Diplomacia e Relações Internacionais
Minha campanha contra a idiotice nacional - Limitacao das propriedades rurais
Este blog já foi acusado de várias coisas, sendo que duas delas são:
1) Chamar os outros, de cujas opiniões discordo, de idiotas;
2) De desrespeitar os pontos de vista alheios, dos quais também discordo.Já me redimi pela primeira atitude, pois de fato eu estava errando o alvo: não são as pessoas que são idiotas (embora algumas também possam sê-lo, mas isso eu não posso saber, à distância), mas as ideias que elas defendem é que podem ser idiotas. Desculpo-me pela grosseria e prometo só chamar de idiota aquele que for comprovadamente idiota; os demais são apenas equivocados, embora possam defender ideias idiotas, também, que serão devidamente denunciadas aqui, um blog que se destina precipuamente à discussão de ideias, justamente.
Quanto à segunda atitude, objeto de pelo menos dois comentários, devidamente postados em um dos muitos posts em que discuto ideias idiotas, meu contra-argumento é o seguinte: meu blog, como indicado no "
en-tête", se destina precisamente, e como amplamente esclarecido, a discutir ideias. Tenho, portanto, pleno direito de não respeitar "pontos de vista" que encontro equivocados ou até nefastos, no plano das políticas ou dos comportamentos.
Um outro correspondente já sugeriu o contra-argumento, e eu o retomo de modo bem mais explícito.
Não há porque "respeitar" pontos de vista que são manifestamente nocivos do ponto de vista do bem estar social.
Imaginem se os estadistas dos países aliados, em plena Segunda Guerra Mundial, dissessem ao Fuhrer:
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Herr Hitler, nós não concordamos com a sua política de genocídio contra a população judia, mas respeitamos inteiramente o seu ponto de vista, e portanto vamos nos abster de condenar sua política, ou de denunciá-la como um crime contra a humanidade.
Sei que o meu intelocutor que mencionou essa questão do "respeito pela opinião alheia" não estava pensando nessa situação extrema, mas mesmo nas menos extremas não se pode tolerar ideias simplesmente nefastas.
Todos tem direito a seus pontos de vista, mas se eles os expressam publicamente, é porque assumem responsabilidade pelo que pensam e dizem -- exatamente o que faço aqui -- e portanto devem se submeter à crítica alheia.
Sei perfeitamente que minhas ideias são controversas e muitos devem se sentir chocados, e outros podem até me detestar pessoalmente, provavelmente em função de minhas ideias, justamente. Todos eles são livres de expressar aqui o seu desacordo, e eu vou publicar comentários contrários, desde que dirigidos ao assunto em questão, com contra-argumentos que traduzam ideias, quaisquer que sejam elas (menos aquelas manifestamente racistas ou ofensivas a determinadas crenças).
Pois bem, essa longa introdução para dizer que acabo de receber mais uma dessas propostas que reputo perfeitamente idiotas, mas que recebem ampla aceitação na sociedade. Como também já devo ter dito, não me preocupam as unanimidades: o mesmo Hitler e seu colega Mussolini dispunham de sólidas unanimidades em suas "gestões" e nem por isso podiam deixar de ser considerados o que eram de fato: crápulas criminosos, militaristas degenerados, fascistas doentios.
O que motivou este post sobre a idiotice nacional foi mais um desses plebiscitos que se destinam a impulsionar alguma "causa nacional". Lembro-me de dois precedentes: o plebiscito sobre a dívida externa, em 2001 (que recolheu mais de 97% a favor da suspensão do seu pagamento) e o de 2002 sobre a Alca, que também recolheu "maiorias norte-coreanas" de 99% contra esse projeto americano de zona de livre comércio hemisférico.
Não vou retomar aqui o que já escrevi na época a respeito de cada um deles, apenas mencionar o caráter vicioso das perguntas, induzindo automaticamente ao resultado esperado, numa das mais estupendas demonstrações de má-fé e de desonestidade intelectual de seus promotores.
Os mesmos personagens estão agora atrás deste novo plebiscito, que transcrevo abaixo.
Pelo que verifiquei no site (aqui), ele já recolheu 77% de votos a favor (uau!; estamos longe da unanimidade...), mas promete ser amplamente aceito pela sociedade.
Nem por isso vou deixar de caracterizar a proposta como especialmente idiota, embora cumpro o prometido de não chamar mais ninguém de idiota.
Vou simplesmente transcrever a nova idiotice, sem nenhum comentário, esperando talvez que algum leitor comente o que desejar a respeito.
Se for o caso, voltarei um dia para dizer por que encontro a ideia idiota e como ela pode ser nefasta do ponto de vista das políticas públicas no Brasil.
Não tenho nenhuma dúvida de que essa ideia seria implementada, caso se consiga uma maioria no parlamento a seu favor, o que não acredito que se consiga desde já. Mas do jeito que caminha o Brasil, não se pode excluir nada...
Paulo Roberto de Almeida
Plebiscito pelo limite de terra continua até o próximo dia 1208/09/2010 11:20
Maioria dos estados brasileiros decidiu prorrogar o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra até o próximo final de semana; divulgação do resultado será feita nos dias 18 e 19 de outubro
Diga sim! Coloque limites em quem não tem!
por Assessoria de Comunicação FNRA
A decisão foi tomada devido à grande procura da população para participar do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra, que começou em todo Brasil na última quarta-feira, dia 1º de setembro.
Com o feriado prolongado de 7 de setembro, várias escolas e universidades que estão com comitês formados para a votação vão continuar com o plebiscito popular. Além disso, paróquias também vão realizar grandes manifestações no fim de semana para chamar suas comunidades a aderirem à Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade de Terra.
Os estados confirmados para a prorrogação são: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Mato Grosso, Tocantins, Amazonas, Pará, Bahia, Paraíba, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraná e Rio Grande do Sul. O estado do Rio de Janeiro continua com a votação até a próxima sexta-feira, dia 10.
O abaixo-assinado, que circulou junto com a votação, continua em todo país até o final deste ano. O objetivo desta coleta de assinaturas é entrar com um Projeto de Emenda Constitucional (PEC) no Congresso Nacional para que seja inserido um novo inciso no artigo 186 da Constituição Federal que se refere ao cumprimento da função social da propriedade rural.
Já o plebiscito popular, além de consultar a população sobre a necessidade de se estabelecer um limite máximo à propriedade da terra, tem a tarefa de ser, fundamentalmente, um importante processo pedagógico de formação e conscientização do povo brasileiro sobre a realidade agrária do nosso país e de debater sobre qual projeto defendemos para o povo brasileiro. Além disso, o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade de Terra veio como um instrumento para pautar a sociedade brasileira sobre a importância e a urgência de se realizar uma reforma agrária justa em nosso país.
Além das 54 entidades que compõem o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo, também promovem o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, a Assembléia Popular (AP) e o Grito dos Excluídos. O ato ainda conta com o apoio oficial das Pastorais Sociais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic).
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