Cobrado pelos parlamentares, em audiência pública, sobre a notícia de que o ex-embaixador na Venezuela voltou para Brasília ameaçado de morte, o chanceler Luiz Alberto Figueiredo desconversou na Comissão de Relações Exteriores da Câmara e blindou o José Marcondes de Carvalho.
A revelação da Coluna mexeu com o Itamaraty, que nega veemente a informação. Mas a Coluna ratifica: Marcondes voltou em Outubro, três anos antes do estipulado, porque sua esposa recebeu ameças de morte. Ela é uma artista plástica peruana crítica do governo Nicolas Maduro.
Para os deputados, o chanceler avisou que é difícil apurar a denúncia sem ter provas contundentes. Obviamente. Marcondes é alinhado ao regime Chavizta, e a esposaagora tem medo de se expor.
Curiosamente, num ato sem precedentes e visto como tentativa de evitar a investigação no Congresso Nacional, o Itamaraty resolveu agraciar com a Medalha Rio Branco o presidente da Comissão na Câmara, deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG). Barbosa foi avisado da honraria no dia em que a coluna revelou o caso – o mesmo dia em que houve a cerimônia no Ministério das Relações Exteriores. Outros agraciados receberam o aviso sobre a comenda com mais de 30 dias de antecedência.
Na quarta-feira que vem, a Comissão de Relações Exteriores da Câmara volta a debater a Venezuela. Vai receber a jornalista Vanessa Silva (Globovisión) e a deputada cassada (na canetada) Maria Corína Machado.
O MEDO DA VOLTA
O Congresso quer dar salvaguarda oficial ao retorno dos três líderes estudantis venezuelanos a Caracas. O senador Álvaro Dias e o deputado Mendonça Filho orientaram os jovens Euzebio Lovera (22), Gabriel Perez (23) e Vicente D’arago (20) a procurarem abrigo na Embaixada em Caracas no sábado, quando retornam ao país. O trio venezuelano passou por Brasília ontem e quarta para denunciar violação dos direitos humanos por parte do governo Nicolas Maduro e da polícia. Foram assassinadas 44 pessoas em protestos pacíficos nos últimos meses. Cinco líderes estudantis viriam a Brasília. Na terça um deles recebeu ameaça de morte e ficou. E outro foi detido pelo serviço de inteligência no Aeroporto de Caracas. O trio que viajou driblou o governo porque embarcou como turista, não como estudante.