O fascismo economico tambem no vizinho: Argentina cerceia liberdade cambial
Diplomacia e Relações Internacionais

O fascismo economico tambem no vizinho: Argentina cerceia liberdade cambial


Os argentinos são, talvez, o último povo moderno do mundo -- embora "moderno" requeira certas qualificações -- a guardar dinheiro embaixo do colchão.
Também, pudera, com um governo que avança desapiedadamente, ferozmente, contra poupanças privadas e contas em banco, não existe outra maneira de se proteger senão mantendo seu dinheiro em casa, longe do alcance das autoridades (mas talvez de forma mais atrativa para bandidos e ladrões em geral).
A Argentina é também um país que se caracteriza, desde muitas décadas, pela fuga de capitais, ou seja, argentinos partindo discretamente ao Uruguai, para ali depositar seus pesos, ou melhor, convertê-los em dólares, o que os uruguaios agradecem...
Tudo isso se chama fascismo econômico.
Não entendo por que os povos, argentino e brasileiro, não se revoltam contra essas exações, abusos e violências cometidas pelas autoridades, e se submetem passivamente ao fascismo econômico...
Paulo Roberto de Almeida

Argentina adota nova medida de controle de câmbio; medida pode afetar turismo no Brasil (Agência Brasil)
13 Mar 2012
O governo argentino decidiu ontem (12) reforçar o controle de câmbio para evitar a saída de dólares do país. A partir do dia 3 de abril, os argentinos não poderão mais utilizar seus cartões de débito bancário no exterior para retirar moeda estrangeira de suas contas em pesos.

Ao viajarem para o Brasil, por exemplo, e retirar reais de suas contas em pesos, só poderão fazê-lo se tiverem uma caderneta de poupança em dólares na Argentina.

"A medida vai afetar o turismo argentino no exterior porque, mesmo que as pessoas ainda possam usar cartões de crédito, vão se sentir menos seguras, ao saber que não contam com outras formas de pagamento", disse à Agência Brasil o economista Marcelo Elisondo. "E comprar dólares para viajar ao exterior tornou-se muito mais complicado", completa.

Essa é a segunda medida de controle de câmbio adotada pelo governo argentino em menos de cinco meses. A primeira, em outubro passado, obrigou os argentinos que queriam comprar dólares (ou qualquer moeda estrangeira) a pedir autorização prévia à Afip, a Receita Federal local.

Nos bancos e nas casas de câmbio, os compradores de divisa estrangeira têm que apresentar provas de que têm suficientes pesos declarados para realizar a operação. Turistas que querem trocar os pesos que sobram de viagens podem fazê-lo, desde que apresentem provas de que trocaram moeda estrangeira por moeda local.

As medidas, em um país que, historicamente, está acostumado a calcular preços e a poupar em dólares, mostraram-se impopulares. Na Argentina, ao contrário do que ocorre no Brasil, aluguéis são calculados em dólares. E quem poupa prefere trocar pesos por dólares e guardá-los em casa do que colocá-los em uma caderneta de poupança no banco - não importa em que moeda.

A crise de 2001, que resultou no confisco de contas bancárias e cadernetas de poupança e na desvalorização do peso (que, na época, valia o mesmo que o dólar), só aumentou a desconfiança da população em relação à moeda local e aos bancos.

Para o governo, o controle de câmbio é a única forma de impedir a fuga de capitais - a principal preocupação depois de inflação, que, segundo estimativas de consultorias privadas, chega a 20% ao ano. A primeira medida já deu resultados positivos: a saída de dólares por mês baixou de US$ 2 bilhões para US$ 500 milhões. Mas, segundo Elisondo, "são mecanismos artificiais que não darão resultados a longo prazo".

Segundo fontes do Banco Central argentino, a nova medida simplesmente complementa a primeira e o objetivo é obrigar os argentinos a declararem o que ganham na Receita Federal. Tanto assim que quem tem cartão de crédito poderá continuar utilizando-o no exterior.

Para o economista, isso, no entanto, não é o suficiente para resolver o principal problema do governo: manter um superávit da balança comercial de US$ 10 bilhões, em ano de crise internacional.

O Produto Interno Bruto (PIB) argentino, que vinha registrando uma média de crescimento de 7,5% desde 2003, deve crescer, no máximo, 3,5%, segundo economistas independentes. "E vamos exportar menos porque, por falta de competitividade, o governo está dificultando as importações e muitos produtos que exportamos dependem de insumos do exterior, como o setor automotivo", conclui Elisondo.



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