Capa da Revista Businesssweek |
A revista Businessweek (edição de 3 de Outubro de 2013) fazia a seguinte pergunta: "Como perder uma fortuna de 34,5 bilhões de dólares em um ano?" E, na capa, aparecia a fotografia de Eike Batista.
Acho que a pergunta foi formulada para a pessoa errada. Deveriam os editores interrogar ao ex-presidente Lula, pois foi ele quem atraiu, com canto de sereia barbuda, o jovem investidor, a fim de fazer dele um "campeão de bilheteria", como outrora, em melhores épocas da nossa história patrimonialista, os generais faziam de comuns empreendedores cooptados pelos planos tecnocráticos de desenvolvimento, os megaempresários do futuro, que deveriam ser mostrados ao Brasil e ao mundo.
Lembram os leitores que, no início do idílio cooptativo, o jovem empresário subastou, num restaurante chique, o seu paletó para engordar as arcas lulistas? Pois bem, Eike calculou mal o tamanho dos bens que o sapo barbudo engoliria com a sua fome pantagruélica.. Alguns afirmam que a idéia de Lula era fazer de Eike o presidente da Vale. Ainda bem que não foi posto em marcha esse plano; hoje a grande mineradora nacional estaria de pires na mão, na porta dos juizados, tentando negociar uma concordata que a tirasse do sufoco, com prejuízo enorme para os investidores. O que a petralhada fez com a Petrobrás prova sobejamente o descalabro que os !companheiros" conseguem produzir em empresas outrora prósperas.
Eike, não há dúvida, é um empresário de talento, o que mostrou desde muito jovem. Herdou do pai, Eliezer Batista, o gosto pelo risco e pelo empreendedorismo. Herdou da mãe, sem dúvida, a rígida disciplina germânica. O problema é que quando um bom empresário se alia ao Estado Patrimonial, ou melhor, quando é cooptado por ele, converte-se em "gato gordo", ou seja, perde competitividade, arrojo e independência. Tudo porque o Leviatã anestesia os seus filhotes com dinheiro fácil (os créditos brandos do BNDES), tornando-os reféns do favor estatal. (algo assim como uma bolsa família para empresários...).
Acho que a pergunta foi formulada para a pessoa errada. Deveriam os editores interrogar ao ex-presidente Lula, pois foi ele quem atraiu, com canto de sereia barbuda, o jovem investidor, a fim de fazer dele um "campeão de bilheteria", como outrora, em melhores épocas da nossa história patrimonialista, os generais faziam de comuns empreendedores cooptados pelos planos tecnocráticos de desenvolvimento, os megaempresários do futuro, que deveriam ser mostrados ao Brasil e ao mundo.
Lembram os leitores que, no início do idílio cooptativo, o jovem empresário subastou, num restaurante chique, o seu paletó para engordar as arcas lulistas? Pois bem, Eike calculou mal o tamanho dos bens que o sapo barbudo engoliria com a sua fome pantagruélica.. Alguns afirmam que a idéia de Lula era fazer de Eike o presidente da Vale. Ainda bem que não foi posto em marcha esse plano; hoje a grande mineradora nacional estaria de pires na mão, na porta dos juizados, tentando negociar uma concordata que a tirasse do sufoco, com prejuízo enorme para os investidores. O que a petralhada fez com a Petrobrás prova sobejamente o descalabro que os !companheiros" conseguem produzir em empresas outrora prósperas.
Eike, não há dúvida, é um empresário de talento, o que mostrou desde muito jovem. Herdou do pai, Eliezer Batista, o gosto pelo risco e pelo empreendedorismo. Herdou da mãe, sem dúvida, a rígida disciplina germânica. O problema é que quando um bom empresário se alia ao Estado Patrimonial, ou melhor, quando é cooptado por ele, converte-se em "gato gordo", ou seja, perde competitividade, arrojo e independência. Tudo porque o Leviatã anestesia os seus filhotes com dinheiro fácil (os créditos brandos do BNDES), tornando-os reféns do favor estatal. (algo assim como uma bolsa família para empresários...).
Alguém perdeu com a aventura falida do Eike. Foram principalmente os investidores estrangeiros, segundo informa, na revista América Economia(edição de 6 de Janeiro de 2014), o articulista Sérgio Siscaro ("O legado de Eike Batista"). Esses investidores perderam num jogo em que o elemento de suspense é o risco. Perderam feio, mas não quebraram. Investidor internacional está preparado para ganhar e perder. Foram procurar outros países com políticas públicas mais sérias. Decerto que hoje estariam eles curiosos em saber o por quê da finitude das promessas de um país, como o Brasil, que há alguns anos despontava como capa da revista The Economist e hoje amarga a desconfiança dessa mesma publicação e das agências classificadoras de risco.
Os investidores aprendem rápido a lição e foram chocar os seus ovinhos de investimento em ninhos menos ameaçadores. Até mesmo entre os países em desenvolvimento, fala-se hoje do grupo MINT (México, Indonésia, Nigéria e Turquia) que estão atraindo os investimentos que deixaram de ser feitos em países de maior risco como o Brasil.
Os investidores aprendem rápido a lição e foram chocar os seus ovinhos de investimento em ninhos menos ameaçadores. Até mesmo entre os países em desenvolvimento, fala-se hoje do grupo MINT (México, Indonésia, Nigéria e Turquia) que estão atraindo os investimentos que deixaram de ser feitos em países de maior risco como o Brasil.
A respeito da mudança das condições econômicas do país, escreve Sérgio Siscaro: "Se por um lado o surgimento do “império X” aconteceu em um momento bastante favorável para o Brasil, no qual o país era visto como um dos emergentes com taxas de crescimento mais dinâmicas, sua derrocada ocorre exatamente quando os indicadores do país já não são tão positivos. O próprio grau de investimento, outorgado ao Brasil pelas agências classificadoras de risco internacionais entre 2008 e 2009, corre o risco de ser perdido no ano que vem. E esses são motivos mais do que suficientes para afastar qualquer investidor do país".
Mas o leviatã patrimonialista brasileiro está tranquilo: já houve outras épocas com crise internacional no meio e, disso tudo, emergiu o Estado Patrimonial com força renovada, tendo engolido as riquezas dos incautos que chegaram muito perto dele. Foi o que aconteceu, no século XIX, com o grande campeão da indústria nacional, o barão de Mauá, que terminou sendo vítima da cupidez e da vingança dos burocratas do Ministério imperial, a começar pelo titular da pasta da Fazenda, José Maurício Wanderley, barão de Cotegipe, que fez de tudo para aniquilar as empresas de Mauá. Esse episódio faz lembrar o que dizia Max Weber em relação ao Estado patrimonial: o soberano tolera tudo, menos a incômoda companhia daqueles que ousam lhe fazer sombra.
Mas Lula e Eike se entenderam, desde o início, maravilhosamente. Como frisava Augusto Nunes na sua coluna "Direto ao Ponto" (31-10-2013), "Lula só poderia chegar ao coração do poder num lugar onde tanta gente confia em eikes batistas. Eike só poderia ter posado de gênio dos negócios num país que acredita em lulas. É natural que tenham viajado tantas vezes no mesmo jatinho. É natural que se tenham entendido tão bem. Nasceram um para o outro. Os dois são vendedores de nuvens".
Lula e Eike, "vendedores de nuvens", segundo o colunista Augusto Nunes. |