Caro leitor: vc quer financiar a campanha eleitoral do PCdoB? - Percival Puggina
A tese é, em si, estapafúrdia: já que empresas são seres sempre perversos, que querem sempre contaminar com o seu dinheiro sujo os nossos impolutos políticos, os companheiros querem que o nosso dinheiro, que já vai para o Fundo Partidário -- que é em si um absurdo, pois se trata também do nosso dinheiro, quando partidos devem ser financiados por quem concorda com eles, não com o dinheiro de todo mundo -- também abasteça as milionárias campanhas eleitorais. Como é que esse pessoal não tem vergonha? Então o empresário capitalista teria de financiar o militante socialista que quer acabar com a empresa privada? Ou a senhora católica teria de financiar campanhas abortistas, contra a sua vontade? A tese é de um fascismo exemplar... E sabemos que a proibição não impedirá o que já acontece, que é a imensa corrupção de partidos sobre empresas que tem diretores nomeados politicamente. Quanto é que o PT roubou da Embraer, ou da Vale, ou da Votorantim? Alguém sabe? Se essas empresas quiserem doar legalmente, que o façam. Que empresas públicas sejam extorquidas por políticos, já é demais. Bem faz o ministro Gilmar em resistir a essa ideia maluca. A cidadania precisa sair às ruas no dia 12 também contra essa proibição, que aliás não compete ao STF legislar. A reforma política não pode fazer o Brasil ficar pior do que já está. Paulo Roberto de Almeida
VOCÊ QUER FINANCIAR AS CAMPANHAS ELEITORAIS DO PT, PCdoB, PCB, PSOL, PSTU E PCO?
por Percival Puggina. Artigo publicado em
Na última terça-feira, dia 24, a CNBB cobrou do STF uma deliberação sobre a proposta, há um ano em mãos do ministro Gilmar Mendes, que acaba com o financiamento privado das campanhas eleitorais. Essa permanente dedicação da CNBB às pautas políticas sempre me impressiona. No caso, mais uma vez, a tese que a Conferência abraça é a tese do PT. O partido reinante, há bom tempo, vem reafirmando seu desejo de que o financiamento das campanhas seja proporcionado pelo Orçamento da União. Orçamento "da União", você sabe, é aquele documento que autoriza o governo a usar nosso dinheiro. Embora a maioria dos brasileiros acredite que os recursos do erário são "do governo", o fato é que o governo não tem recursos próprios. Todo esse dinheiro procede do povo brasileiro, por ele é gerado, a ele pertence e para ele deve retornar em bons serviços e investimentos. Você concorda com incluir entre suas obrigações o financiamento das campanhas eleitorais? O PT parece já haver convencido muita gente de que sim, de que essa conta tem que ser paga por nós. Entre os fieis adeptos da tese se inclui a CNBB, parceira nas boas e más horas petistas. No entanto, é bom sabermos que essa moeda tem dois lados e dois beneficiários. A decisão de acabar com o financiamento privado cria a obrigação de fazê-lo com recursos tomados do nosso bolso e define que o PT e o PMDB serão os principais beneficiados. Por serem a dupla hegemônica da política nacional, ambos abocanharão a parcela maior desses recursos. Depois de tudo que se ficou sabendo através da operação Lava Jato e do petrolão, depois de conhecida a lavagem de dinheiro público em empresas privadas para financiamento dos partidos da base do governo, essa dedicação à tese do financiamento público é de uma hipocrisia estarrecedora. Ademais, não há como impedir com segurança absoluta o financiamento privado através de caixa 2. Por fim, o financiamento público obrigatório comete contra os cidadãos uma violência que, no meu caso, se configura assim: o dinheiro dos impostos que eu pago será usado, contra a minha vontade, para financiar campanhas eleitorais de todos os partidos. Certo? Então, meu suado dinheirinho apropriado pelo Estado estará financiando as campanhas do PT, do PSOL, do PSTU, do PCdoB, do PCB, do PCO e assemelhados. Me digam se isso não é um completo disparate. ______________ * Percival Puggina (70), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de Zero Hora e de dezenas de jornais e sites no país, autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia e Pombas e Gaviões, integrante do grupo Pensar+.
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