Prata da Casa: livros de diplomatas - Paulo Roberto de Almeida ( Boletim ADB)
Diplomacia e Relações Internacionais

Prata da Casa: livros de diplomatas - Paulo Roberto de Almeida ( Boletim ADB)



1128. “Prata da Casa - Boletim ADB: 1ro. trimestre 2014”, [Notas sobre os seguintes livros: Ana Patrícia Neves Tanaka Abdul-Hak: O Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS): objetivos e interesses do Brasil (Brasília: FUNAG, 2013, 280 p.; ISBN 978-85-7631-446-2; Coleção CAE); Denis Rolland, avec Marie-José Ferreira dos Santos e Simele Rodrigues (org.): Le Brésil, territoire d’histoire: Historiographie du Brésil contemporain (Paris: L’Harmattan, 2013, 306 p.; ISBN 978-2-336-30512-7; Recherches Amériques Latines); Eugênio V. Garcia: Conselho de Segurança das Nações Unidas (Brasília: FUNAG, 2013, 133 p.; ISBN 978-85-7631-473-8; Coleção Em Poucas Palavras); Carlos Márcio B. Cozendey: Instituições de Bretton Woods (Brasília: FUNAG, 2013, 181 p.; ISBN 978-85-7631-488-2; Coleção Em Poucas Palavras); Renato Mendonça: História da Política Exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825) (Brasília: FUNAG, 2013, 246 p.; ISBN 978-85-7631-468-4); Luiz Maria Pio Corrêa: O Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI): organizações internacionais e crime transnacional (Brasília: FUNAG, 2013, 282 p.; ISBN 978-85-7631-439-4; Coleção tese de CAE). Publicado no Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros – ADB (ano 21, n. 84, janeiro-fevereiro-março 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503). Relação de Originais n. 2567.

Prata da Casa - Boletim ADB: 1ro. trimestre 2014

Paulo Roberto de Almeida
Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 21, n. 84, janeiro-fevereiro-março 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503)

Ana Patrícia Neves Tanaka Abdul-Hak:
O Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS): objetivos e interesses do Brasil
(Brasília: FUNAG, 2013, 280 p.; ISBN 978-85-7631-446-2; Coleção CAE)

            O Brasil promoveu a criação da Casa, depois convertida em Unasul, porque o governo Lula achava a OEA um veículo de intrusões americanas na região. Depois criou o CDS porque o TIAR já estava morto, segundo alguns. O CDS é de defesa, mas parece mais de segurança, nas suas metas de construção de confiança, de cooperação em aspectos limitados da capacitação militar e, se possível, como alavanca para o fortalecimento da (sua) indústria de equipamentos bélicos. O Brasil, o maior da região, tem de assumir maior responsabilidade pelo CDS, que todavia não ainda tem caráter operacional. Se diminuir os focos regionais de tensão pode ser um ganho. Para a autora, existem grande diferença entre o que seja uma ameaça para a OEA e para a Unasul. Será? Mas o Brasil, ligando o Cone Sul à Amazônia, é o alicerce de uma futura comunidade de segurança na região. Oxalá.

Denis Rolland, avec Marie-José Ferreira dos Santos e Simele Rodrigues (org.):
Le Brésil, territoire d’histoire: Historiographie du Brésil contemporain
(Paris: L’Harmattan, 2013, 306 p.; ISBN 978-2-336-30512-7; Recherches Amériques Latines)

            Diversos acadêmicos brasileiros participam deste empreendimento coletivo, inclusive colaboradores do Itamaraty e do Instituto Rio Branco, mas um único diplomata: Paulo Roberto de Almeida, que comparece com um texto de síntese bibliográfica sobre a historiografia econômica do final do século 19 ao início do século 21, destacando os grandes nomes da produção nacional nessa área. Em quatro partes são examinadas a historiografia política, a econômica e social, a da cultura e a de relações internacionais, com uma predominância de colaboradores brasileiros, especialmente convidados para a obra. Os organizadores introduzem a obra sublinhando os vínculos tradicionais entre a historiografia francesa e a brasileira, fornecem dados sobre o crescimento da produção histórica brasileira e apresentam os trabalhos dos colaboradores. Uma boa iniciativa, que merece continuidade.

Eugênio V. Garcia:
Conselho de Segurança das Nações Unidas
(Brasília: FUNAG, 2013, 133 p.; ISBN 978-85-7631-473-8; Coleção Em Poucas Palavras)

            Tudo o que você sempre quis saber a respeito do CSNU e nunca teve a quem perguntar, ou onde ler. Agora já tem: neste pequeno grande livro de um historiador diplomata que já escreveu sobre o itinerário frustrado do Brasil na Liga das Nações e sobre as tentativas novamente frustradas para ser admitido no inner sanctum da sua sucessora. Mais que isso: a obra refaz não apenas a trajetória histórica desse órgão central da ONU, como percorre a geopolítica de sua atuação e funcionamento político (com algumas tinturas jurídicas), sempre focado nas reais alavancas de poder, isto é, o monopólio dos cinco membros permanentes (mas a China só ingressou em 1971). Uma síntese bem sucedida, uma bibliografia atualizada e uma reflexão sobre as realidades do poder atual, que reflete a posição brasileira em importantes questões da agenda da ONU e do seu desejado CS.

Carlos Márcio B. Cozendey:
Instituições de Bretton Woods
(Brasília: FUNAG, 2013, 181 p.; ISBN 978-85-7631-488-2; Coleção Em Poucas Palavras)

            As 160 páginas do corpo de texto não perfazem exatamente um livro “em poucas palavras”, mas cada linha da obra está impregnada de um triplo conhecimento: histórico, teórico e prático, sobre as origens, o desenvolvimento, nas décadas seguintes, e sobre o funcionamento atual dos dois irmãos de Bretton Woods, o Banco e o Fundo, que foram criados em 1944 na pequena cidade do New Hampshire para presidir à ordem econômica do pós-guerra. O autor é o secretário de Assuntos Internacionais da Fazenda, e como tal segue, no G20 e em outras instâncias, as negociações para a reforma do sistema monetário, que já passou por fases melhores do que a atual. Depois das paridades cambiais estáveis, o regime de flutuação não ajuda a manter a estabilidade mundial, mas o maior perigo advém dos desequilíbrios fiscais nacionais, um tema que todavia foge do escopo deste livro.

Renato Mendonça:
História da Política Exterior do Brasil: do período colonial ao reconhecimento do Império (1500-1825)
(Brasília: FUNAG, 2013, 246 p.; ISBN 978-85-7631-468-4)

            O autor, que entrou no Itamaraty com Guimarães Rosa, em 1934, já tinha escrito A influência africana no Português do Brasil(1933), republicado pela Funag em 2012, quando se comemorou o centenário de seu nascimento. Com 30 anos, ele publicou uma clássica biografia do Barão do Penedo, o mais longevo embaixador brasileiro (na corte da Inglaterra), seu conterrâneo de Alagoas. Este livro foi escrito no México e foi objeto de uma única edição, pelo Instituto Pan-Americano de Geografia e História, em 1945. Agora vem enriquecido por uma introdução de Paulo Roberto de Almeida, que coloca o autor no contexto dos demais historiadores da diplomacia brasileira e destaca as qualidades da obra em face das poucas sínteses históricas então existentes. O livro traz em anexo os principais tratados da história colonial e tem ainda um apêndice sobre a obra demarcadora do Barão.

Luiz Maria Pio Corrêa:
O Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI): organizações internacionais e crime transnacional
(Brasília: FUNAG, 2013, 282 p.; ISBN 978-85-7631-439-4; Coleção tese de CAE)

            A criminalidade financeira internacional – lavagem de dinheiro de tráfico de drogas, financiamento do terrorismo, corrupção de agentes governamentais– vem se desenvolvendo pari passu à globalização, representando de 2 a 5% do PIB mundial. O GAFI foi criado para enfrentar esses problemas e o Brasil integrou o órgão por iniciativa do ministro Pedro Malan, em 1999, passando igualmente a atuar no Gafisud, criado em seguida no âmbito da América Latina. A tese analisa os instrumentos internacionais nessa área, a atuação do GAFI e, no terceiro capítulo, a inserção do Brasil no regime global. Desde 2001 o Itamaraty criou uma unidade especializada no tema, atua em coordenação com o COAF (Fazenda) e no âmbito do G-20 financeiro. O Brasil já possui instrumentos para tratar da corrupção e da lavagem de dinheiro, mas ainda não adotou algum adaptado ao terrorismo. Por que será?


[Hartford, 9 de Fevereiro de 2014.]






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