositar o dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve tempo suficiente para que R$ 3,6 milhões fossem repassados ao publicitário.
As investigações comprovaram ainda que foram fajutos os empréstimos que, segundo a defesa de Marcos Valério, explicariam a origem do dinheiro do mensalão. Esses papéis serviram somente para dar cobertura jurídica a uma intrincada operação de lavagem de dinheiro. De acordo com o relatório da PF, houve duas fontes de recursos para bancar o mensalão e as demais atividades criminosas de Marcos Valério. A principal, qualificada de “fonte primária”, consistia em dinheiro público, proveniente dos contratos do publicitário com ministérios e estatais. O principal canal de desvio estava no Banco do Brasil, num fundo de publicidade chamado Visanet, destinado a ações de marketing do cartão da bandeira Visa. As agências de Marcos Valério produziam algumas ações publicitárias, mas a vasta maioria dos valores repassados pelo governo servira tão somente para abastecer o mensalão.
A segunda fonte de financiamento, chamada de “secundária”, estipulava que Marcos Valério seria ressarcido pelos pagamentos aos políticos por meio de contratos de lobby com empresas dispostas a se aproximar da Presidência da República. Foi o caso do Banco Rural, que tentava obter favores do Banco Central e do banqueiro Daniel Dantas, que precisava do apoio dos fundos de pensão das estatais.
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Complemento:
Relatório da PF não traz novidade, mas é relevante; informação mais importante tinha sido antecipada por Diogo Mainardi em maio de 2006Reinaldo Azevedo, 02/04/11
O que há de propriamente novo no relatório da PF sobre o mensalão? De essencial, nada! Então é irrelevante? Ao contrário! É relevantíssimo! Ele comprova fatos a que a imprensa já havia chegado, muito especialmente a VEJA. Vamos ver:
1 - Já se sabia que Daniel Dantas havia abastecido o esquema do mensalão. Quem revelou foi Diogo Mainardi;
2 - Já se sabia que dinheiro da Visanet — parte dele, público — havia abastecido o mensalão;
3 - Já se sabia que Freud Godoy havia sido pago com dinheiro do esquema Marcos Valério;
4 - Já se sabia que os “empréstimos” alegados por Marcos Valério eram fajutos.
O que o relatório traz de novidade é o envolvimento de alguns outros políticos com o esquema. O mais graúdo é o atual ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel (PT-MG).
Reitero: isso não quer dizer que o relatório seja irrelevante. Ele confirma, em suma, tudo o que já se sabia, trazendo consigo o peso de uma investigação oficial. É um elemento a mais a desmoralizar a afirmação de Lula e de sua turma, segundo a qual o mensalão nunca existiu.
Abaixo, reproduzo uma coluna de Diogo Mainardi de 17 de maio de 2006. Ele entrevista Daniel Dantas, que fala sobre o “pedido” de dinheiro. Dantas nega que tenha pago. Diogo encerra a coluna informando: pagou! Agora, o relatório da Polícia Federal confirma tudo. E pensar que a canalha petralha, numa tentativa fabulosa de inverter os fatos, acusava Diogo, vejam que espetáculo!, de ligação com Dantas! Como se vê, ainda que tarde, a investigação da própria PF comprova o que ele informou.
Segue a coluna:
Daniel Dantas não fala. Para quem não fala, até que ele falou muito. O suficiente para mandar um monte de gente para a forca. Em primeiro lugar, Lula e seus ministros.
Passei quatro horas no escritório de Daniel Dantas, no Rio. No fim, arranquei dele meia hora de entrevista. Vale sobretudo como registro histórico. Lendo com cuidado, dá para ver o instante exato em que o Brasil acabou.
O PT PEDIU PROPINA AO OPPORTUNITY?
O que houve foi uma sugestão de que, se déssemos uma quantia expressiva ao partido, eles poderiam nos ajudar a resolver as dificuldades que estávamos tendo com o governo.
ENTÃO FOI PIOR DO QUE PROPINA: FOI EXTORSÃO. QUEM PEDIU O DINHEIRO?
Delúbio Soares.
QUAL A QUANTIA?
Entre 40 e 50 milhões de dólares. Era a necessidade de recursos que eles tinham. E Delúbio queria saber se poderíamos ajudá-los.
A QUEM FOI FEITO O PEDIDO?
A Carlos Rodenburg, que na época (julho de 2003) trabalhava conosco.
MARCOS VALÉRIO PARTICIPOU DO ENCONTRO?
Foi ele que marcou. Mas não estava presente quando foi feito o pedido.
VOCÊ PAGOU OS 50 MILHÕES DE DÓLARES?
Perguntei ao meu advogado, Nélio Machado, se o pagamento seria ilegal ou não. Ele respondeu que isso é tipificado no artigo 316 do Código Penal, e que não estaríamos incorrendo em crime algum.
PORQUE ERA UMA EXTORSÃO?
Não é exatamente esse o termo.
O QUE ACONTECEU DEPOIS?
Eu marquei uma reunião com o Citibank em Nova York e expliquei à diretora Mary Lynn que, se contribuíssemos com uma quantia muito grande para o PT, talvez nossas dificuldades cessassem, mas acrescentei que não era essa a minha expectativa. Ela me autorizou a dizer, em nome do Citi, que não seria possível pagar, porque isso contrariaria a lei americana.
ESSE FOI O PRIMEIRO PEDIDO DE DINHEIRO DO PT AO OPPORTUNITY?
Durante a campanha presidencial de 2002, Ivan Guimarães foi ao nosso escritório e entregou um kit do partido ao Carlos Rodenburg, com o objetivo de conseguir algum apoio financeiro. Rodenburg mandou devolver o kit, porque não sabia quem era Ivan Guimarães. Isso foi interpretado pelo PT como um ato hostil, mas nós éramos politicamente neutros e não tínhamos nada contra o partido.
POR QUE O GOVERNO QUERIA TIRAR O OPPORTUNITY DO COMANDO DA BRASIL TELECOM?
Porque havia um acordo entre o PT e a Telemar para tomar os ativos da telecomunicação, em troca de dinheiro de campanha.
A TELEMAR ACABOU COMPRANDO A EMPRESA DO LULINHA. POR QUE VOCÊS TAMBÉM NEGOCIARAM COM ELE? ERA UM AGRADO AO PRESIDENTE LULA?
Nós procuramos de todas as maneiras diminuir a hostilidade do governo.
O EX-PRESIDENTE DO BANCO DO BRASIL CÁSSIO CASSEB DISSE AO CITIBANK QUE LULA ODEIA VOCÊ.
Casseb disse também que ou a gente entregava o controle da companhia ou o governo iria passar por cima.
LULA SE REUNIU COM A DIRETORIA DO CITIBANK. ELE PRESSIONOU OS AMERICANOS A TRAIR O OPPORTUNITY E FECHAR UM ACORDO COM OS FUNDOS DE PENSÃO?
Não posso comentar nenhuma notícia que eu tenha obtido através dos documentos que constam do processo em Nova York.
VOCÊ CONFIRMA QUE A BRASIL TELECOM SÓ CONSEGUIU TER ACESSO AO DINHEIRO DO BNDES DEPOIS DE CONTRATAR O ADVOGADO KAKAY, AMIGO DE JOSÉ DIRCEU?
Houve uma sincronia entre os fatos.
Agora releia a entrevista. Mas sabendo o seguinte: Daniel Dantas cedeu aos achacadores petistas. Ele e muitos outros.
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