Entre 2004 e 2013, o Brasil bloqueou US$ 400 milhões (cerca de R$ 912,8 milhões) de dinheiro lavado e escondido no exterior. Porém, somente 4% deste valor (o equivalente a R$ 40 milhões) retornaram para o país.
Segundo Isalino Giacometi Júnior, coordenador-geral de Recuperação do Departamento de Recuperação e Cooperação Internacional do Ministério da Justiça, o lento processo judicial do Brasil dificulta o repatriamento do dinheiro. Atualmente, a legislação processual brasileira só permite o retorno do dinheiro desviado quando o caso é encerrado totalmente no Brasil. Mas o excesso de recursos atrasa os processos.
Na última quinta-feira, 03, durante uma palestra no 6º Congresso dos Delegados da Polícia Federal, em Vila Velha, Vitória, Isalino destacou a importância de bloquear e repatriar o dinheiro desviado.
Segundo ele, não adianta prender membros de uma organização criminosa, pois em poucos dias seus advogados conseguirão libertá-los por meio de habeas corpus. Para ele, a forma mais eficaz de combater essas organizações seria “asfixiar” financeiramente o grupo.
“A polícia e o Ministério Público não podem pensar só em prender a pessoa, porque ela não fica presa por muito tempo. Logo consegue um recurso”, disse Isalino.
A demora na repatriação do dinheiro por conta da lentidão dos processos é impressionante. Para ter uma ideia, somente no ano passado foram repatriados os US$ 4,9 milhões desviados em 1999 pelo ex-juiz Nicolau dos Santos Neto. Na época, os escândalos das obras superfaturadas do prédio do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo renderam a prisão do ex-juiz e a cassação do mandato do então senador Luiz Estevão.
Fontes: Congresso em Foco-Brasil só resgata 4% do dinheiro lavado no exterior