Desigualdade
Fortuna dos 85 mais ricos é igual à soma da riqueza de metade da população mundial
Segundo estudo divulgado pela ONG Oxfam nesta segunda-feira, patrimônio dos mais ricos é de 1,7 trilhão de dólares, o equivalente ao dinheiro dos 3,5 bilhões mais pobres
Cerca de metade da riqueza mundial é detida por 1% da população (cerca de 70 milhões de pessoas) afirmou nesta segunda-feira a ONG Oxfam, em estudo elaborado especialmente para o Fórum Econômico Mundial de Davos. Segundo a Oxfam, as desigualdades econômicas se intensificaram após a crise financeira, sobretudo nos países desenvolvidos. A ONG ainda aponta que o valor da riqueza das 85 pessoas mais ricas do mundo (1,7 trilhão de dólares) é o mesmo que a soma do patrimônio das 3,5 bilhões mais pobres.
De acordo com o estudo, a fortuna dos 1% mais ricos é de 110 trilhões de dólares, ou 65 vezes o valor da soma do patrimônio da metade mais pobre da população mundial. A Oxfam alerta que o valor pode ser ainda maior devido ao fato de que a maior parte da população rica mantém contas escondidas no valor de 18,5 trilhões de dólares em offshores em paraísos fiscais.
No relatório intitulado "Governar para as Elites: Sequestro Democrático e Desigualdade Econômica", a Oxfam conclui que a concentração de 46% da riqueza em mãos de uma minoria supõe um nível de desigualdade "sem precedentes" que ameaça "perpetuar as diferenças entre ricos e pobres até as tornar irreversíveis".
Segundo a Oxfam, o nível de avanço da fortuna dos mais ricos é o termômetro da desigualdade. Os cerca de 1% mais ricos de países como a China e os Estados Unidos mais do que duplicaram os rendimentos nacionais desde 1980. E, mesmo nas nações mais igualitárias, como Suécia e Noruega, a variação da riqueza da população mais abastada foi de 50%.
Segundo os dados da Oxfam, 210 pessoas entraram em 2013 no clube dos bilionários, formado por 1.426 pessoas.
O relatório ainda aponta que as desigualdades são intensificadas pelo poder político, que age de acordo com interesses próprios e perpetua privilégios que são transferidos entre gerações. Aos participantes de Davos, a organização apela para um seja acordado um “compromisso” para não se utilizarem paraísos fiscais, não trocar dinheiro por favores políticos e exigir aos governos para que garantam a saúde básica, a educação e a proteção social dos cidadãos com a arrecadação de receitas fiscais.
O Fórum Econômico Mundial, que se reúne a partir de quarta-feira em Davos, na Suíça, com a presença de mais de 2.500 empresários, políticos e líderes de todas as áreas identificou as desigualdades econômicas como um importante risco para o progresso. Um dos principais pontos da agenda do Fórum é o avanço do capitalismo com menos desigualdade.