Occupy Wall Street? Que tal ocupar a mente primeiro, com algumas ideias, por exemplo?
Diplomacia e Relações Internacionais

Occupy Wall Street? Que tal ocupar a mente primeiro, com algumas ideias, por exemplo?


Pedem-me para falar sobre o movimento Occupy Wall Street.
Sim, eu sei, são alunos querendo saber o que eu penso de um movimento, ou de pessoas saindo às ruas para protestar contra tudo isso que "está aí", ou seja, a crise, e o desemprego, e o aumento de impostos, e a inoperância dos governos, e todas essas injustiças do capitalismo financeiro, etc e tal...
São os tais de 99% da humanidade, protestando, supostamente, contra o 1% dos especuladores, os privilegiados de Wall Street e dos mercados financeiros, que ganham milhões de dólares, enquanto a maioria apenas paga e não recebe nada.


Sinto muito, mas eu não consigo, sinceramente.
Sim, como falar de algo que não existe no plano da lógica, das propostas coerentes, da racionalidade elementar de políticas que funcionam e de outras que simplesmente não funcionam, como falar do nada?
Estão me pedindo muito.
Este blog se dedica a ideias inteligentes, como escrito acima.
Então, esse simples critério já exclui ab initio, como se dizia antigamente, esse tal de movimento, no qual não vejo nenhuma, absolutamente nenhuma ideia inteligente, pois mais que eu me esforce para encontrar alguma.


Desculpem, mas eu preciso de um mínimo de consistência nas ideias para poder escrever algo em volta.
Li, por exemplo, o discurso daquele idiota supremo desse tipo de bobagem, Slavoj Zizek, espremi, espremi, e não consegui achar uma frase, uma ideia que fizesse sentido, para eu poder criticar. Rendo-me à inutilidade de certas coisas. Deixemos que percam tempo com bobagens. Eu vou "perder" o meu tempo com leituras mais agradáveis.


De resto, já me permiti reproduzir aqui um artigo sobre essas manifestações ruidosas que não levam a literalmente nada, a não ser em um pouco de sujeira extra nas ruas e nos parques:

Ocupem Wall Street! Mas tirem os idiotas, por favor...




Para não dizer que não escrevo nada sobre esse tipo de coisa, permito-me reproduzir aqui as consignas que eu bolei para esse tipo de pessoal:

QUINTA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2011

Pronto, vou ajudar os gregos: vou protestar a favor...

Confesso que começo a cansar de todos esses protestos de indignados, de tantos ocupantes de Wall Street, esses milhares de alternativos, de antiglobalizadores, franceses, gregos, troianos e tutti quanti fazem manifestações ruidosas nas ruas e nas praças, atrapalhando o trânsito, gastando à toa o gás lacrimogenio da polícia, entortando escudos e bastões dos ditos cujos, fazendo buracos nas calçadas com todos esses paralepípedos arrancados, enfim (enfins, diria uma professorinha da UnB), estou começando a cansar com toda essa bagunça monumental, essas passeatas ruidosas, apenas e tão somente para protestar contra tudo isso que está aí (e não é pouca coisa, não é mesmo?).
Por isso mesmo vou me colocar a favor de todo esse pessoalzinho miúdo -- e alguns nem tão miúdos assim, já que bem alimentados e barrigudinhos, como aquele filósofo esloveno confuso e idiota -- e vou sugerir alguns novos slogans, para que eles possam desfilar pacificamente, sem precisar brigar com a polícia, sem sequer precisar atirar um único pedregulho, sem se cansar -- afinal de contas, os gregos são os baianos da Europa -- e sobretudo sem precisar ser do contra (como eu mesmo sou, invariavelmente).
Meus slogans são de manifestações A FAVOR, sempre propondo coisas sensatas e razoáveis.
Vamos lá:

CHEGA de embromação: queremos o direito de não ir ao trabalho uma vez por semana.
STOP agora, a repressão material capitalista: pela elevação espiritual socialista.
QUEREMOS receber sem trabalhar: temos os mesmos direitos dos políticos.
PRECISAMOS de mais políticas setoriais, em todos os setores, mesmo redundantes.
ADORAMOS a política agrícola comum (vulgo "loucura agrícola europeia").
PEDIMOS mais gastança estatal, mais estímulo ao crescimento.
AMAMOS os Estados, sobretudo os soberanos, os mais ativos e onipresentes.
CONTRA a privatização das necessidades; pela socialização das capacidades.
NÃO MAIS manifestações sem distribuição de sorvete e água gelada.
BASTA DE GREVES, queremos ficar dormindo em casa.
MANIFESTANTES E POLICIAIS: unidos, jamais serão vencidos!
MENOS PASSEATAS, mais amor.
POR ASSEMBLEIAS com ar condicionado.
QUEREMOS DESEMPREGO, com seguro em dobro...
CHINESES: comprem nossas ilhas, nossos vignobles, nossos chateaux, fiquem com tudo.
AMERICANOS: despejem vossos dólares, eles são bem vindos.
BRASILEIROS: mandem-nos seus corruptos, eles são os melhores do mundo...

Pronto, acho que já está bem assim: gregos, helênicos, macedônicos, troianos, 300 de Esparta e outros Ulisses perdidos em tantas manifestações simultâneas, agradecem.
Por nada...
Paulo Roberto de Almeida 



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Como eu prometi que não iria mais chamar ninguém de idiota, vou abster-me, ainda desta vez, mas esta é a vontade que dá, ao assistir a essas manifestações absolutamente estúpidas dos franceses, jovens, velhos, sindicalistas, independentes, estudantes...



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