Custo de internet no Brasil: somos extorquidos
Diplomacia e Relações Internacionais

Custo de internet no Brasil: somos extorquidos


O brasileiro tem uma renda per capita 7 vezes inferior à dos americanos, e no entanto paga 7 vezes mais para se conectar.
A razão?: carteis, monopolios, impostos, tudo isso alimentado pelo governo...
Paulo Roberto de Almeida

Com preço médio de R$ 199, Brasil é um dos que cobram mais pela banda larga
Fernando Braga
Correio Braziliense Online, 16.10.2010

A forte valorização do real, aliada à pesada tributação de até 40% sobre a banda larga móvel no Brasil, faz com que o país divida com o Zimbábue o topo da lista das nações com a internet mais cara do planeta. Nos dois países, o preço médio cobrado pelo serviço de terceira geração (3G), com velocidade de 2,1 megabytes por segundo (Mpbs), é de R$ 199. Com isso, os brasileiros pagam muito mais pelo acesso à rede que usuários de nações sem muita expressão no cenário mundial, como Congo, Haiti e Bangladesh. Levantamento da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) mostra que o valor médio mundial registrado para planos semelhantes é de R$ 77,48.

"Notamos uma enorme variação, com alguns países oferecendo esse serviço por menos de R$ 33,30 por mês, enquanto outros cobram mais de R$ 166,50", afirma o estudo da Unctad, produzido sobre países considerados emergentes. Os números fazem parte de um trabalho global sobre como o uso da tecnologia da informação pode contribuir para combater a pobreza ao redor do mundo. Na visão do organismo internacional, os governos de nações em desenvolvimento deveriam dar mais importância ao setor de tecnologia e comunicação a fim de reduzir a desigualdade social.

Caso houvesse mais estímulos para a criação de empresas de pequena escala, sugere a pesquisa, mais benefícios poderiam ser divididos pelas populações dessas regiões. "Microempresas estão crescendo rapidamente em países de baixa renda e podem oferecer empregos, o que gera um valor real aos cidadãos que dispõem de menos recursos e educação. Essas atividades incluem a compra e venda de computadores, a manutenção e conserto de PCs (personal computers) e o gerenciamento de lan houses", detalha o estudo.

Salto
A Unctad lembra, contudo, que poucos países em desenvolvimento mostram-se envolvidos na criação de serviços para a área da tecnologia da informação (TI). "As exportações estão geograficamente muito concentradas. Na China, de longe o maior exportador do ramo, pudemos notar uma contribuição significativa da fabricação desses produtos, que acabou atingindo positivamente a renda dos mais pobres." Todavia, mesmo com preços tão altos quando comparados aos de países desenvolvidos, o Brasil continua registrando um vertiginoso crescimento no número de acessos à internet móvel. Somente no primeiro semestre de 2010, foram 11,9 milhões de conexões via 3G, ultrapassando o volume de 11,8 milhões de usuários de serviços de banda larga fixa (cabo, fibra óptica e rede de telefonia).

Os dados divulgados pela fabricante de equipamentos de rede Huawei e pela consultoria Teleco apontam que nos três primeiros meses de 2010 houve 4,9 milhões de novos acessos móveis. Segundo a pesquisa, o crescimento da internet móvel brasileira está relacionado à baixa cobertura oferecida por serviços fixos e pelo aumento do interesse dos consumidores por celulares compatíveis com a tecnologia 3G. Em um ano, esses produtos venderam quase seis vezes mais.

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Brasileiro paga uma das maiores tarifas do mundo para ter internet no celular
Da Redação
O Globo, 16.10.2010

O custo de pacotes de dados para celular no Brasil é o mais caro entre os países pobres e em desenvolvimento, segundo estudo da Organização das Nações Unidas, com informações compiladas pela Nokia Siemens. De acordo com o levantamento, que cita dados de 2009, apenas no Brasil e no Zimbábue o preço médio do pacote de dados mensal passa de US$ 120.

Com isso, o Brasil fica atrás de países como Congo, Haiti e Bangladesh — este, o menor custo entre as 78 nações listadas no Relatório de Economia da Informação da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O custo médio mundial é de US$ 46,54 mensais.

O Brasil também tem um custo muito superior ao de seus vizinhos do Mercosul. No Paraguai, o custo médio fica abaixo de US$ 20, enquanto Argentina e Uruguai estão em torno de US$ 50, pouco acima da média mundial.

A Unctad considera, no estudo, o custo total de um pacote de tráfego de 2,1 megabytes (MB) de dados por mês, com 165 minutos de voz e 174 torpedos.

preço baixo, diz Unctad O estudo aponta ainda que o acesso móvel à internet vem crescendo significativamente nos países em desenvolvimento, o que se deve, em grande parte, ao fato de os celulares serem bem mais baratos que os computadores. Na Ásia, afirma a Unctad, os dois maiores emergentes confirmam essa tendência.

“O número desses usuários na China atingiu 233 milhões em dezembro de 2009, uma alta de 50% em um ano. Segundo dados oficiais, a Índia tinha 127 milhões de usuários de dados sem fio em setembro de 2009, um avanço de 44% em um ano”.

As assinaturas de celular devem atingir cinco bilhões este ano — quase um por pessoa em todo o planeta, segundo o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi.

Nos países industrializados, a penetração dos celulares já superou 100%, com muitas pessoas tendo mais de um aparelho ou assinatura. Nas nações em desenvolvimento, o percentual de assinaturas hoje é de 58%, enquanto nos países mais pobres está em apenas 25%.

A Unctad lembra, no entanto, que esse acesso móvel à internet tem um peso maior para os mais pobres. “Na maioria dos países, as tarifas do serviço pré-pago são mais elevados que as do pós-pago, o que significa que os mais pobres pagam mais pelo celular que os assinantes mais abonados dos planos pós-pagos”.

A chave para o uso bemsucedido do celular é a redução de seu custo, argumenta a Unctad, algo que muitos países africanos ainda ignoram.

— A Índia mostrou-nos o caminho para tornar o celular o mais barato possível, de forma que todos tenham acesso a esse tipo de equipamento — disse Supachai.

“Enquanto as operadoras de muitos outros grandes emergentes obtêm receita de tarifas elevadas e volume reduzido, na Índia a receita é gerada usando tarifas baixas e volume elevado”, argumenta a Unctad.

O resultado, diz, é que o usuário médio na Índia fala muito mais tempo ao celular que os de outros países.

O mercado indiano também se destaca por seu baixo custo.

As operadoras locais criaram modelos de negócios e estruturas que lhes permitiram lucrar com consumidores que gastam pouco. Segundo a Unctad, a Índia tem uma das menores receitas médias por usuário do mundo (abaixo de US$ 5), enquanto em Angola esta atinge US$ 25.

Tecnologia da informação pode reduzir pobreza O objetivo da Unctad foi mostrar que o uso de tecnologia da informação pode contribuir no combate à pobreza no mundo. O organismo defende que os governos dos países em desenvolvimento deem mais importância ao setor de tecnologia da informação e comunicação na estratégia de redução da pobreza.

“Microempresas estão crescendo rapidamente em países de baixa renda e podem oferecer emprego de valor real à população com menos recursos e educação. Essas atividades incluem uso de aparelhos e reparos, manutenção de computadores pessoais e gerenciamento de lan houses”, afirma a Unctad no relatório.

Mas o documento lembra que poucos países em desenvolvimento estão envolvidos na fabricação e criação de serviços para a área. “As exportações de bens de tecnologia estão geograficamente muito concentradas. Na China, de longe o maior exportador do ramo, houve contribuição significativa da produção para a renda dos mais pobres”.



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