Diplomacia e Relações Internacionais
Across the whale in a month (8): Sonoma, Sausalito, San Francisco
Segunda-feira, dia em que 99,99% dos museus americanos estão fechados, tivemos mais um dia de sorte.
Tendo pernoitado em Sonoma, como relatei no número 7 desta série, saímos pela manhã para percorrer novamente a cidade e os vinhedos da região. Na verdade, já tínhamos visto bastante vinhedos no trajeto do Napa Valley, assim que a região de Sonoma seria mais ou menos uma repetição do que tínhamos feito no dia anterior.
Escolhemos, Carmen Lícia e eu, arriscarmos a sorte na antiga casa e rancho, em que viveu e morreu Jack London, que virou reserva natural e museu, bem depois da morte do escritor. (Quem desejar saber mais sobre ele, consulte este verbete da Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_London)
Rodamos algumas milhas em direção ao norte, por uma estrada paralela à 12, que leva a Santa Rosa. No meio do caminho, se toma a via exclusiva que leva ao Jack London State Historic Park, local do antigo sítio onde o famoso escritor progressista do início do século 20 passou os últimos anos de sua vida relativamente breve (1876-1916).
O que eu esperava lá encontrar? Basicamente reminiscências de um autor que frequentou minha juventude -- várias de suas obras foram traduzidas para o Português, entre elas
Tacão de Ferro, O Lobo do Mar, Caninos Brancos -- e talvez comprar alguns dos seus livros, já que não tenho mais nenhum. Seus livros podem ser conferidos nestes dois sites dedicados a sua vida e obra, tanto na parte geral: http://www.jacklondon.com/ como para a online collection: http://london.sonoma.edu/.
Aí estou eu, numa foto feita por Carmen Lícia, em frente da placa que leva à sua residência, na verdade a segunda, já que a primeira, The Wolf House, desapareceu num incêndio quando estava quase pronta. A segunda, chamada de Happy Walls, foi construída em pedras grossas, e madeira resistente ao fogo (de uma espécie que existe na Califórnia).
Fiz, com meu pequeno iPhone, uma foto da placa da casa, que se encontra muito bem conservada, já que virou próprio público, fazendo parte do patrimônio do estado da Califórnia.
Carmen Lícia tirou muitas fotos dos objetos constantes do museu.
Quanto aos livros, muitos deles, dezenas: Jack London era um escritor voraz, e sua biblioteca provavelmente enchia mais da metade da casa. Foram conservados várias centenas, mas provavelmente apenas uma pequena parte da coleção original.
Dos livros que ele escreveu, havia várias edições originais, bem como uma estante inteira com suas edições estrangeiras, dezenas de traduções de suas obras mais famosas, além de uma coleção soviética oferecida pelo cônsul da URSS em San Francisco, no início dos anos 1960.
Jack London, que nasceu muito pobre e tenho uma infância de juventude de trabalho duro, se acreditava socialista, mas à maneira americana: era contra o capital, e pelos trabalhadores, mas também cultivava um intenso individualismo, e fazia tudo por sua própria conta, sem esperar nada do Estado. Pertenceu à fase romântica do socialismo, pré-bolchevique, e provavelmente jamais teria endossado os crimes contra os direitos humanos e os próprios direitos dos trabalhadores cometidos na União Soviética (que só veio a existir cinco anos depois de sua morte, ocorrida um ano antes da revolução bolchevista).
Além de um escritor prolífico de novelas e contos, Jack London também foi um grande reporter, tendo testemunhado como correspondente a guerra russo-japonesa de 1904-05, seguida da invasão japonesa da Coreia, que terminou com a independência do antigo reino, bem como a expedição americana em Vera Cruz, em 1914, no quadro da revolução mexicana. A foto ao lado, tirada por Carmen Lícia, mostra seus equipamentos de repórter de guerra.
Seus principais livros (não todos) estão listados nesta seção do site que lhe é dedicado: http://www.jacklondon.com/literature.htm
De minha parte, como não me dispus a pagar os preços salgados da loja do museu, pretendo comprar várias de suas obras no meu tradicional fornecedor de livros a 1 (UM) dólar, a Abebooks.com, agora complementada pela Thriftybooks.
Mas, acabei comprando uma história que não conhecia, e que me pareceu interessante:
The Assassination Bureau, uma trama policial, cujo enredo já conheço, mas que não pretendo contar por enquanto, já que ainda não li, apenas folheei.
Depois, novamente estrada, em direção a San Francisco, mas não pelo interior, via Oakland e Berkeley, e sim mais próximo da costa, via Sausalito, uma simpática cidade à beira da Baía norte, antes de atravessar a Golden Gate (que na verdade está mais vermelha do que camarão), na qual paramos para almoçar já as 2hs da tarde, num restaurante à beira da marina.
O garçom nos fez uma simpática foto, em face de camarões grelhados e uma combinação de peixes e mariscos, além de caranguejo, tudo regado a Chardonnay e Pinot Grígio.
Finalmente, a travessia da ponte Golden Gate, e novo passeio turístico pela cidade, na verdade pela costa do Pacífico, Golden Gate Park e partes da cidade, até chegar no hotel. Não conseguimos o que pretendíamos, uma acomodação no Fisher's Wharf, pos os hoteis estavam completamente lotados em função de uma convenção internacional da Oracle -- mais de 50 mil visitantes, segundo a "estalajadeira" de um hotel mais para o centro -- o que de toda forma foi bom, pois os preços estavam provavelmente mais caros do que em New York.
Descansamos, e saímos novamente pela noite adentro, percorrendo a cidade: bairro chinês, bairro italiano, torre iluminada, porto e marina, terminando por algumas compras num supermercado.
O dia foi extremamente proveitoso, com menos quilometragem do que das vezes anteriores, e por isso mesmo, com muito mais coisas para visitar, ver, comprar, saborear.
Amanhã, ou melhor, hoje, terça-feira, 24, retomamos o circuito dos museus e continuaremos os passeios por esta linda região.
Parece muito bom morar na Califórnia, mas provavelmente vai custar caro morar bem, e comer bem...
Paulo Roberto de Almeida
San Francisco, 23-24/09/2103
PS: Aos interessados em conhecer a obra de Jack London, recomendo a consulta à lista de seus escritos, tal como constante do seu verbete na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Jack_London
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