Diplomacia e Relações Internacionais
Politica Externa e Democracia no Brasil: livro de Dawisson Lopes (Unesp)
Política externa e democracia no BrasilDawisson Lopes (Unesp)
Neste livro, o autor examina as relações entre democracia e política externa, tema para ele de indiscutível atualidade e importância, que, no entanto, tem escassa presença na literatura em língua portuguesa. A obra foca o Brasil após a redemocratização, em 1985, para avaliar se a política externa brasileira tornou-se mais democrática no novo contexto ou se, apesar de ter ganhado mais espaço na mídia nesse período, continuou sendo decidida exclusivamente pelo Estado.
A análise baseia-se em um resgate de perspectiva historiográfica do discurso e da prática de democratização da política exterior a partir de 1985, problematizando, no âmbito da teoria e dos conceitos, a relação entre democracia e política externa. E evoca o "republicanismo aristocrático" para tentar explicar a relutância à abertura do processo decisório sobre as questões internacionais do país - relutância que se contrapõe ao potencial da política externa para "alterar a consistência do relacionamento entre o Estado e seus cidadãos".
Para o autor, o debate faz sentido especialmente neste momento histórico em que as sociedades democráticas "internalizaram" a política internacional, em consequência da globalização. Agora, diz, essas sociedades precisam "externalizar o doméstico", e sem titubear, sob pena de perderem o passo na "acelerada marcha rumo à integração dos povos".
O livro ainda amealha diferentes pontos de vista sobre a política exterior do país desde o governo José Sarney (1985-1989), reunindo entrevistas com os diplomatas Celso Amorim, Gelson Fonseca, Luiz Felipe Lampreia, Rubens Ricupero e Alexandre Guido Lopes Parola. Sem ser conclusivo, ele mostra que, na democracia, a política externa brasileira tornou-se menos hermética e ganhou mais interlocutores, mas permaneceu conservadora.
Ficha Técnica
Preço: R$ 52
ISBN: 978-85-393-0411-0
Assunto: Política
Idioma: Português
Páginas: 336
Edição: 1ª
Ano: 2013
Formato: 14 x 21 cm
Acabamento: Brochura com orelhas
Sobre o autor
Dawisson Belém Lopes é professor adjunto do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
SUMÁRIO
Prefácio: Embaixador Celso L. N. Amorim_XI
Agradecimentos_XVII
Relação de figuras, siglas e abreviações_XIX
Introdução_1
1 A análise da política externa brasileira em evolução_11
2 Os avanços e retrocessos nas propostas de democratização da política externa brasileira entre 1985 e 2010_31
3 Política externa e democracia: conexões in abstracto_83
4 Política externa brasileira e democracia: relacionamento difícil_141
5 Rearranjando fatores: uma hipótese (residual) para entender o Brasil_209
Conclusão – Uma nova estratégia de legitimação para a política externa brasileira?_269
Anexos_293
Referências bibliográficas_313
TEXTO DE APRESENTAÇÃO (ORELHAS)
Já se disse que, nas sociedades pós-industriais, o conflito social teria como eixo a tensão crescente provocada pela coexistência de duas tendências contraditórias: a de busca por igualdade e a de crescente burocratização – esta última caracterizada pela importância cada vez mais central assumida pelo componente técnico do conhecimento.
No Brasil atual, ameaçado de desindustrialização, mais do que passível de ser classificado como uma sociedade pós-industrial, talvez em nenhum outro campo das políticas públicas a cargo do governo federal tal tensão tenha tanta visibilidade, pelo menos nos meios acadêmicos, como na política externa. Nessa seara, os dois principais partidos políticos advogam projetos distintos de inserção internacional para o país. A corporação diplomática, diante da crescente politização da política exterior, por vezes trai a sua aparência monolítica, revelando profundas clivagens intracorporativas. As decisões tomadas no plano internacional produzem impactos redistributivos domésticos de intensidade inaudita e o tema ganha as manchetes da grande mídia.
Inúmeros e diversificados fatores convergiram, no último quarto de século, para reforçar a necessidade de tratamento da política externa brasileira como uma política pública, e não mais como seara exclusiva e monopólio de nossos diplomatas. No plano analítico, tal processo de desencapsulamento da nossa política exterior ganha, neste livro de Dawisson Lopes, o seu tratamento mais sistemático. Esta obra é dedicada ao questionamento da possibilidade de compatibilização entre política externa e democracia e à interpretação deste encontro conflitivo no Brasil da Nova República. Tais objetivos inevitavelmente implicam colocar em discussão a trajetória e as tendências ao insulamento por parte do Itamaraty. Nessa empreitada, o leitor é brindado com uma mescla de erudição e ousadia analítica, em uma tessitura argumentativa original e provocativa, que alia o método histórico ao comparativo, questionando o cânone e ao mesmo tempo retirando dele novas e promissoras chaves interpretativas, como a hipótese do “republicanismo aristocrático mitigado”.
Se a tensão entre expertise e democracia (ou entre eficiência e representatividade) talvez possa ser pensada como constitutiva da produção da política externa em regimes poliárquicos como o brasileiro, esta importante contribuição de Dawisson Lopes está fadada a se tornar referência inescapável no debate acerca das gramáticas políticas das relações exteriores do país.
Carlos Aurélio Pimenta de Faria
Professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da PUC Minas.
RECOMENDAÇÕES
“Com lastro empírico e solidez analítica, este livro traça um amplo panorama histórico e teórico do sistema de formulação da política externa brasileira. O autor procura construir uma solução dialética entre os conceitos de democracia e de república em nossa história diplomática. Trata-se de uma contribuição valiosa para um debate ainda incipiente no país.”
Celso Amorim
“Quais os limites e as possibilidades da democratização da política externa brasileira? Para respondê-lo, o autor percorre narrativas próprias da história, da teoria social, da análise institucional, da cultura política e do desenvolvimento da política externa. O viés aristocrático é apontado como um dos principais empecilhos à maior porosidade da diplomacia brasileira aos insumos da sociedade civil.”
Maria Regina Soares de Lima
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