Venezuela: mais um retrato ordinário de uma ditadura ordinaria
Diplomacia e Relações Internacionais

Venezuela: mais um retrato ordinário de uma ditadura ordinaria


Venezuela

Maduro convoca milícias contra manifestantes 

Novas mortes aumentam tensão no país, que tem onda de protestos há um mês

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#NoHayPaso na Av. Francisco Solano López, em Chacao - Diego Braga Norte/Veja.com
Durante um desfile militar em homenagem ao falecido Hugo Chávez, seu sucessor Nicolás Maduro convocou as milícias chavistas para acabar com as “guarimbas”, como são chamadas asbarricadas que se tornaram o meio mais comum de protestos na capital Caracas e em outras cidades venezuelanas. “Chama que se acende, chama que se apaga”, disse.
O chamado é feito em meio a uma onda de protestos contra seu governo, que já deixou vinte mortos em aproximadamente um mês. Nesta quinta, o Observatório Venezuelano de Conflito Social informou que 2.248 manifestações foram registradas em fevereiro no país, enquanto em janeiro, o número ficou em 445. Segundo a ONG, a modalidade de protesto mais comum foi o bloqueio de ruas, concentrações, marchas e 'panelaços'.
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O observatório reforça ainda as denúncias de opositores e estudantes sobre a ação de milícias armadas, que atuam com o aval do governo na repressão a manifestantes, junto com a Guarda Nacional Bolivariana. “Além da força pública do Estado, os manifestantes foram agredidos porcolectivos, grupos paramilitares de civis armados pró-governo, que atuam com permissão e cumplicidade de funcionários do Estado”, diz o relatório, segundo o jornal El Nacional.
O governador de Miranda, Henrique Capriles Radonski, uma das principais vozes da oposição, considerou “irresponsável” o chamado feito por Maduro. “É um chamado à violência”, disse, acrescentando que se ele também chamasse seus apoiadores a saírem às ruas para responder à ameaça o resultado seria uma guerra. “Isso temos de rejeitar todos nós venezuelanos porque não podemos ter uma guerra nesse país (...) Vamos resolver os problemas econômicos nos enfrentando? Não. Vamos resolver os problemas sociais que estamos vivendo? Não”. (Continue lendo o texto)

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Manifestantes da oposição entraram em confronto com a polícia durante protesto contra o governo do presidente Nicolás Maduro, em Caracas - (05/03/2014) - Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Mortes – Na manhã desta quinta-feira, milícias armadas saíram às ruas no bairro Los Ruices, no leste de Caracas, um dos principais pontos de manifestações contra o governo. Os motorizados tinham a escolta de agentes da Guarda Nacional. Houve confrontos e duas pessoas morreram baleadas: um sargento e um civil. "Um membro da GNB perdeu a vida depois de ser atingido por um tiro no peito e um moto-taxista também morreu", afirmou na televisão a procuradora-geral do Estado, Luisa Ortega Díaz.
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Na quarta-feira, o ex-deputado e dirigente do partido opositor Avanzada Progresista Héctor Alzaul Planchart foi morto na cidade de Barquisimeto, capital do estado de Lara. Ele foi baleado no peito em frente à sede do partido. Os disparos foram feitos por duas pessoas que estavam em uma moto, informou o El País, acrescentando que ainda não está claro se o que ocorreu foi uma morte encomendada ou um latrocínio comum, hipótese plausível em um país que tem um dos mais altos índices de criminalidade no mundo. Planchart presidiu o Conselho Legislativo regional e era um colaborador próximo do governador Henri Falcón, um dissidente do chavismo. 
(Com agência France-Presse)

Venezuela: a herança maldita de Chávez 

Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor, Nicolás Maduro. Confira:

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Criminalidade alta

A criminalidade disparou na Venezuela ao longo dos 14 anos de governo Chávez. Em 1999, quando se elegeu, o país registrava cerca de 6 000 mortes por ano, a uma taxa de 25 por 100 000 habitantes, maior que a do Iraque e semelhante à do Brasil, que já é considerada elevada. Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV), em 2011, foram cometidos 20 000 assassinatos do país, em um índice de 67 homicídios por 100.000 habitantes. Em 2013, foram mortas na Venezuela quase 25 000 pessoas, cinco vezes mais do que em 1998, quando Hugo Chávez foi eleito. 
Apesar de rica em petróleo, a Venezuela é o país com a terceira maior taxa de homicídios do mundo, atrás de Honduras e El Salvador. Entre as razões para tanto está a baixa proporção de criminosos presos. Enquanto no Brasil a média é de 274 presos para cada 100 000 habitantes, na Venezuela o índice está em 161. De acordo com uma ONG que promove os direitos humanos na Venezuela, a Cofavic, em 96% dos casos de homicídio os responsáveis pelos crimes não são condenados. 
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