Politica economica no Brasil: relaxe e... deixe deteriorar - Celso Ming
Diplomacia e Relações Internacionais

Politica economica no Brasil: relaxe e... deixe deteriorar - Celso Ming


Rédeas frouxas

14 de maio de 2013 | 2h 04
Celso Ming - O Estado de S.Paulo
 
É cada vez mais provável que o governo federal desista de uma vez da austeridade das contas públicas a que se comprometeu.
Até agora, o governo vinha garantindo que observaria o superávit primário (sobra de arrecadação para pagamento da dívida) da ordem de 3,1% do PIB (cerca de R$ 156 bilhões). Mas o secretário do Tesouro, Arno Augustin, já passou o recado de que o governo pretende gastar mais e, nessas condições, desistir, ao menos provisoriamente, desse superávit.
Já no ano passado, os tais 3,1% do PIB passaram por manobras contábeis esquisitas que, na prática, baixaram o superávit para 2,4% do PIB. Preocupado com a paradeira da economia, a decisão de sacrificar a austeridade parece irremediavelmente tomada.
Trata-se de grave erro, por duas razões. Primeira, porque o diagnóstico do governo está equivocado e o problema que procura resolver com mão mais solta deve se agravar. Segunda, porque a deterioração fiscal tira capacidade do governo de fazer políticas. Mas isso precisa de mais explicação.
O diagnóstico da área econômica é de que há falta de demanda por bens e serviços, que deve ser atacada com estímulos ao consumo. Essa percepção está errada, o consumo está forte. As vendas ao varejo avançam à velocidade de 7% ao ano, o mercado de trabalho aquecido assegura reajustes de salário acima de sua produtividade e o crédito cresce a 17% ao ano.
É a oferta que não acompanha a demanda - e não o contrário -, porque o sistema produtivo vai perdendo competitividade. O resultado é o aumento da inflação e das importações. Quer dizer, a elevação das despesas públicas não acaba com a distorção.
Esse ponto de vista equivocado é reforçado por um keynesianismo torto, que busca destravar o sistema produtivo por meio da gastança. Lá no governo, eles preferem chamar de políticas anticíclicas.
Quanto mais frouxas forem as rédeas do governo, menos espaço passa a ter para outras políticas. Não dá para baixar os juros, porque a inflação não deixa. Não dá para desvalorizar a moeda (aumentar as cotações do dólar) para conferir mais competitividade à indústria, também porque a inflação não deixa. E não dá para incrementar os investimentos do setor público porque a expansão das despesas correntes (gastos de custeio) não deixa sobras (poupança).
Em outras palavras, em vez de tirar flexibilidade de ação, a condução equilibrada das contas públicas aumenta a força e a capacidade de realização do governo. Essa não é a única vantagem. Contas públicas equilibradas e baixo nível de endividamento dão previsibilidade à economia e estimulam investimentos privados.
Não é por acaso que, apesar dos reiterados apelos, o governo Dilma não vem sendo capaz de liberar o chamado espírito animal do empresário brasileiro, que o levaria a desengavetar projetos de expansão e de contratação de mão de obra.



loading...

- Total Falta De Confianca Na Politica Economica Esquizofrenica - Celsoming
Confiança abalada Celso MingO Estado de S.Paulo, 31/07/2013 Em dois dias, três índices diferentes, medidos por institutos diferentes, apontaram para uma forte redução da confiança no governo por parte do consumidor, da indústria e do comércio.Há...

- A Percepcao Geral E' A De Que A Política Fiscal Do Governo Dilma E' Uma Bagunca - Celso Ming
Essa é a consequência da ideologia aplicada à política econômica: excesso de "furtadismo" -- o economista que achava que um pouco de inflação não fazia mal, e que era melhor isso do que desemprego -- e de keynesianismo de botequim (por vezes de...

- Inflacao De Incompetencia, Penuria De Bom Senso - Celso Ming (oesp)
O contra-ataque Celso Ming O Estado de S.Paulo, 10/03/2013 A desoneração da cesta básica, anunciada pela presidente Dilma no início da noite de sexta-feira, mostra duas coisas: (1) que o governo vem sendo seguidamente surpreendido pela força da inflação,...

- Brasil: Governo Continua O Desmantelamento Do Equilibrio Fiscal
Um dia, um dia, ainda vamos pagar por toda a irresponsabilidade atual do governo. A presente (mas a futura, também) geração precisa tomar consciência de que o governo está criando uma bomba relógio fiscal, que vai estourar algum dia. Difícil precisar,...

- A Economia De Adoniran Barbosa: O Governo Mora No Bras... - Celso Ming
O governo não deixa de ser engraçado, na sua tentativa de enganar a gente. Ele nos toma por debiloides, quando poderíamos facilmente retornar o cumprimento. Também não deixa de ser engraçada esta crônica de costumes econômicos do jornalista Celso...



Diplomacia e Relações Internacionais








.