Diplomacia e Relações Internacionais
Erasmo de Roterdam, um humanista - Regina Caldas
Uma visão realista sobre um grande idealista. Agradeço a Regina Caldas o envio deste seu texto sintético, e extremamente lúcido, sobre o grande humanista que foi o pensador Erasmo, um homem que, como muitos intelectuais, fazem suposições que têm certa dificuldade a se reconciliar com a realidade terrena.Em todo caso, sua mensagem é clara, e lúcida.É preciso educar os homens, a despeito de todo o fanatismo e intolerância.Perseverar é preciso...Isso me lembra que Stefan Zweit é o autor de muitos livros biográficos sobre homens (e mulheres) famosos na história. Uma reedição-republicação das obras completas de Zweig seria muito bem vinda.Paulo Roberto de Almeida
Erasmo de Roterdã
Erasmo de Roterdã abominava o fanatismo, a intolerância e a guerra.
Erasmo de Roterdã, ao nascer das luzes da Renascença, foi um paladino da liberdade de espírito, sob a qual deveria existir uma fraternidade universal, cujo exemplo partiria de uma Europa unificada.
Erasmo de Roterdã, uma voz que se dirige à posteridade, desde o século XVI, legou-nos pensamentos que primam pela atualidade.
Prestemos atenção aos ecos das palavras de Erasmo, considerado o primeiro pacifista, transcritas por Stefan Zweig:
“ Toda idéia possui o seu direito, e a nenhuma cabe o direito de se proclamar como a única verdade”
“A tirania duma idéia é uma declaração de guerra à liberdade espiritual dos homens”
“Ao homem não é permitido adotar nenhuma ideologia, porque todas aspiram à preponderância, nem aderir a nenhum partido, porque o dever de todo partidário é ver, sentir e pensar partidariamente. Cumpre-lhe antes de tudo assegurar a si mesmo plena independência de pensamento e de ação, pois, sem liberdade, não pode haver justiça, a única idéia digna de ser o supremo ideal comum à sociedade humana.”
“ A idéia da guerra nunca está unida à da justiça, e a solução das armas nunca será a solução moral dum conflito”.
“As virtudes mais celebradas no mundo, a perspicácia e a equidade, a sinceridade e a honradez, foram inventadas para amargurar a existência dos que as praticam.”
“Os fanáticos reduzem todos os valores ao mesmo denominador”
O humanismo de Erasmo fracassou. Embora ele não ignorasse que o apetite de prepotência e de luta alvoroça o sangue humano, ele confiava que só através da Educação e dos bons livros se poderia dobrar a natureza do Homem. Mas ele, com sua natureza dócil, solidário por excelência, manteve-se, entretanto, distante das massas. Em conseqüência deixou de compreender que elas são movidas muito mais pelos fanatismos que pelo bom senso. Deixou de compreender que a manipulação dos sentimentos humanos seria um trunfo nas mãos das religiões e da política.
Regina Caldas
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