Diplomacia e Relações Internacionais
Impeachment 2.0? Unlikely (mas merecia...)
Se minha memória não falha, em 1992 um presidente foi impeached por menos do que isso: compras de coisas corriqueiras com dinheiro da corrupção, e o que parecia ser, de fato, um caixa 2 de campanha, que virou fundo de ajuda a presidentes desvalidos (e muito gastadores, ele e madame). Sim, também teve um Fiat Elba. Mas, provavelmente deve ter custado um décimo do dinheiro que agora foi dado para "despesas pessoais" do chefe da gang.
Paulo Roberto de Almeida
Lula deu 'ok' a empréstimos do mensalão e recebeu de esquema, diz Valério
Novas acusações fazem parte de depoimento prestado por empresário mineiro à Procuradoria-Geral da República em 24 de setembro, dias após ser condenado pelo STF
Felipe Recondo, Alana Rizzo e Fausto Macedo
O Estado de S.Paulo, 11 de dezembro de 2012
O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza disse no depoimento prestado em setembro à Procuradoria-Geral da República que o esquema do mensalão ajudou a bancar "despesas pessoais" de Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a uma série de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu "ok", em reunião dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a irrigar os pagamentos de deputados da base aliada.
Valério ainda afirmou que Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem de uma suposta "blindagem" de petistas contra denúncias de corrupção em Santo André na gestão Celso Daniel. Por fim, acusou outros políticos de terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto Costa (PT-PE).
A existência do depoimento com novas acusações do empresário mineiro foi revelada pelo
Estado em 1.º de novembro. Após ser condenado pelo Supremo como o "operador" do mensalão, Valério procurou voluntariamente a Procuradoria-Geral da República. Queria, em troca do novo depoimento e de mais informações de que ainda afirma dispor , obter proteção e redução de sua pena. A oitiva ocorreu no dia 24 de setembro em Brasília - começou às 9h30 e terminou três horas e meia depois; 13 páginas foram preenchidas com as declarações do empresário, cujos detalhes eram mantidos em segredo até agora.
O
Estado teve acesso à íntegra do depoimento, assinado pelo advogado do empresário, o criminalista Marcelo Leonardo, pela subprocuradora da República Cláudia Sampaio e pela procuradora da República Raquel Branquinho.
Valério disse ter passado dinheiro para Lula arcar com "gastos pessoais" bem no início de 2003, quando o petista já havia assumido a Presidência. Os recursos foram depositados, segundo o empresário, na conta da empresa de segurança Caso, de propriedade do ex-assessor da Presidência Freud Godoy, uma espécie de "faz-tudo" de Lula.
O operador do mensalão afirmou ter havido dois repasses, mas só especificou um deles, de aproximadamente R$ 100 mil. Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500.
Segundo o depoimento de Valério, o dinheiro tinha Lula como destinatário. Não há detalhes sobre quais seriam os "gastos pessoais" do ex-presidente.
Ainda segundo o depoimento de setembro, Lula deu o "ok" para que as empresas de Valério pegassem empréstimos com os bancos BMG e Rural. Segundo concluiu o Supremo, as operações foram fraudulentas e o dinheiro, usado para comprar apoio político no Congresso no primeiro mandato do petista na Presidência.
No relato feito ao Ministério Público, Valério afirmou que no início de 2003 se reuniu com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o tesoureiro do PT à época, Delúbio Soares, no segundo andar do Palácio do Planalto, numa sala que ele descreveu como "ampla" que servia para "reuniões" e, às vezes, "para refeições".
Ao longo dessa reunião, Dirceu teria afirmado que Delúbio, quando negociava com Valério, falava em seu nome e em nome de Lula. E acertaram, ainda segundo Valério, os empréstimos.
Nessa primeira etapa, Dirceu teria autorizado o empresário a pegar até R$ 10 milhões emprestados. Terminada a reunião, contou Valério, os três subiram por uma escada que levava ao gabinete de Lula. Lá, na presença do presidente, passaram três minutos. O empresário contou que o acerto firmado minutos antes foi relatado a Lula, que teria dito "ok".
Dias depois, Valério relatou ter procurado José Roberto Salgado, dirigente do Banco Rural, para falar do assunto. Disse nessa conversa que Dirceu, seguindo orientação de Lula, havia garantido que o empréstimo seria honrado. A operação foi feita. Valério conta no depoimento que, esgotado o limite de R$ 10 milhões, uma nova reunião foi marcada no Palácio do Planalto. Dirceu o teria autorizado a pegar mais R$ 12 milhões emprestados.
Portugal Telecom. Em outro episódio avaliado pelo STF, Lula foi novamente colocado como protagonista por Valério. Segundo o empresário, o ex-presidente negociou com Miguel Horta, então presidente da Portugal Telecom, o repasse de recursos para o PT. Segundo Valério, Lula e o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, reuniram-se com Miguel Horta no Planalto e combinaram que uma fornecedora da Portugal Telecom em Macau, na China, transferiria R$ 7 milhões para o PT. O dinheiro, conforme Valério, entrou pelas contas de publicitários que prestaram serviços para campanhas petistas.
As negociações com a Portugal Telecom estariam por trás da viagem feita em 2005 a Portugal por Valério, seu ex-advogado Rogério Tolentino, e o ex-secretário do PTB Emerson Palmieri.
Segundo o presidente do PTB, Roberto Jefferson, Dirceu havia incumbido Valério de ir a Portugal para negociar a doação de recursos da Portugal Telecom para o PT e o PTB. Essa missão e os depoimentos de Jefferson e Palmieri foram usados para comprovar o envolvimento de José Dirceu no mensalão.
Veja também: Ex-ministros negam reuniões; instituto não comenta 'Faz-tudo' de Lula organizava até a pelada no Torto Empresário afirma que PT paga a sua defesa no Supremo Depoimento relata ameaças de morte Bastidores: Ministério Público e STF veem acusações com cautela
loading...
-
Mafiosos Em Suas Negociacoes Mafiosas, Como Todas As Boas Quadrilhas Do Cinema...
Aparece prova dos R$ 6 milhões pagos por Marcos Valério ao empresário que chantageava Lula Políbtio Braga, 23/08/2014 Ao lado, os fantasmas que assombram Lula. O maior deles é o que menos aparece na foto. CLIQUE AQUI para ler acusação de...
-
Uma Desgraca Nacional A Caminho De Ser Oferecida Universalmente: Lula E Bono
Não, não vou falar do Mensalão e da sua nova etapa, envolvendo desta vez o chefe de todos os chefes, inclusive porque já estou convencido da culpa do chefe e certo de que ele escapará incólume desse pequeno percalço em sua trajetória de sucesso...
-
Fim Da Impunidade Para Il Capo? Improvavel...
Não creio que as investigações avancem, e mesmo se avançarem, serão mantidas em sigilo, e o capo escapará, como é de seu feitio... Sempre! No mundo existem grandes injustiças, esta será apenas mais uma delas... Paulo Roberto de Almeida Procurador...
-
Nunca Antes Nesse Pais, Tao Poucos, Nao Sabiam De Nada Sobre Tantas Patifarias...
Pois é, a grande questão agora passa a ser esta: o círculo se fechará finalmente sobre o capo di tutti i cappi? Com a palavra o Ministério Público e a Procuradoria Geral da República. Acho que está na hora de fazer um daqueles filmes italianos...
-
Omerta' So' Funciona Com Dinheiro E Chantagem: Que Coisa, Companheiro!
Pois é, quando as alianças são feitas entre bandidos, sempre se pode esperar por todos os golpes possíveis. Mas esse pessoal é muito frouxo: os legítimos já teriam resolvido o caso com algum gesto mais drástico... Não duvido que venha... Paulo...
Diplomacia e Relações Internacionais