Itamaraty: "diplomacia de resultados"? Deixa eu me lembrar onde e quando eu ouvi isso...
Já lembrei: foi quando o Dr. Olavo Setubal, banqueiro liberal, que apoiou a transição do regime militar para o governo democrático de Tancredo Neves, e que, em lugar de ganhar a Fazenda, como talvez fosse seu desejo -- ela foi dada de presente ao sobrinho de Tancredo, Fransciso Dornelles, que em seis meses conseguiu dobrar a inflação, a despeito do recado, do aviso, e da ordem do tio de que "era proibido gastar" -- acabou indo parar no Itamaraty, talvez um prêmio de consolação para sua personalidade de executivo. Quando entrou deve ter achado tudo muito estranho, todo aquele pessoal cheio de boas maneiras, falando de forma elegante, mas sem muita noção de custo-oportunidade, e dos retornos à sociedade e ao país que deveria trazer a atividade diplomática dos "punhos de renda". Foi aí que ele proclamou a tal de "diplomacia de resultados", pensando que fosse mudar alguma coisa. Logo que entrou, percebeu que não iria mudar nada, e foi assim que começou a forçar a barra. Na primeira reunião do sistema multilateral de comércio, então reduzido simplesmente ao GATT e alguns poucos acordos plurilaterais de adesão voluntária, acabou concordando, contra as posições do Itamaraty -- sempre unctadianas, sempre cepalianas, sempre protecionistas, sempre reticentes -- com a abertura de negociações em serviços, propriedade intelectual e investimentos, o que deixou mais de um diplomata de cabelo em pé (enfim, os que tinham). Mas, o Dr. Setubal, picado pela mosca azul da política, saiu em pouco mais de onze meses, ou algo assim, para tentar ser eleito prefeito de São Paulo pelo que então era um partido "progressista", supostamente liberal, mas igual a todos os outros. Enganado pelos cardeais do partido, que tomaram o seu dinheiro e o deixaram falando sozinho, acabou sendo derrotado, e foi ganhar dinheiro contra o nosso bolso, enriquecendo com a sua Itautec e a lei de reserva de mercado para a informática. Foi a última vez que se ouviu falar em diplomacia de resultados no Itamaraty. Vamos ver se desta vez dá mais certo, mas para ter resultados é preciso primeiro ter metas... Metas, é o que falta para o Itamaraty. E cobrança, claro, sem o que não há resultados. Paulo Roberto de Almeida
Novo chanceler defende diplomacia de resultados EBC, 2/01/2015
Novo chanceler, Mauro Vieira defende diplomacia de resultados
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02/01/2015 20h22
Brasília
Danilo Macedo - Repórter da Agência Brasil/EBCEdição: Stênio Ribeiro
O novo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse hoje (2) que a "linha mestra" de atuação do Itamaraty, no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, será abrir e consolidar o acesso do Brasil a todos os mercados, ajudando a captar investimentos sempre que possível. Vieira disse que a presidenta deixou claro ontem (1º), em seu discurso de posse, que a diplomacia brasileira terá o papel de servir como instrumento de apoio e impulso das políticas públicas do governo, começando pela macroeconômica. “Redobraremos esforços na área de comércio internacional, buscando desenvolver ou aprimorar as relações com todos os mercados externos. Assim, uma linha mestra da atuação do Itamaraty, no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff, será colaborar intensamente para abrir, ampliar, consolidar o acesso mais desimpedido possível do Brasil a todos os mercados, promovendo e defendendo o setor produtivo brasileiro, coadjuvando suas iniciativas e ajudando, onde for possível, a captar investimentos”, disse o ministro. O novo chanceler disse que o discurso da presidenta valoriza a agenda internacional do Brasil, e a encara com sentido de pragmatismo e projeto nacional. Ele ressaltou a importância da diplomacia de resultados: “Terei sempre em mente que não basta estarmos presentes no mundo, é preciso sermos atuantes. O valioso simbolismo da presença não pode substituir uma diplomacia de resultados – de resultados que se medem com números, se obtêm com consciência da missão, com ação, com engajamento, com meios, enfim.” Vieira reconheceu as dificuldades enfrentadas por representações do Estado brasileiro fora do país, e garantiu que estará atento às necessidades de cada posto no exterior e suas prioridades de atuação, assim como as instruções que precisarão receber em seu “papel insubstituível” na estratégia externa que o país deve seguir. “Ao olhar para o mundo, o Itamaraty vê antes de tudo os cidadãos brasileiros. Cabe a ele [Itamaraty] zelar pelo bem-estar de nossos nacionais que estão no exterior, em caráter permanente ou temporário. Vou empenhar-me para que a política consular brasileira receba recursos humanos e materiais para responder adequadamente à crescente demanda por serviços e assistência decorrente do aumento significativo do número de brasileiros que vivem no exterior ou circulam a turismo, trabalho, estudo ou tantas outras razões”, acrescentou. O chanceler disse ainda que o Brasil continuará a exercer seu papel de ator global, mantendo relações com todos os países e blocos do mundo, pois esse papel corresponde à sua realidade e às aspirações profundas do seu povo. Ele agradeceu a oportunidades de ter trabalhado, em 40 anos de carreira, com alguns dos diplomatas mais destacados das últimas décadas, como Celso Amorim, Samuel Guimarães e Luiz Felipe de Seixas Corrêa, e disse esperar contar com os conselhos de seu antecessor, Luiz Alberto Figueiredo, que passará a ocupar o posto de embaixador do Brasil em Washington, ocupado até agora por Vieira.
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