Alvo de pressões da sociedade desde o desastre de Fukushima, governo japonês informa que desligará seus reatores nucleares nas próximas décadas. País não especificou quando exatamente meta será alcançada.
Um ano e meio após a catástrofe de Fukushima, o Japão anunciou que irá abrir mão da energia nuclear ao longo das próximas três décadas. Em encontro ministerial nesta sexta-feira (14/09), chegou-se à decisão de abandonar tal fonte energética na "década de 2030", informou a mídia japonesa.
O objetivo ambicioso do governo em Tóquio significaria um corte total do uso de energia nuclear até 2040. Então, os reatores que, até o desastre em 2011 produziam cerca de um terço da energia consumida no país, seriam permanentemente desativados.
O acidente nuclear de Fukushima abalou a confiança da população na segurança da energia nuclear. Em pesquisas recentes, a maioria dos japoneses se declarou a favor do fim do uso desse tipo de energia no país. Diante das eleições gerais previstas para os próximos meses, o tema tem sido motivo de protestos, reunindo até dezenas de milhares de pessoas.
"Muitos japoneses esperam construir uma sociedade que não dependa da energia nuclear. Por outro lado, também está claro que estão divididas as opiniões sobre quando e como exatamente uma sociedade do tipo pode ser alcançada", informou um comunicado do governo nesta sexta-feira.
O plano anunciado pelo Japão se alinha ao da Alemanha, que prometeu desligar todos os seus 17 reatores nucleares até 2022. O país europeu se disse disposto a apoiar o Japão em sua empreitada. "Trata-se de uma tarefa complexa, sobre a qual poderíamos relatar nossa própria experiência, se assim for requisitado", declarou o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, nesta sexta-feira.
Alvo de críticas
Além de não ter sido especificado quando exatamente a meta será alcançada pelo Japão, o anúncio feito nesta sexta-feira não é obrigatório para governos futuros, o que significa que uma nova administração poderia reverter os planos.
Além disso, muitos críticos veem um Japão sem energia nuclear como algo irreal e alertam que o abandono de tal fonte energética poderia ter graves consequências para a terceira maior economia do mundo.
O Greenpeace deu as boas-vindas à nova política, porém, com cautela. Segundo a organização ambiental, o abandono da energia nuclear deveria ocorrer num prazo menor, juntamente com o desenvolvimento de soluções renováveis.
O cronograma de décadas apresentado pelo Japão é desnecessário, já que 48 dos 50 reatores japoneses foram desligados na sequência da crise de Fukushima, considera o Greenpeace. O poderoso lobby empresarial japonês pressionou para a reativação dos reatores, temendo cortes e aumento do preço da energia.
Na última semana, o Partido Democrático do Japão – do premiê Yoshihiko Noda – recomendou que o país expanda o uso de energia renovável e adote mais medidas de economia energética. O país depende hoje fortemente do petróleo do Oriente Médio e foi obrigado a elevar as importações para compensar o deficit energético desde o acidente de Fukushima.
LPF/dpa/afp