Diplomacia e Relações Internacionais
Como diminuir a produtividade do Brasil...
Não é difícil: basta não fazer nada, e os outros países passam na frente.
Mas também tem outras formas ativas de contribuir para a deterioração geral da competitividade no Brasil, das quais enumero apenas algumas:
1) Continuar com uma carga tributária extorsiva (aliás crescente)
2) Expandir a intrusão do Estado na vida econômica
3) Aparelhar o Estado com militantes ignorantes, desprovidos de competência
4) Aumentar o poder das corporações sobre a determinação de políticas nacionais
5) Lotear cargos públicos por critérios políticos
6) Manter uma burocracia extensiva, sujeita a delongas ou corrupção
7) Ocupar estudantes com matérias dispensáveis, e várias inutilidades, em lugar de se concentrar no essencial da boa formação escolar
8) Avançar sobre a poupança privada, impedindo maior taxa de investimento na economia
9) Deixar a infra-estrutura se deteriorar, com pouco investimento na renovação ou conservação
10) Praticar políticas setoriais de cunho partidário, inclusive na frente externa, em ligar de cuidar apenas dos interesses nacionais
Etc., etc., etc. Poderia continuar mas bastam essas para evidenciar porque o Brasil é ultrapassado de longe por outros países que partiram de bases muito frágeis (China) ou que empreenderam o caminho das reformas (Chile)
Paulo Roberto de Almeida
Prioridades erradas afetam a competitividade do País
O Estado de S.Paulo, 10 de setembro de 2010
O Brasil caiu duas posições no ranking de competitividade do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) - ficou acima da Rússia, do México e da Turquia, mas abaixo de Brunei, do Chile e do Azerbaijão, entre outros. A avaliação é anual, feita em parceria com a Fundação Dom Cabral e o Movimento Brasil Competitivo, e, de 2007 a 2009, o Brasil havia ganho 16 posições. A queda de agora é um alerta para o próximo governo.
O País saiu-se pior por causa da deficiência de políticas públicas de saúde e educação primária, do mercado de trabalho, além do enfraquecimento das agências reguladoras. Como a carga tributária não se reduziu no período, o problema não foi de falta de recursos, mas de gestão na sua aplicação. Exemplo: aplicou-se menos em saneamento básico e mais em subsídio ao crédito.
A classificação do WEF leva em conta fatores favoráveis ao Brasil, tais como as dimensões do mercado interno e o conteúdo local da produção, a solidez dos bancos e o desenvolvimento do mercado financeiro, a sofisticação dos negócios, o treinamento profissional e o ensino universitário, além do baixo custo da política agrícola.
E, apesar dos problemas da infraestrutura, os empresários consultados afirmaram que houve melhora nesse item - no qual o País passou do 74.º lugar para o 62.º lugar. "Se não fossem os transportes, especialmente na parte de estradas, o Brasil teria tido uma nota melhor em infraestrutura e, por tabela, no índice geral", notou o presidente do Movimento Brasil Competitivo, Erik Caramano.
Mas, em 139 países pesquisados, o País está em último lugar quanto ao peso da regulação pelo governo e à extensão e peso da tributação; no 136.º, por desperdício nas despesas do governo e spread na taxa de juros; e no 135.º, no tempo gasto para abrir um negócio. E ficou ainda entre os 15 piores países em rigidez do mercado de trabalho, confiança nos políticos, crime organizado, custo da violência para os negócios, qualidade dos portos e problemas aduaneiros.
Em especial, ocupou o 126.º lugar em qualidade em Matemática e Ciências e o 127.º, em qualidade do ensino primário. Da falta de conhecimento básico em Português e Matemática ao analfabetismo funcional é um passo.
Todavia, a queda do Brasil no ranking geral de competitividade neste ano se deveu a que outros países fizeram mais do que o nosso. Mais do que desqualificar os critérios do WEF, está claro onde é que se deve recuperar o terreno perdido.
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