Impeachment: confusao nao ajuda o processo; quem sabe adiar a manifestacao de 15 de Marco?
Diplomacia e Relações Internacionais

Impeachment: confusao nao ajuda o processo; quem sabe adiar a manifestacao de 15 de Marco?


Este editorial do Estadão toca em questões reais e no perigo da manifestação no Paraná dia 13 fazer desandar amarcha cívica do dia 15.
Talvez fosse o caso de adiar por duas semanas essa marcha cívica...
Paulo Roberto de Almeida


Confusão é tudo o que Lula quer 

  • Share
O Estado de S.Paulo

A abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, neste momento, pode ser politicamente tentadora, mas será certamente inoportuna, diante dos imensos obstáculos regimentais e partidários que a ela se oporão. Mesmo assim, dezenas de milhares de pessoas, mobilizadas por meio de redes sociais, prometem sair às ruas em todo o Brasil, no próximo dia 15, para exigir que Dilma seja impedida de continuar no cargo.

O efeito imediato das manifestações tal como programadas, se elas realmente tiverem a dimensão que prometem, será o acirramento dos ânimos e a radicalização. Tal atmosfera de instabilidade ofereceria àqueles que se sentem acuados pela crise a oportunidade de reagir de forma violenta, transformando em "golpistas" todos os que se opõem ao governo Dilma - desde os que pregam o impeachment até os cidadãos que apenas estão cansados de tanta corrupção e incompetência. O ex-presidente Lula, por exemplo, já disse que açulará o "exército de Stédile" - o chefe do MST - contra quem for às ruas pedir a saída de Dilma.

As manifestações de protesto e descontentamento transferem-se extemporaneamente para as ruas porque a oposição formal à presidente no Congresso não tem sido capaz de exprimir o sentimento de frustração nacional com o desastre moral e administrativo do governo petista. A oposição a Dilma, por estranho que pareça, tem sido exercida dentro da própria coalizão fisiológica que a sustenta e até mesmo dentro de seu próprio partido. Nada disso está acontecendo por acaso, pois interessa cada vez menos aos antigos aliados vincular-se a um governo que naufraga em meio ao desastre econômico causado pela incompetência de Dilma, com prejuízos para todos os brasileiros - mas, em especial, para os mais pobres, aqueles que o PT se diz orgulhoso de ter resgatado da miséria.

Os mais recentes movimentos de Lula nada mais são do que uma tentativa de desatrelar-se das trapalhadas da presidente para continuar se apresentando como o herói das classes desfavorecidas na luta contra "eles" - isto é, contra os supostos conspiradores, representantes das "elites" que tramam a queda de Dilma e, mais que isso, urdem a derrota do PT e de seu projeto redentor.

Lula nunca teve pudores de abandonar pelo caminho seus companheiros de viagem, quando isso foi necessário para a manutenção de seu projeto de poder. Dilma é apenas mais uma. Quando Lula incita seus sabujos a atacar os opositores da presidente nas ruas, não é Dilma que ele está defendendo, mas a si mesmo.

Esse confronto imaginário foi desenhado pelo ex-presidente, sem nenhuma sutileza, em recente discurso aos militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Naquela oportunidade, depois de ouvir o coordenador do MST, João Pedro Stédile, dizer que só "nas ruas" é possível derrotar a oposição, Lula revelou toda a sua disposição belicosa: "Quero paz e democracia. Mas eles não querem. E nós sabemos brigar também, sobretudo quando o Stédile colocar o exército dele na rua".

Com isso, Lula conduz o jogo para o terreno que lhe é favorável - o da confusão e da anarquia. A intenção é transformar o PT e as classes pobres que o partido diz defender em vítimas do ódio das tais "elites": "O que estamos vendo é a criminalização da ascensão de uma classe social neste país. As pessoas subiram um degrau e isso incomoda a elite", discursou o ex-presidente, reduzindo o debate político a um vulgar Fla-Flu.

Nesse sentido, os movimentos que defendem o impeachment de Dilma servem aos propósitos do lulopetismo, pois jogam no tudo ou nada anunciado por Lula. Nascidos à margem dos inoperantes partidos de oposição, esses movimentos acreditam que só a radicalização nas ruas será capaz de remover os petistas do poder. Mas são amadores nesse perigoso mister. Conhecendo a força da militância do PT e de seus satélites nos sindicatos e movimentos sociais, é possível imaginar a violência da reação a essa afoiteza. Pois essa é uma militância paga e profissional, pronta para a truculência.




loading...

- A Marcha Do Impeachment: Editoral Despudorado Do Estadao
Parece que a coisa vai se acelerar em agosto, mês aziago.Paulo Roberto de Almeida  O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, talvez por dever de oficio, reagiu à intensificação do movimento pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff acusando...

- O Lugar Dos Partidos Nas Manifestações - Lucas Berlanza
O lugar dos partidos nas manifestações Lucas  BerlanzaInstituto Liberal (via Blog Libertatum, em 14/03/2015) À medida que as aguardadas manifestações do dia 15 de março vão ficando mais próximas, os diferentes grupos de interesse...

- Incompetencia Gerencial Como Motivo De Impeachment: O Paraguai Ganha Do brasil
Pois é, os paraguaios são mais felizes do que os brasileiros: eles podem afastar os dirigentes por simples incompetência, nem precisa de provas documentais, bastando que dois terços dos Senadores estejam disso convencidos. Foi o que aconteceu com...

- O Pacto Do Eu Sozinho: Ou, Eu Falo E Voces Ouvem; Nada Mais Sintomatico...
De fato, nada mais sintomático do que isto: "Sem ser interrompida durante 35 minutos..." Será que já estamos em monocracia e não sabemos? Paulo Roberto de Almeida Dilma: “Ou se paga passagem ou se paga imposto” e “O meu governo vai disputar...

- Pausa Para... A Piada Da Campanha Eleitoral
Serra e Dilma respondem: “Por que a galinha atravessou a rua?” Dilma Rousseff:  “No que se refere ao fato de a galinha ter cruzado a rua, eu considero que este é mais um ganho do governo do presidente Lula. Eu considero que foi apenas depois...



Diplomacia e Relações Internacionais








.