Diplomacia e Relações Internacionais
Cada pais tem os bilionarios que merece...
Todo mundo deve ter lido a matéria de poucos dias atrás sobre a mobilização de bilionários americanos para que doem pelo menos a metade de suas fortunas a causas humanitárias.
O artigo abaixo de um professor de Filosofia do RJ resume bem o que poderia ser dito, em comparação, dos nossos miseráveis bilionários, miseráveis não por serem relativamente mais pobres, mas por serem miseráveis, mesmo, promíscuos, amantes dos monopólios e favores concedidos pelo Estado.
Mas eu me permito acrescentar algo.
A despeito do fato de que todo o dinheiro dos bilionários americanos possa servir, teoricamente, para erradicar, digamos, diversas enfermidades na África, dependendo de como ele será usado e canalizado para os fins pretendidos, pode não servir muito para mudar a face dos lugares mais miseráveis do mundo.
Afinal de contas, são mais de cinco ou seis décadas de contínua ajuda humanitária (ocidental, of course) a esses países, sem que eles tenham superado uma miséria ancestral, trágica para muitos desses povos.
O dinheiro deveria servir simplesmente para educar as pessoas, o que não é simples...
Mas é a única coisa a ser feita.
Paulo Roberto de Almeida
Lá e cáMario Guerreiro (5.08.2010)
Nos Estados Unidos, tão odiado por Chávez e pelos antiamericanistas brasileiros - os 70% que acham o governo do PT bom ou ótimo – 40 bilionários vão doar metade de suas fortunas para fins filantrópicos. Entre eles, estão Bill Gates, talvez o homem mais rico do mundo e Warren Buffet, o megainvestidor de Wall Street.
No Brasil, o maior bilionário brasileiro e um dos maiores, a saber: respectivamente Eike Batista e Abílio Diniz – est’último padecendo até hoje da síndrome de Estocolmo - não vão doar nem a décima parte de suas fortunas - talvez 0,1 das mesmas – mas não para fins filantrópicos e sim para a campanha de Lula e sua boneca de ventríloquo no colo: Dilma. Trata-se de uma gratificação por serviços prestados na esperança de bons serviços futuros...
Bilionário americano é um capitalista inteligente e generoso; bilionário brasileiro é mesquinho e puramente interesseiro, um fervoroso adepto do capitalismo de Estado ou socialismo de compadres.
Como entender essa diferença? Nos Estados Unidos em que ainda há o espírito de entrepreneurship (empreendedorismo) indivíduos podem ganhar muito dinheiro graças aos seus talentos e esforços, sem contar com benesses do Estado. Quando, finalmente, amealham uma grande fortuna abrem mão de boa parte da mesma para fazer doações a hospitais, museus, universidades e fundações de caráter humanitário.
No Brasil - que ainda não saiu do mercantilismo de Colbert do século XVIII - é muito difícil um indivíduo amealhar uma grande fortuna sem a proteção e o favorecimento do Estado. O patrimonialismo entranhado na formação política brasileira torna extremamente difícil alguém se tornar bilionário sem favorecimentos do Príncipe e seu estamento.
Por isto mesmo, são raros os verdadeiros self-made men; o que mais temos são os state-made men. Daí que aquelas figuras de indivíduos que só pensam em dinheiro e poder, que supostamente caracteriza os “vis capitalistas”, é bem aplicada aos bilionários brasileiros. Na realidade, são vis mercantilistas.
Tinha razão Oliveira Viana quando afirmou que o capitalismo, entendido como um regime econômico baseado no mercado aberto e na livre iniciativa - sem a presença do Estado como agente econômico - este capitalismo nunca chegou às belas praias da Bruzundanga de Lima Barreto.
Somos um povo de analfabetos: os propriamente ditos e os anlfabetos funcionais diplomados. Somos um povo endogenamente corrupto. Somo um povo incapaz de se enxergar e que, por isto mesmo, construiu uma falsa imagem de si mesmo cultuada em falsos rituais.
Aliás, várias pesquisas já mostraram que o baixo nível de educação formal (isto é: aquela que se recebe da escola à universidade) e informal (isto é: aquela que se recebe em casa e que se absorve com a interação social) e a formação moral dos indivíduos andam geralmente de braços dados.
Os países em que o grau de corrupção é muito baixo e está nos limites do tolerável – por exemplo: a Finlândia e a Coréia do Sul – são os países de mais alto nível educacional, tanto no formal como no informal. E os países em que há alto nível de corrupção – como o Brasil, a Bolívia e a Nigéria – há também baixo nível educacional.
A razão de ser dessa correlação envolvendo a ética e o conhecimento está longe de ser mera coincidência estatística. Pode não ser imediatamente apreendida, mas não é de nenhum modo enganosa.
Afinal de contas, a educação começa em casa e pressupõe uma família bem estruturada. A escola e a universidade se limitam a acrescentar conhecimento aos discentes e pouco ou nada podem fazer para a formação moral deles quando provenientes de famílias iguais àquelas que aparecem nos fabulosos romances e peças de Nelson Rodrigues.
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