Diplomacia e Relações Internacionais
Wikileaks-Brasil: muitos sorrisos amarelos no proximo encontro
Deve ter muita gente curiosa para saber, quem sabe até assistir, a cara dos citados, falando uns dos outros, em algum próximo encontro social, ou até de trabalho:
" -- Esse bandido andou falando mal de mim para os americanos...", devem dizer alguns, enquanto outros ficam quietos, aguardando as próximas revelações, pois sabem que eles também andaram falando o que não deveriam ter falado, mesmo em off...
Divertido...
WikiLeaks: para EUA, divisão interna levou a política externa brasileira desarticuladaO Globo, 06/12/2010
RIO - Em mais um documento divulgado no domingo pelo site WikiLeaks, o ex-embaixador americano no Brasil Clifford Sobel apresenta uma extensa análise sobre o papel de três figuras-chave no país, afirmando que a divisão entre eles foi responsável por uma política externa desarticulada, que "pode levar à frustração por parte de diplomatas brasileiros".
A mensagem de Sobel, datada de 11 de fevereiro de 2009, concentra-se no ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, definido como "nacionalista", no então secretário-geral da pasta, Samuel Pinheiro Guimarães, apresentado como "antiamericano", e no assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, classificado como "acadêmico esquerdista".
"Cada um entalhou seu próprio nicho de política externa: comércio, relações com países desenvolvidos, questões multilaterais, África e Oriente Médio para Amorim; questões político-militares, relações com alguns países em desenvolvimento, e trabalhos internos do Ministério de Relações Exteriores para Guimarães; e países da América do Sul e esquerdistas na América Latina e em outros lugares para Garcia. O efeito é a visão e a implementação da política externa do Brasil de alguma maneira desarticuladas, o que pode levar à frustração por parte de diplomatas brasileiros", afirma Sobel no documento .
Sobel aponta oportunidade de influenciar nova geração de diplomatas
Ao lado dos três - apresentados como principais atores da política externa brasileira -, Sobel cita também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comporia com eles as "quatro poderosas personalidades cujas ideologias estão moldando" as prioridades da atuação internacional do Brasil. Juntos, eles levaram o Itamaraty a "direções estranhas e às vezes diferentes", diz o ex-embaixador.
Todos os quatro são descritos como "esquerdistas". Sobel destaca, no entanto, o "pragmatismo" de Lula. Sua boa relação com líderes mundiais ajudou, na visão do ex-embaixador, a aumentar a influência do Brasil no mundo. O diplomata afirma que a política externa do presidente também abriu caminho para ampliar a cooperação do Brasil com atores globais, "inclusive os Estados Unidos".
Ainda assim, Sobel diz no mesmo documento que sua dinâmica ideológica faz do Itamaraty um parceiro frustrante, apontando a oportunidade de contornar o problema e influenciar novos diplomatas.
"Existe agora a oportunidade de ir adiante trabalhando com outras instituições brasileiras, e de moldar as visões de um grande grupo de diplomatas, mais novos, mais pragmáticos, e mais globalmente orientados, que estarão caminhando para postos mais graduados", avalia.
Preocupação com terrorismo em São Paulo, cabos de comunicação e minas
Outros documentos divulgados pelo WikiLeaks revelam também mais preocupações dos americanos com o Brasil. Em pelo menos duas mensagens publicadas no site no domingo, diplomatas americanos afirmam que São Paulo é o principal foco do combate ao terrorismo no país , deixando a Tríplice Fronteira em segundo plano. Os documentos indicam a presença de suspeitos ligação com extremistas do Hezbollah no Sudeste brasileiro.
O Brasil também é citado em documentos vazados pelo WikiLeaks que listam locais "vitais" para a segurança nacional dos EUA . O Departamento de Estado americano pediu em 2009 a todas as missões diplomáticas no exterior informações sobre instalações diversas. Entre as brasileiras estão cabos de comunicação submarinos com conexões em Fortaleza e no Rio de Janeiro e minas de minério de ferro, manganês e nióbio em Minas Gerais e em Goiás.
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