Diplomacia e Relações Internacionais
Trapalhadas diplomaticas dos aprendizes de feiticeiros - Elio Gaspari
Ressalvo desde já um elemento essencial dessa brincadeira de estudantes: o que está em causa não é exatamente a diplomacia brasileira, ou o Itamaraty, e sim os amadores que se metem a "traçar os rumos" da política externa brasileira na região. Eles não fazem diplomacia, nunca souberam fazer, e dificilmente vão aprender; fazem política partidária, e da pior espécie: aquela vinculada aos interesses espúrios dessa patota esclerosada do Foro de S.Paulo, que ainda pretende construir não se sabe qual via alternativa à democracia de mercado, ou à dominação da burguesia e do capitalismo. Esse pessoal é muito primário, e sectário, o que aliás rima, mas não tem graça nenhuma...Paulo Roberto de Almeida
A leviana diplomacia do espetáculo
Elio Gaspari
Folha de S. Paulo e O Globo, 27/06/2012
A patrulha internacional que atacou Paraguai é impertinente e só serve aos interesses da democracia chavista.
Poucas vezes a diplomacia brasileira meteu-se numa estudantada semelhante à truculenta intervenção nos assuntos internos do Paraguai. O presidente Fernando Lugo foi impedido por 39 votos a 4, num ato soberano do Senado.
Nenhum soldado foi à rua, nenhuma linha de noticiário foi censurada, o ex-bispo promíscuo aceitou o resultado, continua vivendo na sua casa de Assunção e foi substituído pelo vice-presidente, seu companheiro de chapa.
Nada a ver com o golpe hondurenho de 2009, durante o qual o presidente Zelaya foi embarcado para o exílio no meio da noite.
Quando começou a crise que levou ao impedimento de Lugo, a diplomacia de eventos da doutora Dilma estava ocupada com a cenografia da Rio+20.
Pode-se supor que a embaixada brasileira em Assunção houvesse alertado Brasília para a gravidade da crise, mas foi a inquietação da presidente argentina Cristina Kirchner que mobilizou o Brasil.
A doutora achou conveniente mobilizar os chanceleres da Unasul, uma entidade ectoplásmica, filha da fantasia do multilateralismo que encanta o chanceler Antonio Patriota.
As relações do Brasil com o Paraguai não podem ser regidas por critérios multilaterais. Foi no mano a mano que o presidente Fernando Henrique Cardoso impediu um golpe contra o presidente Juan Carlos Wasmosy em 1996. Fez isso sem espetacularização da crise. A decisão de excluir o Paraguai da reunião do Mercosul é prepotente e inútil. Quando se vê que o presidente Hugo Chávez, da Venezuela, cortou o fornecimento de petróleo ao Paraguai e que a Argentina foi além nas suas sanções, percebe-se quem está a reboque de quem. Multilateralismo no qual cada um faz o que quer é novidade. Existe uma coisa chamada Mercosul, banem o Paraguai, mas querem incluir nele a Venezuela, que não está na região e muito menos é exemplo de democracia.
Baniu-se o Paraguai porque Lugo foi submetido a um rito sumário. O impedimento seguiu o rito constitucional. Ao novo governo paraguaio não foi dada nem sequer a palavra na reunião que decidiu o banimento.
Lugo aceitou a decisão do Congresso e agora diz que liderará uma oposição baseada na mobilização dos movimentos sociais. Direito dele, mas se o Brasil se associa a esse tipo de política, transforma suas relações diplomáticas numa espécie de Cúpula dos Povos. Vai todo mundo para o aterro do Flamengo, organiza-se um grande evento, não dá em nada, mas reconheça-se que se fez um bonito espetáculo.
O multilateralismo da diplomacia da doutora Dilma é uma perigosa parolagem. Quando ela se aborreceu, com razão, porque um burocrata da Organização dos Estados Americanos condenou as obras da hidrelétrica de Belo Monte, simplesmente retirou do foro o embaixador brasileiro. A OEA é uma irrelevância, mas para quem gosta de multilateralismo, merece respeito.
A diplomacia brasileira teve um ataque de nervos na bacia do Prata. O multilateralismo que instrui a estudantada em defesa de Lugo é típico de uma política externa biruta. O chanceler Antonio Patriota poderia ter se reunido com o então vice-presidente paraguaio Federico Franco 20 vezes, mas se a Argentina queria tomar medidas mais duras, ele não deveria ter ido para uma reunião conjunta, arriscando-se ao papel de adorno.
loading...
-
Diplomacia Companheira - Editorial O Globo
Diplomacia brasileira precisa voltar ao pragmatismo Editorial O Globo, 28.04.2013 Ações motivadas por afinidades ideológicas fazem país patinar, perder oportunidades e espaço no comércio internacional EUA e União Europeia anunciaram negociações...
-
Miriam Leitao: Dois Pesos E Duas Medidas Na Diplomacia Brasileira
Miriam Leitão: 'Diplomacia brasileira tem dois pesos e duas medidas' Bom Dia Brasil, 10/01/2013 A comentarista lembra que, no episódio do impeachment no Paraguai, foi contra a decisão inconstitucional do governo, mas agora apoia o chavismo....
-
Tango Do Mercosul: Querelas Venezuela-paraguai
Venezuela pede a diplomatas paraguaios que deixem país A Venezuela pediu a quatro diplomatas paraguaios que deixem Caracas em um prazo que o Paraguai considerou “exíguo”, em uma nova rusga entre os dois países que mantêm...
-
Mercosul: 3 + 1 = 5 (por Incrivel Que Pareca...)
Pois é, a matemática do Mercosul anda um pouco desarranjada. Aliás, não só a matemática. A Venezuela, por exemplo, começou batendo a porta da Comunidade Andina de Nações e pedindo ingresso no Mercosul; como ela não cumpria (e aparentemente não...
-
Paraguai: Sem Prejuizos Ao Povo... - Declaracao Do Mre
Bem, se o governo brasileiro ressalta que nada sera' feito para prejudicar o povo paraguaio, entao o Paraguai nao pode ser suspenso do Mercosul, nem ser vitima de sancoes. Supoe-se que o mesmo governo vai opor-se 'as medidas de retorsao que pretendem...
Diplomacia e Relações Internacionais