Diplomacia e Relações Internacionais
Crescimento: a debilidade brasileira - Rodrigo Constantino
Escrevi, tempos atrás, um texto duvidando, já em seu título, se o Brasil seria capaz de crescer a mais de 5% ao ano, em bases sustentadas, entenda-se. Afirmava que não, pelo fato da insuficiência da nossa poupança nacional (e a despoupança estatal), pelo baixo nível dos investimentos e por uma série de outros fatores que faziam com que nossa taxa anual cumulativa de crescimento do PIB se situasse sempre abaixo de 5%. O trabalho era este:
Uma verdade inconveniente: (ou sobre a impossibilidade de o Brasil
crescer 5% ao ano)
Alguns podem ter ficado entusiasmados com os anúncios recentes de que o Brasil está crescendo acima de 7% em 2010, e que pode crescer acima de 5% em 2011, e ter achado, portanto, que estou sendo desmentido pelos fatos. Não exatamente, pois a taxa média cumulativa anual de crescimento continua abaixo de 5%, como qualquer um pode constatar.
Pois bem, creio que o artigo abaixo vem colocar um pouco de água fria no entusiasmo dos que acreditam nos poderes mágicos do governo para fazer o Brasil crescer a taxas sustentadas acima de 5%.
Paulo Roberto de Almeida
O limite medíocre do crescimento
Rodrigo Constantino, para o Instituto Liberal
15 de dezembro de 2010
Os dados divulgados pelo IBGE mostram que o crescimento do PIB brasileiro deve fechar o ano acima de 7,5%. Mas é preciso ter calma na comemoração. O crescimento de 2009 foi revisado para baixo: uma queda de 0,6% ao invés de 0,2%, mostrando que a “marolinha” que o presidente Lula previu foi, na verdade, uma onda forte com estrago considerável. A base mais reduzida de 2009 faz com que o aumento registrado este ano seja maior. Na era Lula, o crescimento ficou perto de 4% ao ano, bem abaixo da média dos BRIC e mesmo dos países latino-americanos. Este patamar parece ser o potencial do país, dada as atuais circunstâncias internas e externas.
Muitos falam de um crescimento de 5% para 2011, mas o fato é que a economia está operando claramente no seu limite. Os gargalos de sempre continuam impedindo um vôo mais alto e sustentado. A inflação já começa a incomodar bastante, acima de 5%. Falta mão-de-obra em vários setores, especialmente a mais qualificada. A infra-estrutura é precária e inviabiliza um crescimento mais acelerado. A lei trabalhista impõe um obstáculo enorme aos empresários. A carga tributária é absurdamente alta e extremamente complexa. A burocracia é asfixiante. Os gastos públicos são muito elevados.
Tudo isso somado, e muito mais, faz com que o investimento produtivo fique em patamares reduzidos, abaixo de 20% do PIB, enquanto deveria ser de pelo menos 25%. O Banco Central terá que subir bem a taxa de juros ano que vem, prejudicando a trajetória de investimento. Não há milagre quando se trata de economia. Ou o governo faz o dever de casa, aprova reformas estruturais, coloca a casa em ordem, corta gastos de verdade; ou veremos mais um vôo de galinha, e o crescimento ficará na faixa dos 4% mesmo, o limite medíocre da era Lula, mesmo com um cenário externo bastante favorável.
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