Ciências Sociais lidera preferência no ensino superior
Educação aumenta participação entre os cursos universitáriosUma pesquisa do Censo 2010 sobre a distribuição das pessoas com pelo menos nível superior, por áreas gerais de formação, mostra que, seguindo a tendência do levantamento de 2000, a maioria (37,8%) se formou na área geral de Ciências Sociais, Negócios e Direito. Os dados revelam ainda um aumento de 74,1% na participação na área de Educação e uma queda de 20% em Engenharia, produção e construção em relação ao último recenseamento.
Segundo os novos números do IBGE, a formação em Engenharia abrange 7,6% das pessoas com nível superior concluído, na frente apenas dos ramos de Serviços (2%) e Agricultura e Veterinária (1,9%). No Censo de 2000, a participação na área era de 9,6%.
Dados de outra pesquisa, o Censo da Educação Superior do MEC, mostram quadro diferente. Pelos dados do MEC, houve aumento de 161% no número de concluintes em cursos de Engenharia no Brasil de 2001 a 2011. No entanto, como todo o ensino superior cresceu no país, os formados em cursos de Engenharia continuam representando, tanto em 2001 quanto em 2011, apenas 7% do total dos que concluem o ensino superior no Brasil.
falta de planejamento
Para Luís Testa, diretor de Marketing da Catho - empresa de vagas online -, o resultado reflete, sobretudo, a falta de incentivo do governo na criação de mão de obra nacional qualificada na área. Segundo ele, muitas vezes as vagas acabam preenchidas por trabalhadores de outros países.
- O que aconteceu foi que a demanda desses profissionais cresceu muito, mas a formação na área não acompanhou. A Engenharia é um campo em que é preciso antever a necessidade de pessoal, porque o ciclo de desenvolvimento e capacitação é longo, de no mínimo cinco anos. Não adianta chegar de uma hora para outra e dizer que está precisando de engenheiro para ontem. Se hoje existem muitos investimentos na área, já houve o tempo em que esse era um mercado limitado. Era preciso ter pensado um plano de estímulo antes - afirma.
A vice-diretora da Faculdade de Educação da Uerj, Rosana de Oliveira, acredita que o déficit de engenheiros é formado ainda na educação básica.
- A Matemática ainda é temida pela maioria dos nossos estudantes, e a impressão que se passa é que os cursos da área de Engenharia são muito difíceis. Consequentemente, menos pessoas acabam buscando essa formação no nível superior. É uma coisa também de tradição - diz Rosana.