Brasília – “Dirceu exerceu papel fundamental, sem risco de cometer injustiça, foi a principal figura, mentor e grande protagonista. Foi ele quem idealizou o sistema ilícito de mobilização da base e comandou os demais acusados para os demais objetivos”.
Foi assim que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, classificou a participação do ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu no mensalão. No segundo dia de julgamento do caso, foi a vez de Gurgel ler a acusação contra os mensaleiros.
Segundo ele, o núcleo político do esquema – formado por José Dirceu e José Genoíno, ex-presidente do PT, começou a ter dificuldade para “administrar a bolada”. O valor total, segundo Gurgel, apenas só uns poucos conheciam. Para Roberto Gurgel, o “conjunto probatório não deixa dúvidas” sobre a certeza dos crimes os quais os réus são acusados.
Ao analisar os constantes encontros entre o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério em vários locais diferentes, como hotéis e shoppings em Brasília, no auge das atividades criminosas do mensalão, o procurador-geral Roberto Gurgel descartou a possibilidade do estreito relacionamento como razão para debater a conjuntura política do país ou como relação entre amigos.
Para Gurgel, a união, assim como os constantes contatos com José Dirceu, “tinha como único objetivo o de viabilizar um profissional esquema para a associação criminosa”. Segundo consta no relatório do procurador, “Delúbio era o elo do núcleo político e núcleos operacional e financeiro”.
O esquema petista, ainda de acordo com o procurador, desviou R$ 73 milhões do Banco do Brasil e o núcleo financeiro da organização criminosa incluía dirigentes do Banco Rural.
“Os empréstimos do Banco Rural não tinham garantia. Foram doação. O banco não esperava receber, nem os tomadores pagar.” Segundo o procurador, somente após o estouro do escândalo os representantes do banco simularam iniciativas para cobrar os empréstimos.
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