Diplomacia e Relações Internacionais
China: referencia incontornavel na América Latina?: um sintoma apenas, entre outros...
A transcrição do anúncio da conferência abaixo não tem qualquer objetivo propagandístico, do seu autor -- a quem considero equivocado em muitos aspectos, não só das relações externas da Argentina, mas da própria América Latina, em geral -- ou das instituições ou países envolvidos neste exercício acadêmico.
Visa apenas e tão somente demonstrar, mais uma vez -- se ainda fosse necessário --, com a China, mesmo sem manter uma diplomacia especialmente ativa na região, tornou-se a referência indispensável, obrigatória mesmo, das relações internacionais da América Latina, em especial ou essencialmente na economia, mais precisamente no comércio (dentro em pouco nos investimentos e na tecnologia também).
Ou seja, não é que a China esteja tentando conquistar os países da América Latina na base de uma campanha de promoção política ou diplomática, como podem ter feito, no passado, a Alemanha nazista nos anos 1930, e depois da Segunda Guerra os Estados Unidos, no que foi designado, acertadamente, como a "americanização da América Latina". Não, ela não está fazendo nada disso, além, claro, de instalar alguns institutos "Confúcio" aqui e ali, para o ensino do mandarim, mas de maneira muito ineficiente e praticamente sem efeitos práticos.
O que a China vem fazendo é muito mais sério: ela vem, pouco a pouco, conquistando os "corações e mentes", não dos cidadãos -- que muitas vezes compram produtos chineses não por bondade, atração ou simpatia pela China, mas simplesmente por serem mais baratos e de qualidade mediana, aceitável, por enquanto --, mas dos políticos e empresários em geral, por uma razão evidente: ela puxa os preços para cima, ao manter a demanda elevada, e permitindo o escoamento de tudo o que a América Latina produz -- e se trata essencialmente de matérias primas -- em quantidades progressivamente crescentes.
Por enquanto é no comércio, mais um pouco será nos investimentos, e dentro de alguns anos será também na tecnologia, sem falar do financiamento, que vem crescendo paralela e simultaneamente.
A China se torna, de locomotiva da América Latina, uma locomotiva do crescimento econômico mundial, algo que nunca ocorreu antes com esta rapidez de mudança, como se duas placas tectônicas da economia mundial se chocassem a uma velocidade não geológica, mas histórica, a 200 kms por hora...
A América Latina se torna dependente da China, como jamais o foi dos EUA, ou como ainda não é, mas vai ser.
A conferência abaixo confirma isso: todos os políticos latino-americanos torcem para que a China não deixe de comprar seus produtos, ao mesmo tempo que os empresários olham aterrorizados para o desaparecimento progressivo de seus nichos de mercados, ou de suas empresas, simplesmente.
Acho que os latino-americanos ainda vão sentir saudades dos bons tempos do velho imperialismo americano: ele, pelo menos, a despeito de "explorar" a região -- como acreditavam e ainda acreditam certos idiotas da academia -- deixavam algo em troca: um filminho de Hollywood, hamburguers, rock e outras coisas apreciadas. Os chineses chegam apenas para "raspar" os mercados, e não se pode nem dizer que algum latino-americano pretenda imitar modos, gestos, ideologia vindos da China.
Só posso desejar sorte a esses latino-americanos incrivelmente atrasados, não necessariamente materialmente, mas certamente mentalmente.
Alguns me acham pessimista ou negativo. Acho que sou apenas realista, e costumo antecipar, em dez anos, processos e movimentos inevitáveis. Isso porque leio a história, com recuo de alguns séculos. Recomendaria aos críticos anônimos deste blog que também lessem a história.
Alguns pretendem me dar lições. Respondo apenas que eles devem ler mais, estudar a história e observar atentamente a realidade, e, sobretudo, pensar...
Paulo Roberto de Almeida
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