Venezuela: companhias aereas se retraem
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Venezuela: companhias aereas se retraem



América Latina

Air Canada suspende voos para a Venezuela

Empresa que fazia três voos semanais entre Caracas e Toronto alega falta de segurança no país

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Manifestante queima foto do ex-presidente Hugo Chávez em Caracas - Reuters
A Air Canada suspendeu voos para a Venezuela, citando preocupações com a segurança do país como motivo, relata a BBC nesta terça-feira.  A companhia aérea disse que consideraria retomar as operações assim que a situação na Venezuela se estabilizar. A empresa operava três voos de ida e volta entre Caracas e Toronto por semana. Desde que começou a onda de manifestações contra o governo de Nicolás Maduro,29 pessoas foram mortas e mais de 300 ficaram feridas em seis semanas. Os manifestantes protestam contra a alta da inflação, a criminalidade, a escassez de alimentos básicos e por mais liberdade de expressão.
Em comunicado oficial, a companhia aérea canadense informou que "devido à agitação civil em curso na Venezuela, a Air Canada não pode mais garantir a segurança de sua operação e suspendeu voos para Caracas até novo aviso". O texto também avisa que os passageiros que já tinham passagens serão reembolsados ou remanejados para voos de outras empresas.

A Air Canada não é a primeira a alterar sua operação na Venezuela. Segundo a BBC, nas últimas semanas, outras companhias também reduziram suas operações, mas não as suspenderam por completo. Em janeiro, a companhia aérea equatoriana Tame suspendeu voos para Venezuela. A principal queixa das empresas diz respeito aos controles cambiais fictícios ditados pelo governo.

Galeria de fotos: Os protestos contra Maduro nos muros de Caracas
No câmbio oficial, um dólar valer cerca de 6,30 bolivarianos e no câmbio das ruas, o real, a moeda americana chega a ser comprada na escala de 1 para 70 bolivarianos – valor mais de dez vezes superior. Por terem de seguir regras fiscais e contábeis, as empresas só podem operar com o câmbio oficial do governo e acabam perdendo muito dinheiro com isso. Companhias aéreas internacionais dizem que o governo de Maduro deve a elas mais de 3 bilhões de dólares.
Maduro disse que as companhias aéreas que reduziram suas operações na Venezuela enfrentarão "medidas severas". Ele também afirmou que as “empresas que deixarem o país não irão voltar enquanto nós determos o poder”.
Regras de controles rígidas sobre divisas estrangeiras foram impostas pela primeira vez em 2003, pelo então presidente Hugo Chávez. Com isso, o governo espera conter a fuga de capitais, mas a insistente crise econômica e a falta de segurança institucional têm levado investidores a desistirem da Venezuela. Dois meses atrás, o governo introduziu novos controles cambiais e hoje é impossível comprar dólares no mercado oficial venezuelano, mas apenas vender a um preço muito abaixo do real.

Venezuela: a herança maldita de Chávez 

Hugo Chávez chegou ao poder na Venezuela em fevereiro de 1999 e, ao longo de catorze anos, criou gigantescos desequilíbrios econômicos, acabou com a independência das instituições e deixou um legado problemático para seu sucessor, Nicolás Maduro. Confira:

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Criminalidade alta

A criminalidade disparou na Venezuela ao longo dos 14 anos de governo Chávez. Em 1999, quando se elegeu, o país registrava cerca de 6 000 mortes por ano, a uma taxa de 25 por 100 000 habitantes, maior que a do Iraque e semelhante à do Brasil, que já é considerada elevada. Segundo a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV), em 2011, foram cometidos 20 000 assassinatos do país, em um índice de 67 homicídios por 100.000 habitantes. Em 2013, foram mortas na Venezuela quase 25 000 pessoas, cinco vezes mais do que em 1998, quando Hugo Chávez foi eleito. 

Apesar de rica em petróleo, a Venezuela é o país com a terceira maior taxa de homicídios do mundo, atrás de Honduras e El Salvador. Entre as razões para tanto está a baixa proporção de criminosos presos. Enquanto no Brasil a média é de 274 presos para cada 100 000 habitantes, na Venezuela o índice está em 161. De acordo com uma ONG que promove os direitos humanos na Venezuela, a Cofavic, em 96% dos casos de homicídio os responsáveis pelos crimes não são condenados. 


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