Balanço de um ano produtivo: viagens, leituras, escritos, novos projetos - Paulo Roberto de Almeida
Diplomacia e Relações Internacionais

Balanço de um ano produtivo: viagens, leituras, escritos, novos projetos - Paulo Roberto de Almeida


Balanço de um ano produtivo:
viagens, leituras, escritos, novos projetos

Paulo Roberto de Almeida
Último trabalho de 2013

Este é meu último texto de 2013, escrito no dia 24, quando o ano ainda não terminou e eu continuo a escrever, a ler, a produzir novos textos, ensaios curtos, escritos de puro divertimento, e prosseguindo na preparação de materiais mais alentados. Como ocorreu com o último texto de 2012, escrito em Brasília, no último dia do ano, pretendo efetuar aqui considerações sobre o que fiz durante o ano de 2013, uma espécie de balanço e avaliação do que foi possível cumprir, e traçar um roteiro do que, idealmente, penso realizar em 2014. Foram muitas coisas, sim, como posso relatar, mas ainda faltam muitas outras, como posso alinhar numa lista de trabalhos no pipeline. De toda forma, eu não teria feito tanto, nem viajado tanto, se não fosse pela companhia, apoio e o amor de Carmen Lícia, que é o meu anjo da guarda em tudo isso.
Deixei de fazer muitas outras coisas, como vou em seguida constatar pelos meus projetos do final de 2012, mas o que foi feito também não foi pouco, como uma recapitulação simplesmente quantitativa pode confirmar. Comecei o ano pelo trabalho de número 2458, e estou terminando por este, de número 2548, uma feliz inversão de algarismos, mas cuja subtração perfaz exatamente 90 trabalhos, em ligeira diminuição ao que tinha ocorrido em 2012, quando foram 108 trabalhos terminados. Cabe considerar, no entanto, o total de páginas escritas, uma operação nem sempre muito “científica”, pois por vezes existem algumas repetições e acréscimos indevidos (como no caso de prefácios, ou introduções, depois incorporados a um livro, por exemplo). No meu caso, efetuei uma compilação de todas as minhas resenhas elaboradas ao longo de muitos anos, mais de duas décadas, para um novo livro de resenhas, Prata da Casa, o que compreende, portanto, algumas resenhas já contadas nas estatísticas de 2013. Da mesma forma, prefácio e introdução são os mesmos. Mas, descontando um pouco pela repetição, vejamos o volume produzido em 2013, comparativamente a 2012.
Em 2012 eu tinha escrito 108 trabalhos completos, ou 9 trabalhos por mês, ou seja, um trabalho completo a cada três dias; foram 1.397 páginas no total (incluindo alguma repetição, pois houve um livro sobre Integração Regional, publicado em 2013, que incorporou alguns capítulos que já tinham sido contabilizados individualmente), ou seja, cerca de 83 páginas por mês, ou três páginas por dia. Em 2013, em contrapartida, foram 90 trabalhos, ou 7,5 trabalhos por mês, ou seja, aproximadamente um trabalho a cada 4 dias (não contabilizadas aqui vários outros trabalhos incompletos, ou em curso de redação, e notas para futuros trabalhos). Em número de páginas, foram, no total, 825 páginas, o que faz 69 páginas por mês ou 2,3 páginas por dia, o que aparentemente não está de todo mal. Nos dois anos, os trabalhos tiveram uma média de 9 páginas cada.
A média – alguns diriam a produtividade – diminuiu um pouco, provavelmente por causa da mudança para os Estados Unidos, a instalação, e as muitas viagens empreendidas durante o ano: duas vezes a Washington, uma vez a Baltimore e a Chicago e Urbana-Champaign, umas sete ou oito a New York, três, pelo menos, a Boston, e inúmeras outras pela região, na New England e na região de New York, New Jersey e Pensilvânia, sem mencionar duas viagens ao Brasil. Outro fator a influenciar no menor número relativo de trabalhos e no volume total de páginas também foi o projeto Pensamento Diplomático Brasileiro, com a revisão de dezenas de páginas de trabalhos de outros autores; aqui também entram os muitos pareceres feitos para revistas das quais sou membro do corpo editorial, ou para os quais fui solicitado de forma ad hoc, mas que não contam como produção própria, o que é natural.
Talvez o fator mais importante de falta de concentração e de dispersão nos trabalhos é a atenção dada ao blog Diplomatizzando, que parece ter deixado de ser um mero divertissement para se converter em obrigação (por vezes, obsessão, com os muitos posts feitos diretamente a partir do iPhone ou do iPad, em plena madrugada, quando ainda estou lendo notícias atrasadas e as que ainda vão ser publicadas no jornal do dia). Se verifico agora as estatísticas do blog (e estou deixando de lado todos os demais blogs que existiram antes deste), registro estes números de postagens ao longo dos anos, desde sua “inauguração”: em 2006 foram apenas 193 postagens, número que ainda diminuiu bastante nos dois anos seguintes, para 146 e 162, em 2007 e em 2008, respectivamente. A partir de 2009, o volume anual começa seu ciclo ascensional, com 648 em 2009, 2.336 em 2010 (quando eu estava na China, mais precisamente em Shanghai, mas viajando intensamente por todo o país), 2.417 postagens em 2011 (todo ele em Brasília), 2.220 em 2012 (estive metade do ano fora do Brasil, mais exatamente em Paris), e, finalmente mais de 3220 em 2013 (quando me mudei para Hartford, CT), mas ainda não terminei de postar neste ano. A maior parte das postagens é feita de matérias de terceiros, obviamente, mas alguns textos são meus, assim como os muitos comentários iniciais à maior parte das postagens, que não entram na contagem da produção própria nem em qualquer outra estatística. A propósito: muitos dos meus textos são divulgados unicamente no blog e não entram, obviamente, na lista de trabalhos publicados, que são apenas aqueles que possuem ISBN ou ISSN.

Numa apreciação qualitativa, o indicador mais seguro é o da lista de trabalhos publicados, que acusa um volume de 31 publicados (nem todos escritos em 2013, vários antes), ou seja, uma média de 2,5 trabalhos por mês. Entre os mais representativos, eu colocaria o livro sobre Integração Regional (escrito substancialmente em 2011 e revisto em 2012, publicado pela Saraiva no início de 2013), o livro sobre o Direito do Mercosul, do qual fui um dos organizadores (não registrado como tal) e para o qual contribui com quatro capítulos (além de introdução e outros textos de expediente), e também o livro sobre o Pensamento Diplomático Brasileiro, cujo projeto eu elaborei e do qual participei substantivamente em várias etapas, mesmo estando fora do Brasil. Também introduzi o livro de História Diplomáticade Renato Mendonça, assim como tive diversos artigos substantivos e inúmeras mini-resenhas publicadas no Boletim da ADB (depois recolhidas num livro de resenhas Prata da Casa, em publicação). Ainda estou aguardando a publicação de um prefácio, de um capítulo em livro coletivo e de pelo menos um artigo em revista especializada.
O que eu deixei de fazer, e que fazia parte de meu planejamento do final de 2012? Muita coisa, a começar pelo segundo volume de minha história da diplomacia econômica do Brasil, cobrindo período da República Velha e a era Vargas, até 1944. Essa é uma grande lacuna na minha produção, embora eu continue lendo, pesquisando e tomando notas para cumprir esse objetivo. O fato é que ele exige certa concentração de esforços, sobretudo continuidade na reflexão e quietude absoluta para a redação; outro elemento impeditivo é o caos relativo no material já recolhido, que se encontra disperso em várias pastas no computador, em muitos livros nas estantes e vários outros papéis dispersos nas gavetas. As fotos de documentos de arquivo necessitariam revisão cuidadosa para seleção de trechos anotados com remissão às fontes para inserção nos diversos capítulos. Tenho de me concentrar nisso, mas cada vez que penso surge um convite, um compromisso, uma demanda externa para colaborar nisso ou naquilo, além dos inúmeros pareceres que sou solicitado fazer (e algumas bancas acadêmicas por Skype também).
Também deixei de montar dois ou três livros com base em materiais preparados anteriormente, entre eles um sobre as falácias acadêmicas e um outro consistindo em 25 ensaios ao redor do mundo. Diversos outros trabalhos efetivamente terminados, mas divulgados unicamente através do blog pessoal (em virtude de seu caráter bem mais impressionista do que objetivo), poderão integrar algum livro futuro, inclusive um que projetei sobre o “grande retrocesso”, ou seja os anos de governos companheiros, que estão fazendo o Brasil recuar em vários planos, sobretudo no da ética na política, no da governança, no da qualidade das políticas econômicas e, de maneira mais afirmada, na educação, que recua a olhos vistos. Se eu tiver tempo e disposição, pretendo montar esses dois ou três livros, apenas não sabendo ainda se vou tentar publicar por alguma editora comercial (se conseguir), ou seja, impresso, ou se vou fazer eu mesmo em formato digital (que pode ser Kindle, ou edição própria).
Creio já ter elaborado a respeito dos trabalhos que pretendo fazer nos próximos meses ou no ano que começa em poucos dias. Vou tentar sistematizar uma lista agora e colocar em ordem os textos prioritários, segundo a ordem de “delivery”, para mim mesmo ou segundo promessas que fiz para terceiros, colegas que me convidaram a participar de certos projetos, assim como outros que assumi voluntariamente. Também haverá demandas intempestivas, pedidos de pareceres, convites para participar de bancas, ou para examinar trabalhos de minha faculdade, ademais de todas as “atrações” universitárias e de think tanks aqui mesmo nos Estados Unidos (que não deixarão de me seduzir num momento ou outro, como aliás já o fazem). Provavelmente surgirão novos convites para falar em determinados cursos ou programas, como aliás já surgiram neste ano de 2013, entre eles o Brazil Institute da Universidade do Illinois em Urbana-Champaign, a Law School da Universidade de Yale, o MBA da Connecticut Business School e também a Faculdade de Economia da Universidade do Connecticut, convite que só poderei atender em fevereiro próximo.
Vejamos, portanto, os trabalhos já inscritos no pipeline, que tenho de terminar ou apresentar em curto, em médio e em prazo a ser determinado.
Em caráter imediato (para janeiro de 2014):
1) Introdução ao livro de Stanley Hilton: apresentação geral e contextualização.
2) Economic regime change and political transitions in contemporary Brazil; chapter for a book; paper for the LASA conference in Chicago (21-24 May 2014): March;
3) Revisar: Padrões e tendências das relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica: uma síntese tentativa (2522);
4) Preparar PowerPoint sobre Brazil in the world economy, and issues of current economic policy; Department of Economics da University of Connecticut;
5)Brazil’s Economic Dependency and the Transition of Empires: From British Preeminence to American Hegemony, 1890-1944”, paper to be prepared for the international conference on American (Inter)Dependencies: New Perspectives on Capitalism and Empire, 1898-1959; April 3-5, 2014 at New York University (2521);
6) O Governo Goulart e o Golpe Militar de 1964: o mito das reformas de base e o contexto econômico nos anos antecedentes; Contribuição para a revista Estudos em Jornalismo e Mídia (http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo), vol. 11 n. 1 - janeiro a junho de 2014; Eixo Temático: 50 anos do Golpe Militar de 64;

Trabalhos de médio prazo:
1) Volta ao Mundo em 25 ensaios; revisar, publicar;
2) Falácias acadêmicas, verificar textos contra corrente (2010); cooperação sul-sul;
3) Memórias de Rio Branco: avançar; terminar;
4) Festschrift Ricupero: cobrar trabalhos, escrever introdução;
5) Sun Tzu para Diplomatas: clássicos revisitados;
6) Rato de biblioteca: memórias de um roedor de livros;
7) Cartas a um jovem diplomata: projeto;

Trabalhos de mais longa elaboração:
1) A Ordem Internacional e o Progresso da Nação, 1889-1944; segundo volume da série Diplomacia Econômica;
2) Autobiografia do Estado: a história de um fora-da-lei;
3) Diplomacia econômica contemporânea: o Brasil nas relações internacionais, 1945-2010; terceiro volume da série Diplomacia Econômica;
4) Cartas Persas: clássicos revisitados;
5) Atlas das relações internacionais do Brasil (com Hervé Théry);
6) Da Democracia no Brasil: Tocqueville em missão de prospecção;
7) Percival Farquhar: um investidor nos trópicos (Yale Research);
8) A Agenda Econômica Internacional do Brasil: desafios para os próximos anos; (2271); reformulação dos trabalhos 2449 e 2011.

Provavelmente não vou conseguir fazer nem a metade disso, em parte pela preguiça antinatural que atinge todo ser humano normalmente constituído, por outro lado em função de novos convites, novas oportunidades e demandas que surgirão, involuntariamente ou deliberadamente assumidas. Mas vou pelo menos tentar cumprir, e terminar, os compromissos já assumidos, comigo mesmo e com terceiros, alguns até surgindo inopinadamente e praticamente irrecusáveis, com base no mérito e na sua relevância própria.
Até por hábito, mas sobretudo por interesse próprio, manterei um próximo monitoramento da evolução do meu pipeline, informando devidamente meus 15 leitores do estado de avanço (ou falta de) dos trabalhos inscritos na lista (e outros que sem dúvida surgirão no meio do caminho). Sem mais delongas, volto ao trabalho, pois tenho uma longa lista de tarefas a cumprir.
Boa noite a todos e bom Natal!

Hartford, 25 de Dezembro de 2013.





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