No último dia 26 de dezembro, um estudo feito pelo CEBR (sigla em inglês para Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios) e publicado pelos principais jornais britânicos apontou o Brasil como a sexta economia mundial, ultrapassando a Grã-Bretanha. Com isso, o Brasil fica atrás apenas dos Estados Unidos, da China, do Japão, da Alemanha e da França. Entretanto, o que significa esse resultado?
“Ser a sexta economia significa que temos uma produção maior de bens e serviços no cenário mundial, a sexta a produzir mais bens e serviços no mundo inteiro”, explica a economista e professora do Curso de Relações Internacionais da ESPM, Cristina Helena Pinto de Mello. Ainda segundo a economista, esse resultado, no entanto, pode ser “enganoso”.
"Apesar do crescimento da economia nacional nos últimos anos, que é resultado de políticas acertadas, isso não significa melhora na qualidade de vida do brasileiro", segundo explica Cristina.
Mais atrativo
“Ultrapassar a Grã-Bretanha aconteceu porque a moeda inglesa desvalorizou, há uma distorção monetária. Em paridade de poder de compra, o Brasil participa com 2,9% do PIB [Produto Interno Bruto] no mercado mundial, de acordo com o FMI [Fundo Monetário Internacional] e a Inglaterra com 2,8%”, diz. “Ultrapassamos um pouco porque temos eventos que vem possibilitando isso e um cenário externo muito favorável, com o papel da China na compra dos produtos brasileiros”, completa.
Apesar disso, o indicador traz algumas vantagens para o Brasil no exterior. “O país fica mais atrativo, à medida em que ele aparece e desponta com capacidade de crescimento, a gente se torna mais atraente para os capitais internacionais. Ser o sexto tem um peso significativo. Estamos bem à frente do México, Argentina e Chile, na América Latina”, comenta a especialista.
Em relação aos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e à África do Sul), “a gente tem a China, que está em segundo, mas estamos à frente em PIB per capta. Em possibilidade de crescimento nos tornamos mais atrativos”, acrescenta ainda.
Crise
O crescimento econômico do Brasil deve continuar. As projeções mundiais apontam que o país deve ultrapassar a França em 2015 e chegar ao quinto lugar. Mas, até lá, ainda é preciso cautela. Segundo Cristina, o ano de 2012 não deve ser tão promissor para o país, assim como para o resto do mundo, e a crise econômica deve afetar mais a nossa economia.
“A gente tem no comércio internacional uma fonte de crescimento grande, mas quando uma economia grande tem problemas, isso começa a repercutir nos outros países. Estamos todos interligados”, comenta a professora. “A gente tinha espaço para agir na crise anterior. Podia fazer crescer o déficit interno, reduzir juros. Mas o espaço para manobras de políticas econômicas está se esgotando. Desta vez, a crise tende a ser mais significativa”, acrescenta.
Ainda segundo Cristina, nas crises anteriores, os demais países também contavam com esses instrumentos, que agora estão se esgotando. Por isso, para 2012, ela aconselha que as pessoas façam gastos mais conscientes, não entrar em grandes dívidas. “Mas não significa que as pessoas devem deixar de gastar, porque isso compromete nossa possibilidade de expansão”, aconselha.
Investimentos
Para as empresas, o momento é de ter cuidado com as taxas de juros. “A melhor coisa que as empresas podem fazer é buscar a consolidação de parceiro e aumentar a produtividade”, afirma a economista. Além disso, o governo precisa fazer sua parte.
“A gente precisa de muito investimento em infraestrutura e educação para manter essa trajetória de crescimento. Recuperar a capacidade em investimentos produtivos e melhorar o desempenho na educação. Para chegar ao quinto lugar na economia, como está previsto”, conclui.
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