Concurso de chororo eleitoral (lagrimas de crocodilo...)
Diplomacia e Relações Internacionais

Concurso de chororo eleitoral (lagrimas de crocodilo...)


Regredindo às emoções primitivas
Reinaldo Azevedo, 18.08.2010

Pode ser que FHC tenha chorado em público outras vezes. Lembro-me de uma apenas: na morte de sua mulher, Ruth Cardoso. Com o rosto congestionado pela emoção, também o vi nos velórios de Sérgio Motta e de Luiz Eduardo Magalhães. Talvez tivesse chorado. A “irrevogável das gentes” convoca, por óbvio, as nossas emoções. O choro, a emoção, anda em alta na política brasileira. Quando o Senado decidiu mudar a lei dos royalties do petróleo, Sérgio Cabral, por exemplo, não se conteve: debulhou-se em público! Pouco antes, as centenas de mortos nos deslizamentos de terra do Rio não lhe arrancaram um miligrama de sódio.

Lula é um chorão. O horário eleitoral de Dilma carrega no que os analistas falam de boca cheia “emoção”. Não tenho informação, mas imagino que Serra deva receber centenas de e-mails com o mesmo conselho: “Demonstre mais emoção!”. Sobre FHC, aliás, diziam os críticos, que era um político muito frio — inclinado, às vezes, à ironia e à auto-ironia.

Se bem se lembram, Collor era um homem muito “emocionado”, né? Itamar tinha lá seus momentos “mercuriais”. O presidente tucano foi sempre muito discreto, investiu muito pouco no personalismo, pôs o governo para funcionar — houve coisas fabulosas; houve o que não foi bem —, mas sem arroubos. Isso lhe rendeu a fama de “frio”. E, para variar, parte da crônica política embarcou nessa besteira.

O que será que caracteriza as democracias avançadas? O governante que se coloca de modo racional e não-personalista no debate das questões de estado ou o que gosta de manter a sociedade com a temperatura da euforia e do ódio relativamente elevada, para poder mobilizá-la para seus propósitos? O que será que caracteriza as democracias avançadas? Um dirigente que põe as instituições democráticas para conter homens ou o que põe homens para conter as instituições democráticas?

Essa conversa de “emoção” é uma das coisas mais cretinas e obtusas do debate político. Emocionado era Mussolini. Emocionado era Hitler. Emocionado é Hugo Chávez. Fidel Castro é emocionadíssimo! Dilma só despertava uma simpatia em mim: não era “mocionada”. Os marqueteiros se encarregaram de torná-la uma “fofa”.

Quanto a este escriba, posso me emocionar com as minhas filhas, com a minha mulher, com aspectos da memória familiar, lendo um poema, assistindo a uma cena de filme, até comendo pipoca. Nesses casos, posso ser bastante chorão. No que respeita à política, só instituições democráticas sólidas me emocionam. Emoção do tipo seca. Em política, os “emotivos” estão sempre a um passo da vigarice — quando não são vigaristas.



loading...

- Tempo De Eleicao, Tempo De Reflexao - Paulo Roberto De Almeida
Tempo de eleição, tempo de reflexão  Paulo Roberto de Almeida  Disputas eleitorais são momentos de paixão, e sempre vêm permeadas por muita emoção, ademais, para os mais engajados, de um comprometimento com alguma causa que...

- Eduardo Campos: A Politica No Brasil Ficou Menor, E Mais Mediocre...
Por mais divergências que eu pudesse ter com sua carreira política e com o seu pensamento, inclusive com muitos dos projetos que ele teria provavelmente para o Brasil, num sentido contrário às minhas escolhas prioritárias, eu reconheço que se tratava...

- Eleicoes 2014: Impacto Das Midias Escrita E Digital - Obervacoes Cesar Maia
Interessantes observações de um especialista em comunicação política e eleitora, aliás, vetado pelo TRE do Rio de Janeiro para ser candidatos ao Senado, por algum problema de uso de verbas oficiais quando de seu desempenho executivo na Prefeitura....

- Intervencao Nos Assuntos Internos De Outros Paises: Uma Velha Mania Do Guia Genial Dos Povos
Sempre foi assim, e parece que vai continuar sendo assim: o falastrão interferiu em TODAS as campanhas eleitorais de TODOS os paises onde houvesse um candidato que ele considerava "progressista", desde o início (2003) até agora, isso multiplicado "n"...

- A Decadencia Institucional E Mental No Brasil
Eu leio normalmente a imprensa brasileira, onde quer que esteja, o que não é difícil, hoje em dia. Pois, ao ler a entrevista abaixo, o que mais me surpreendeu não foram as respostas do entrevistado, sobre os atos de estupro institucional cometidos...



Diplomacia e Relações Internacionais








.