Mansueto Almeida, 24/05/2013
A cada semana, os dados de projeção do crescimento esperado do PIB para este ano, infelizmente, pioram. Nesta semana, a mediana das projeções do relatório FOCUS para o crescimento do PIB este ano rompeu a barreira de 3% e cravou 2,98%, É claro que essas projeções são passiveis de revisões com as divulgações dos dados pelo IBGE.
Mas, por enquanto, o cenário de crescimento é cada vez menos animador. O novo boletim de conjuntura do IBRE-FGV de maio de 2013 joga um balde de água fria quando se olha para os próximos meses. Como fala o relatório na p. 9: “Fatores transitórios explicam, em grande medida, o crescimento de 1,0% no primeiro trimestre. Mas, para o restante do ano, um cenário de crescimento morno ainda é o mais provável.”
Um dado que preocupa são as sondagens empresariais e do consumidor do IBRE-FGV. A reversão para cima dos índices de confiança setoriais ainda não ocorreu e o índice de confiança do consumidor despencou (ver os gráficos abaixo). Ou seja, empresários e famílias estão preocupados. Leiam o relatório de conjuntura do IBRE-FGV que está muito bom.
Adicionalmente, um sinal muito claro da reversão do otimismo para o crescimento do PIB este ano foi um relatório recente do Credit Suisse. O banco era um dos mais otimistas do mercado e apostava em crescimento do PIB de 4% este ano. Mas no seu relatório desta semana, os analistas do banco já alertam que essa aposta poderá ser revista:
“Reconhecemos que uma expansão do PIB no 1T13 versus o 4T12 de 1,0% ou inferior a esse patamar aumenta a probabilidade de um crescimento do PIB em 2013 inferior à nossa projeção formulada em novembro de 2012 de 4,0%. Não obstante, um crescimento do PIB no 1T13 ante o 4T12 de 1,0% indica que a expansão da economia em 2013 tende a ser, provavelmente, superior a 2,5%.” (Credit Suisse, Macro Brasil 22 de maio de 2013)
Agora, vamos torcer para que ninguém comece a namorar com 2,5% porque isso seria um completo desastre e sinalizaria mais um ano de crescimento baixo e inflação alta. A propósito, é claro que o Brasil não pode mais crescer à taxas de 7% ao ano. Mas para um país de renda média (US$ 12.000) deveríamos crescer pelo menos entre 4% a 5% ao ano, que era a expectativa de muitos de nós economistas antes de 2009.
Infelizmente, o nosso cenário de crescimento mudou, estruturalmente, para pior. Antes que alguém diga que o FMI ainda projeta crescimento do PIB no Brasil de 4% ao ano a partir do próximo ano, quero dizer que Fundo já tem como certo que sua projeção para o Brasil é otimista e, mais cedo ou mais tarde, poderá (ou deverá) rever essas projeções.
Antes que alguém diga que crescer 2,5% ao ano é melhor do que países da Europa, essa comparação é totalmente descabida. O que vamos fazer rezar ou chorar? Nenhuma das duas coisas. Vamos escrever, falar e argumentar para que o governo retome a agenda de reformas institucionais e que possamos recuperar o nosso otimismo. Se não der certo, ai sim podemos começamos a rezar e chorar.