Diplomacia e Relações Internacionais
O dever dos intelectuais - Ricardo Allan (CB, 5/01/2012)
O dever dos intelectuais
Ricardo Allan
Correio Braziliense, 05/01/2012
Um oásis no deserto da televisão brasileira, a TV Cultura transmitiu esta semana imperdível entrevista com o escritor israelense Amós Oz no programa Roda Viva. Racional e bem-humorado, Oz deu uma aula sobre como um intelectual deve se comportar. Num dos vários momentos luminosos da conversa, ele contou como costuma ser tratado pelo governo de Israel.
Nas trocas de gabinete, o novo primeiro-ministro sempre o convida para discutir o conflito com os palestinos e outros assuntos políticos. Nessas ocasiões, Oz faz pesadas críticas. Segundo seu relato, o líder iniciante o ouve com atenção, pergunta muito e concorda com quase tudo. Depois, na gestão cotidiana, ignora completamente as recomendações. O caso mostra o claro papel dos intelectuais na vida pública: contestar o poder de forma aberta. No Brasil, onde a tradição é a covardia adesista, o simples acesso aos salões oficiais é suficiente para domesticar eventuais opositores.
Desde 2003, quando o PT chegou ao Palácio do Planalto, poucos intelectuais se levantaram para apontar os erros da administração federal. Cooptada por cargos, subvenções ou meras demonstrações de prestígio, a maioria prefere o silêncio. Em artigos, livros e filmes patrocinados com receita de impostos, a tônica é a bajulação. Cada um fala o que quiser, mas no que contribui um pronunciamento com o único objetivo de enaltecer governantes? No Brasil, eles não precisam de defensores. Sua força já é descomunal — o que falta é oposição.
Também do Oriente Médio vem um modelo acabado da atitude correta de um intelectual. Onde quer que esteja, ele deve cultivar o espírito de um outsider, alheio às pressões e limitações dos governos, da sociedade, da identidade nacional e até da própria língua. Sem medo de represálias, precisa ter a coragem de cutucar as feridas, promovendo a liberdade humana e o conhecimento.
"Penso que um dever especial do intelectual é criticar os poderes constituídos e autorizados da nossa sociedade, que são responsáveis pelos seus cidadãos, particularmente quando esses poderes são exercidos numa guerra manifestamente desproporcional e imoral", afirmou o crítico literário palestino Edward Said (1935-2003), em Representações do intelectual. Aplausos a Oz e a Said.
loading...
-
Confesso, Confesso: Na Minha Vida "privada", Sou Um Assassino; Mas Isso Nao Tem Nada A Ver Com Minha Vida Publica...
A imprensa vai descobrir, mais cedo ou mais tarde. Melhor confessar antes que eu seja pego. Confesso: sou um assassino, cruel e vingativo. Eu mato livros e autores, que eu considero particularmente idiotas, e especialmente nefastos à inteligência nacional....
-
Troca De Prisioneiros Entre Israel E Egito
Israel e Egito trocam prisioneiros sob acordo mediado pelos EUAReportagem de Dan Williams e Ori Lewis, em Jerusalém; e de Shaimaa Fayed e Omar Fahmy, no CairoReuters, 28/10/2011 JERUSALÉM/TABA, Egito - O Egito libertou um americano-israelense...
-
A Frase Permanente (enquanto Durar): Jose Guilherme Merquior
Enviada por um leitor anônimo, a propósito de um post meu anunciando uma exposição em homenagem ao escritor, diplomata, pensador, crítico literário (na ordem que vocês quiserem) José Guilherme Merquior, na Academia Brasileira de Letras: "Pessoalmente,...
-
O Brasil A Caminho Do Populismo (talvez Ja Esteja...)
O artigo abaixo é de um escritor consumado, que também é médico e diplomata, o que demonstra que a carreira continua a atrair as melhores vocacões e formações do Brasil, numa diversidade muito saudável para a instituição. Assim, constituímos...
-
Interrupcao Eleitoral (17): O Manifesto Da Desonestidade Intelectual - Guilherme Fiuza
Eu retiraria o "intelectual": acho que não cabe tal adjetivo para uma assemblagem de militantes de uma causa que tem tudo de política, exclusivamente política, e da mais baixa extração. Intelectual tem a ver com coisas do espírito, com o uso da...
Diplomacia e Relações Internacionais