A única coisa que segura um pouco a inflação crescente são os preços administrados, mas isso tampouco é bom para as empresas submetidas a controles políticos: veja-se o caso da Petrobras, a vaca petrolífera dos companheiros, sendo afundada pelos incompetentes e pelos corruptos que estão nela ou em volta dela, tanto pelo lado dos prejuízos de caixa, quanto pelo papel de caixa 2 que ela é levada a desempenhar para enriquecer uns e outros.
BRASIL - Taxa do IPCA em 12 meses pode atingir 6,5% em junhoPesquisa macroeconômica - ItaúIlan Goldfajn - Economista-Chefe18/06/2014
O IPCA-15 subiu 0,47% em junho, acima da nossa projeção (0,42%) e da mediana das expectativas de mercado (0,41%). O índice havia registrado variação de 0,58% no mês anterior e de 0,38% em junho do ano passado. Com isso, a taxa em 12 meses subiu para 6,41%, ante 6,31% até maio. O principal desvio em relação à nossa projeção veio dos preços administrados, em função de uma queda menor da taxa de água e esgoto em São Paulo e do resultado acima do esperado de telefonia fixa (havíamos considerado uma parte da queda da assinatura básica da Telefônica, mas o efeito ainda não foi incorporado). O resultado do IPCA-15 foi marcado por pressões de alguns serviços que podem estar associadas à realização da Copa do Mundo, tais como alimentação fora do domicílio, passagem aérea, excursão e hotel.
Os preços livres subiram 0,52% em junho, com a taxa em 12 meses subindo para 7,1%, enquanto os preços administrados variaram 0,32%, com a taxa em 12 meses em 4,1%. Dentre os preços livres, os bens transacionáveis subiram 0,57% (6,7% em 12 meses), enquanto os bens não transacionáveis, 0,48% (7,5% em 12 meses).
As maiores contribuições altistas no mês vieram dos grupos despesas pessoais (0,12 p.p.), transportes (0,09 p.p.) e saúde e cuidados pessoais (0,08 p.p.). No grupo despesas pessoais, destaque para a contribuição do item recreação (0,09 p.p.), tendo em vista as altas de jogos de azar, excursão e hotel. No grupo transportes, destaque para a contribuição de passagem aérea (0,09 p.p.), em função da alta de 22%, após queda de 21% no mês anterior. No grupo saúde e cuidados pessoais, destaque para as contribuições de plano de saúde, produtos farmacêuticos e higiene pessoal. O grupo alimentação e bebidas ainda foi impactado pela alta da alimentação fora do domicílio (1,1% e contribuição de 0,09 pp.), mas já contou com alívio da alimentação no domicílio (-0,2% e impacto de -0,04 p.p.), com destaque para a queda dos alimentos in natura (-4,6% e impacto de -0,10 p.p.). Outras contribuições baixistas vieram da taxa de água e esgoto (-4% e impacto de -0,06 p.p.) - em parte refletindo o desconto nas contas da Sabesp - e dos combustíveis para veículos (-0,9% e impacto de -0,05 p.p.), diante da queda sazonal nos preços do etanol e da gasolina.
Os núcleos da inflação subiram um pouco em relação ao mês anterior. Na média das três medidas mais utilizadas (média aparada com suavização, dupla ponderação e exclusão de itens mais voláteis), a taxa atingiu 0,60% (0,58% em maio), com a variação em 12 meses subindo para 6,5%. A inflação de serviços acelerou para 0,97% (ante 0,24% em maio), com a taxa em 12 meses subindo para 9,1% (8,8% no mês anterior). Este movimento refletiu a reversão da queda nos preços da passagem aérea no mês anterior, assim como pressões adicionais de alimentação fora do domicílio e recreação. O índice de difusão - que mede a proporção de produtos com taxa de variação positiva - baixou para 66,6% (67,7% em maio). Excluindo-se o grupo alimentação, o indicador subiu para 73,5% (66,4% no mês anterior). Com ajuste sazonal, a difusão total recuou para 68,5% (68,9% em maio).
Com base nos dados do IPCA-15 e de outras informações correntes, projetamos variação de 0,38% para o IPCA do mês fechado (0,46% em maio). Com este resultado, o IPCA atingiria alta de 6,5% nos últimos 12 meses.
Em suma, o resultado do IPCA-15 veio acima da nossa projeção e da mediana das expectativas de mercado. O principal desvio em relação à nossa projeção veio dos preços administrados. O resultado do IPCA-15 foi marcado por pressões de alguns serviços que podem estar associadas à realização da Copa do Mundo. Além dos serviços, os núcleos também vieram pressionados, com alta de 0,6% no mês e 6,5% nos últimos 12 meses. O índice de difusão recuou ligeiramente, tanto no dado original quanto na série com ajuste sazonal. Com base nos dados do IPCA-15 e de outras informações correntes, projetamos variação de 0,38% para o IPCA de junho, que levaria a taxa em 12 meses para 6,5%.
Elson Teles
Economista
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