Diplomacia e Relações Internacionais
Assalto a mao armada (sem urnas), apenas nos precos...
Como todo
Macaddicted, fiquei com vontade de comprar a última maravilha no mercado: os MacAir, um laptop ultrafino mas poderoso.
Já tive todos os tipos de Mac na vida, e se tivesse guardado todos eles, hoje teria um museu de quase dois andares (exagero, claro...).
Bem, sou viciado em Macs mas não sou um fundamentalista e, sobretudo, sei que depois de toda e qualquer novidade, sempre tem alguns pequenos problemas que serão ajustados na segunda geração. Assim acontece com os iPads, o que me fez decidir esperar por uma versão mais "perfeita", digamos assim, dessa "tablete" que deve tirar algum mercado dos Kindle, mas também dos próprios Macs.
Quanto aos MacAir, estou ainda em pesquisa de preços, e vocês podem imaginar como as variações são grandes, entre a pátria do consumismo e a terra do roubo declarado, que é esta aqui, do nunca antes...
Pois bem, pesquisei, transformei tudo em dólares correntes e apresento aqui os preços de venda desses bichinhos em três mercados diferentes.
O preço americano segue como referência, mas ele é, obviamente, imbatível. Só clone chinês, de má qualidade, poderia ser mais barato, mas eu não recomendo...
Vejamos pois esses preços (TODOS EM DOLARES, para fins de comparação):
1) Macbook Air 11-inch - 1.4Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 64GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 999Dubai: 1.225 (AED 4.499)
Europa: 1.403 (E 999)
Brasil: 1.999 (R$ 3.199) [exatamente o dobro dos EUA]
2) Macbook Air 11-inch - 1.4Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 128GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 1.199Dubai: 1.498 (AED 5.499)
Europa: 1.614 (E 1.149)
Brasil: 2.374 (R$ 3.799) [1,97 mais caro que nos EUA]
3) Macbook Air 13-inch - 1.86Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 128GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 1.299Dubai: 1.634 (AED 5.999)
Europa: 1.825 (E 1.299)
Brasil: 2.874 (R$ 4.599) [2,2 mais caro que nos EUA]
4) Macbook Air 13-inch - 1.86Ghz Intel core 2 duo processor - 2GB memory - 256GB flash storage - NVIDIA GeForce 320M graphics
USA: 1.599Dubai: 1.988 (AED 7.299)
Europa: 2.246 (E 1.599)
Brasil: 3.561 (R$ 5.699) [2,2 mais caro que nos EUA]
Existe alguma razão para o roubo no Brasil, ser tão descarado?
Os impostos e taxas de importação não explicam todo esse aumento de preço, na média o dobro no Brasil do que nos EUA; ou seja, com o preço de um, você pode comprar dois MacAir nos EUA, de qualquer modelo.
Os saltos incrementais, entre um e outro modelo, também são espetaculares no Brasil, o que nos coloca em face de um assalto declarado.
Senão vejamos, o salto de preço de um modelo a outro, para cima, desses quatro modelos:
Nos EUA: + 200; +100; +300 dólaresEm Dubai: +273; +136; +354 dólares
Na Europa: +211; +211; +421 dólares
No Brasil: +374; +500; +687 dólares!!!Meus caros
Macaddicted people do Brasil: vocês estão sendo assaltados cada vez que vão comprar um Mac.
Alguém ainda acha que o Brasil é um país normal?
Paulo Roberto de Almeida
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Addendum:
No mesmo dia em que eu escrevia o post acima, o André Eiras me mandava uma matéria do Globo que tenta responder a essa bizarra questão de por que o Brasil é um dos países capitalistas mais caros do mundo (relativamente). Eu diria simplesmente que é porque não somos suficientemente capitalistas.
Aqui a matéria:
Produtos no Brasil custam até seis vezes mais do que no exterior
O Globo: O Brasil é um país cada vez mais caro. Produtos simples podem custar nas lojas brasileiras mais de seis vezes o que saem seus similares no exterior, caso de uma bomba para retirar leite materno, mostra reportagem de Vivian Oswald e Martha Beck, publicada neste domingo pelo jornal O GLOBO. O PlayStation 3 chegou ao Brasil por R$ 2 mil, depois de um espera de quatro anos. Nos EUA, o mesmo equipamento sai a US$ 300, ou cerca de R$ 510. Neste caso, os tributos não chegam a quatro vezes o valor do produto. São de cerca de 70%.
Pesquisa do Movimento Brasil Eficiente indica que, enquanto um Toyota Corolla XEI 2.0 custa R$ 75 mil no Brasil, sai a R$ 58.740 na África do Sul, R$ 33.782 no Japão e R$ 32.797 nos EUA. O grupo garante que a chave do problema está na alta carga tributária. Mas ela sozinha não explica diferenças.
Especialistas afirmam que uma conjunção perversa de fatores contribui para essa distorção, da carga tributária elevada às margens de lucro exorbitantes, mas também têm forte caráter cultural. Para baixar custos, a saída de muitos brasileiros tem sido ir comprar lá fora.
Pesam também o mercado consumidor ainda em desenvolvimento, a abertura recente da economia, a falta de referência de preços e a crença de que importados são produtos de luxo e de melhor qualidade e, por isso, naturalmente mais caros
A brasiliense Cristina Madeira é apenas uma das dezenas de mães recentes que optaram por montar os enxovais de seus filhos fora do Brasil:
- Comprei no exterior, porque a qualidade dos produtos é melhor e os preços, muito menores. Comprei carrinho, roupas, cadeirinha para o carro e bebê conforto. Tudo o que trouxe para o Rafael, que vai fazer um ano agora, vai dar nele até os dois anos.
Cristina gastou R$ 5 mil com as compras. No Brasil, só o carrinho de bebê sairia a R$ 2.500.
- Há alguma coisa muito errada quando vale a pena a pessoa tomar um voo de nove horas para fazer compras no país mais rico do mundo para economizar. Para ter uma moeda forte, o país precisa passar por profundas reformas e investir em infraestrutura - avalia o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, cujo setor sofreu com a competição dos importados, mas vem se ajustando.
Os brasileiros estão sujeitos à cota de US$ 500 para passar com suas compras na aduana. Mas muitos consideram que vale a pena pagar o imposto de 50% sobre o que extrapolar.
As operadoras de turismo já identificaram o novo nicho e planejam criar roteiros de compras dedicados às jovens mães em seus pacotes aos Estados Unidos. O consumo já está em alguns roteiros. A CVC, por exemplo, lançou há um ano o pacote "Compras em Buenos Aires" e acaba de incluir na rota de Las Vegas um périplo por outlets com os quais fez acordos para garantir bons descontos aos clientes.
Para agradar os consumidores as empresas vão ter de diminuir as suas margens de lucro. Especialistas afirmam que está começando a mudar a cultura no Brasil de que as empresas podem ter margem de 100%, enquanto em países como os Estados Unidos, as empresas aplicam margens de 5% a 10%.
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