O governo Dilma Rousseff reduziu o ajuste fiscal dos R$ 50 bilhões anunciados em fevereiro para R$ 39 bilhões e, pela primeira vez, estima gastar mais neste ano do que no ano eleitoral de 2010. A reformulação das projeções foi divulgada ontem, sem alarde, no relatório feito a cada bimestre sobre a evolução das metas orçamentárias.
O documento deixa claro que a melhora nas contas do Tesouro está amparada no desempenho da arrecadação de impostos. As despesas chegarão ao equivalente a 18% do Produto Interno Bruto, patamar recorde. Até então, indicava-se uma queda dos 17,9% de 2010 para 17,7% do PIB. Impulsionada por receitas extraordinárias, decorrentes de vitórias judiciais ou da renegociação de dívidas tributárias, a estimativa de arrecadação foi elevada em R$ 21 bilhões.
Ela chegará ao recorde de 20,2% do PIB, já descontados os repasses obrigatórios para Estados e municípios. Foram esses recursos que permitiram o compromisso, anunciado há três semanas pelo ministro Guido Mantega, de elevar em R$ 10 bilhões a meta federal de superavit primário, ou seja, a parcela do Orçamento poupada para abater a dívida pública. Os R$ 11 bilhões restantes se transformarão em aumento de despesa, concentrado, segundo as novas projeções, em gastos obrigatórios que a equipe econômica prometia reduzir no início do ano. Do valor original do ajuste fiscal, R$ 3 bilhões deveriam vir da redução dos gastos com o pagamento do seguro-desemprego e abono salarial. Agora, a previsão foi elevada em quase R$ 5 bilhões. Também houve alta de R$ 5,5 bilhões na estimativa de gastos da Previdência Social.