Humor marquissista para encerrar noite com alguns sorrisos
Diplomacia e Relações Internacionais

Humor marquissista para encerrar noite com alguns sorrisos


Eu já resenhei um livro desse portento dos fricotes filosóficos da Fefelech: posso garantir a vocês, foi duro terminar.
Agora uma gozação desse jornalista odiado por gregos e goianos do marquissismo tupiniquim.
Paulo Roberto de Almeida 
Já temos o Jean-Paul Sartre da catraca. Ou: Não me peçam para rir de uma farsa que se repete e que já não tinha graça em 1968. Ou: Sem cueca à mostra, Paulo Arantes!
Paulo Arantes é um professor de aposentado de filosofia socialista. O que é isso? Não sei. Como Marilena Chaui, ele se quer marxista mesmo, de verdade, do tipo que acredita no socialismo — mas com liberdade, é evidente, menos, suponho, para recalcitrantes. Por isso, migrou do PT para o PSOL. Marilena continua na nave-mãe.  É este senhor aqui, ó.

Já está com 71 anos. Fez parte da geração uspiana que achou que os petistas iriam fazer a revolução — sem sangue se possível; com ele, se necessário, porque vocês sabem como esses brasucas são teimosos e insistem em não reconhecer o valor daqueles que querem libertá-los. Arantes passou 20 anos na USP pregando a chegada do PT ao poder e, desde 2003, é um crítico do partido porque acha que ele não teve coragem de ir à esquerda o bastante.
A gente pensa num senhor de 71 anos e o imagina se comovendo com o sorriso de uma criança, de um netinho, mesmo sem perder o rigor intelectual. Nada disso! Com Arantes, nem rigor nem sorriso. Ele agora resolveu imitar Jean-Paul Sartre nas jornadas de Maio de 1968, na França, quando havia se convertido a uma seita maoista e distribuía o jornal “La Cause du Peuple” (“A Causa do Povo”). O povo não tinha a menor ideia do que eles falavam. Tanto é assim que, ao fim das jornadas, quem se elege presidente da França, em 1969, é o conservador George Pompidou. Vejam estas imagens. Volto em seguida.

Aos 63 anos, um pouco mais jovem do que Arantes, Sartre se junta aos maoistas e passa a pregar a revolução. De Gaulle, um direitista decente, deu ordens para que não o metessem em cana: “Não se pode prender Voltaire”, exagerou. A direita sempre tão generosa com essa gente… Se pudessem, eles teriam prendido De Gaulle


Duas páginas do jornaleco maoista que faz a exaltação da luta violenta, mais ou menos como temos visto Brasil afora. Acima, lê-se: “Alain Geismar nos mostra o caminho da honra”. O caminho, como se vê, é o confronto. Geismar se tornou depois uma figura influente do Partido Socialista Francês e chegou ao Ministério da Educação
A exemplo do filósofo francês — que, à época, já havia conquistado fama mundial —, Arantes, em busca ao menos da fama municipal ao menos, decidiu, nesta quinta, dar uma aula em praça pública sobre “passe livre”. É constrangedor.
Um grupo de umas 300 pessoas acompanharam a cascata do Sartre caipira, em frente à Prefeitura. Também falou Lúcio Gregori, que foi secretário de Luíza Erundina quando prefeita e defendia a tarifa zero. Ele só não explicou por que ele próprio não a implementou, mas acredita que outros podem fazê-lo. Arantes, que tem uma formação intelectual respeitável, não quer mais saber de filosofia faz tempo. Quer ação. Já há alguns anos, seus textos, pra lá da linha do compreensível — não porque falte inteligência ao leitor, mas porque falta objeto ao autor —, insinuam que a reflexão é só uma modo de procrastinação. Esse portento revolucionário que vocês veem lá no alto quer é luta, ação.
O evento teve o apoio do Passe Livre, que trabalha, não custa lembrar, em parceira com o PSOL e outras legendas de extrema esquerda. Assim como Sartre admirava Daniel Cohen-Bendit (o Ruivo), um dos líderes da revolta estudantil de Maio de 68, Arantes tenta, digamos assim, se alimentar da juventude dos coxinhas radicais do Passe Livre.

Daniel Cohen-Bendit, o ruivo maoista de Jean-Paul Sartre

Matheus Preis, o loirinho passe-livrista de Paulo Arantes
A história, claro, não se repete, mas as comédias costumam ter semelhanças estruturais. Em 1968, Cohen-Bendit — que a imprensa chamava de “Dany, Le Rouge” (“Dani, o Vermelho, porque de extrema esquerda e porque ruivo) — subiu num grande leão de Bronze na praça Denfert-Rochereau (imagem abaixo), para liderar uma grande passeata. E convocou todas as correntes que estavam na rua: trotskistas, maoistas, socialistas moderados… E emendou: “A canalha stalinista vai para o fim do cortejo”, deixando clara a hostilidade à esquerda tradicional. O Partido Comunista da França retirou o apoio aos protestos depois de algum tempo porque eles se voltaram também contra a esquerda tradicional.

Assim, não me peçam para rir de uma comédia a que já assisti. Não me peçam para rir de uma farsa que estruturalmente se repete. O fato de o Passe Livre criticar também os petistas não me comove — porque se trata de uma crítica feita pela esquerda. Hoje, usam a catraca como símbolo porque isso é parte de uma estratégia de luta. Eles mesmos confessam que o transporte é apenas o instrumento de “superação do capitalismo”.
Eu não acho que o capitalismo corra risco por causa desses bananas. Mas acho um absurdo que se sintam no direito de infernizar a vida de milhões de pessoas com sua “utopia” aloprada, que, de resto, vai acabar punindo os mais pobres.
Paulo Arantes e outros babões de sua estirpe fracassaram no exercício do ódio como instrumento de pensamento. E agora tentam reunir o que lhes resta de seiva supostamente revolucionária para fazer da catraca um instrumento de mudança do mundo. Espero que não comece a aparecer em público com o elástico da cueca à mostra. Nunca sei qual é o limite dessa gente.
É patético! Chegou ao Brasil, reitero, o pensamento de alguns neomarxistas que asseguram que o grande inimigo da “liberdade” não é o mais o capitalismo, mas a democracia representativa. E parte da imprensa, pondo uma corda no próprio pescoço, comprou essa causa!



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