Diplomacia e Relações Internacionais
Republica Bolivariana do Brasil? Assim parece, se depender dos companheiros
Nunca Antes na história da diplomacia do Brasil, os mais comezinhos protocolos e padrões de comportamento na esfera diplomáatica foram tão solenemente ignorados por quem deveria justamente velar pela soberania do país.
Não estou me referindo obviamente ao Itamaraty, que cumpre suas funções em ambiente hostil e nefasto para o exercício da sua diplomacia profissional, inclusive com uma política externa bizarra, digamos assim, mas a outras esferas situada num terreno pantanoso, indefinido, que fica em alguma terra incógnita situada entre o partido e o que passa por governo.
Paulo Roberto de Almeida
Itamaraty convoca encarregado de negócios da Venezuela para explicar acordo com MST
Acordo gerou discussão entre deputados da oposição e da base aliada
por Eliane Oliveira
O Globo, 05/11/2014 16:34
BRASÍLIA - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, convocou nesta quarta-feira o encarregado de negócios da embaixada da Venezuela no Brasil, Reinaldo Segovia, para pedir explicações sobre o convênio firmado pelo governo de seu país com o MST, na semana passada. O acordo foi celebrado pela entidade e o ministro venezuelano Elias Jaua, sem o conhecimento do Itamaraty.
- Convoquei o encarregado de negócios da Venezuela para transmitir estranheza do governo brasileiro com a notícia de que o ministro Jaua veio ao Brasil sem nos avisar e teria cumprido uma agenda política que incluiu a assinatura de acordo com movimentos sociais brasileiros - disse Figueiredo ao GLOBO.
Segundo relato do próprio chanceler, Segovia ouviu de Figueiredo que esse tipo de atitude "não se coaduna com o excelente nível das relações com a Venezuela". O encarregado de negócios foi alertado que o acordo poderia ser interpretado como uma ingerência em assuntos internos.
- Portanto, solicitamos uma explicação do ocorrido - disse ministro.
CONVÊNIO É MOTIVO DE DISCÓRDIA EM SEMINÁRIO
— O clima tenso nas relações entre governo e oposição, acentuado após as eleições com a vitória da presidente Dilma Rousseff, ficou evidente nesta quarta-feira, durante um evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O deputado e ex-presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e o senador eleitoRonaldo Caiado (DEM-GO) bateram boca ao ser mencionado o convênio que foi firmado na semana passada entre autoridades venezuelanas e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST).
Caiado, que questionou o acordo nos debates, levou a melhor. Chinaglia foi vaiado pelos mais de mil empresários presentes no Encontro Nacional da Indústria (Enai). O parlamentar petista deixou claro que o governo brasileiro nada tem a ver com o convênio firmado pela Venezuela e o MST.
— Se a Venezuela financia ou quer convênio com o MST, é um problema da Venezuela e do MST — disse Chinaglia, interrompido com vaias da plateia.
— Se [o convênio] não fere a lei, nós podemos até criticar. Mas não queiram envolver o governo, ou quem quer que seja, naquilo que foi patrocinado e meio a público pelo governo da Venezuela e por uma organização social. Quando o Caiado fala e ideologiza, dizendo que há uma revolução socialista — acrescentou o deputado.
Ele lembrou que, neste ano, Caiado abraçou a causa da cubana Ramona Matos Rodrigues, que veio ao Brasil trabalhar no programa Mais Médicos para fugir da ditadura de seu país. Chinaglia disse que, se fosse presidente da Câmara na época, não permitiria que o parlamentar goiano levasse a médica ao plenário da Casa.
— Ali não é território de lobista. Ou o Parlamento é respeitado nas suas funções ou não existe.
Já Caiado foi aplaudido ao alertar para o risco de "venezuelização" do Brasil. Disse que os partidos deveriam ter mais compromisso e destacou que há uma denúncia grave em que o PT precisa assumir sua responsabilidade. Ele mencionou a possibilidade de o candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), ter vencido a eleição.
— Se o Aécio tivesse sido eleito, vocês veriam esse Brasil totalmente bloqueado pelo MST. Nós não fazemos esse jogo. Não podemos desativar a mobilização da oposição. Temos de nos estruturar todos os dias, para chegarmos em 2018 e ganharmos as eleições no Brasil — afirmou Ronaldo Caiado.
De acordo com uma fonte da área diplomática, o convênio foi firmado sem que o governo brasileiro recebesse qualquer informação. A única notícia que se tinha era que o ministro para Comunas e Movimentos Sociais da Venezuela, Elias Jaua, esteve no Brasil para tratar de assuntos pessoais.
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Comentários de leitores:
BOLIVARIANISMO
Brincando com fogo
Hilária a reação do ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, que viu "estranheza" na presença em nosso país do sr. Elías Jaua, ministro das Comunas e Movimentos Sociais da Venezuela. Ora, um alto funcionário de um governo estrangeiro vem ao Brasil sem avisar, mente sobre os seus objetivos no País e vai se encontrar com o MST para assinar convênio sobre "Treinamento, Organização e Conscientização do Povo para a Revolução" não é caso para "estranheza", mas sim de veementes protestos! Isso nos mostra que os bolivarianos já nos consideram extensão de seus territórios. A propósito, como ficou o caso da babá da filha desse senhor, encontrada com um revólver ao passar pela alfândega brasileira? Estão brincando com fogo!
CESAR ARAUJO
São Paulo
Subordinação
O fato de o ministro das Comunas e Movimentos Sociais da Venezuela ter vindo ao Brasil e se achado no direito de firmar, como o fez, convênio com o MST, sem conhecimento do governo federal, deixa-nos a impressão de que a nossa Presidência já está subordinada ao governo bolivariano de Nicolás Maduro.
FLÁVIO JOSÉ R. DE AGUIAR
Resende (RJ)
Lições venezuelanas
O que será que a Venezuela tem para nos ensinar? Só se for como afundar mais depressa do que já estamos indo sob o governo do PT, nestes últimos anos. Os venezuelanos vão nos ensinar como formar milícias e também como ficar sem papel higiênico, tal como ocorre por lá? Chega aqui um tal Elías Jaua, sem avisar, traz uma babá portando um revólver de calibre 38 e tudo fica bem. Onde estão e o que são o Itamaraty, a Polícia Federal e o próprio governo? E vem a dona Dilma dizer que é preciso "saber perder"... Eu diria que também é preciso saber ganhar, sem que para isso se apele para caminhos tortuosos e mentiras deslavadas.
ALVARO SALVI
Santo André
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