Diplomacia e Relações Internacionais
Juros em alta: onde estao os nossos keynesianos? - OESP
Neste caso, o Brasil está certo, e todos os demais países que mantém juros próximos de zero estão errados.
Os keynesianos obtusos estão sempre pedindo juros baixos, negligenciando o efeito que isso tem sobre a poupança e na distorção geral do ambiente econômico. Juros deveriam ser os de mercado, ou seja, equilíbrio entre a oferta e a demanda de dinheiro, do contrário se está distorcendo um preço fundamental da economia.
Governos que mantém juros baixos artificialmente estão interferindo no mecanismos de preços.
No caso do Brasil, nossos keynesianos não suportam essa subida de juros, mas os realistas moderados do Banco Central estão tentando desfazer os enormes problemas trazidos pela política econômica esquizofrênica feita pelos companheiros no comando da Fazenda.
Paulo Roberto de Almeida
Brasil só perde para Gâmbia entre países que mais subiram juros em 2013
Pequeno país da África lidera lista de 90 países com maior elevação dos juros no ano, com alta de 6 pontos porcentuais; Brasil ficou em segundo com 2,75 pontos
Fabio Alves, O Estado de S.Paulo, 23 de dezembro de 2013 | 11h 36
SÃO PAULO - O Brasil ficou em segundo lugar em 2013 entre os países que mais elevaram os juros. Entre 90 países, o Banco Central brasileiro só perdeu para o da República de Gâmbia, um dos menores países da África, com 1,6 milhão de habitantes na fronteira com o Senegal.
A alta da taxa básica de juros no Brasil (taxa Selic) foi de 2,75 pontos porcentuais, fechando o ano em 10% ao ano. Gâmbia, o primeiro lugar do ranking, elevou seus juros em 6 pontos porcentuais, encerrando 2013 com 18% ao ano.
A Indonésia, que também enfrenta inflação alta, terminou 2013 em terceiro lugar no ranking: o país elevou os juros em 1,75 ponto porcentual, para 7,5%.
No fechamento das reuniões de política monetária em 2013 ao redor do mundo, na semana passada, quatro bancos centrais reduziram suas taxas básicas de juros: Suécia, Sérvia, Hungria e Albânia. Motivo: inflação cada vez mais baixa.
No balanço do ano das ações de política monetária de 90 bancos centrais acompanhados pelo site especializado Central Bank News, das 499 decisões de política monetária em 51 semanas do ano, houve corte de juros em 23,2% delas. A elevação de juros representou apenas 5,2% do total de ações de política monetária.
Ano Novo. Para 2014, o mundo estará dividido em duas esferas opostas: os países com inflação muito baixa e os com problemas inflacionários.
O risco de deflação, ou um temor mesmo que injustificado, desempenhará um papel importante nas decisões de autoridades monetárias de países desenvolvidos, em particular dos Estados Unidos, da Europa e do Japão.
A contínua desaceleração da inflação em boa parte do mundo desenvolvido poderá adiar o processo de normalização das condições monetárias, ou seja, elevação, de fato, da taxa básica de juros.
O Federal Reserve (Fed), o BC americano, já começou a retirar os estímulos monetários, reduzindo em US$ 10 bilhões o seu programa de compras de ativos, processo chamado de 'tapering' no jargão do mercado financeiro.
Os indicadores de atividade, em especial a criação de vagas de trabalho, já vinham endossando uma recuperação mais sólida da economia americana e, portanto, a retirada dos estímulos.
Mas a desaceleração da inflação pode ser um obstáculo ao ritmo do 'tapering' e até mesmo à primeira elevação da taxa básica de juros.
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em novembro ante outubro. Na comparação anual, o CPI avançou 1,2% em novembro, permanecendo bem abaixo da meta oficial de 2% do Fed.
Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) enfrenta um dilema parecido: enquanto a economia da zona do euro se recupera e vai deixando para trás o pior da recessão que atingiu a região nos últimos anos, a inflação permanece perigosamente baixa.
O CPI da zona do euro subiu 0,9% em novembro, ante o mesmo mês do ano passado, ficando ainda bem abaixo da meta do BCE, de 2%.
Os economistas do banco HSBC, em relatório enviado a clientes, estimam para 2014 uma inflação média de 1,6% nos países desenvolvidos.
Para 2015, a projeção é de uma inflação de 1,7% para as nações mais ricas. Já para os emergentes o HSBC estima uma inflação média de 5,7% em 2014 e de 6,1% em 2015. Para o Brasil, por exemplo, o HSBC prevê que o IPCA feche em 6% em 2014 e 6,2% em 2015.
Assim, 2014 e 2015 provavelmente serão anos em que o mundo estará polarizado em termos de política monetária. E o Brasil estará do lado onde o BC lutará contra não só a inflação, mas também contra as expectativas inflacionárias, decorrentes, em parte, das dificuldades de se controlar tais problemas em ano eleitoral.
Em tempo: a pesquisa semanal Focus, divulgada hoje pelo Banco Central, aponta uma projeção para o IPCA em 2014 de 5,97%. Já para os juros, a projeção é de 10,50% ao ano no final de 2014.
* A coluna de Fábio Alves foi publicada originalmente no Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado
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