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  atualizado às 22h47

"Fuga" de senador pode afetar relações entre Brasil e Bolívia

Roger Pinto estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012



O senador boliviano Roger Pinto, em foto de 2008
Foto: EFE


O senador opositor boliviano Roger Pinto, que estava refugiado na embaixada brasileira em La Paz desde o dia 28 de maio de 2012, deixou a delegação diplomática e está no Brasil, segundo confirmaram neste sábado à Agência Efe diversas fontes, que anteciparam uma "tempestade diplomática" entre ambos os países.
"Fuga" foi a palavra mais usada por fontes diplomáticas dos dois países frente a um fato com que, embora não tenha sido confirmado oficialmente, a Efe pôde constatar com diversas pessoas próximas ao caso, tanto em La Paz como em Brasília.
"Já está no Brasil e nas próximas 48 horas convocará uma entrevista coletiva, que possivelmente será em Brasília", disse o advogado de Pinto, o brasileiro Fernando Tibúrcio, que não quis dar detalhes sobre a saída do senador por "razões de segurança".
Essa versão foi confirmada por diversas fontes diplomáticas, que inclusive disseram que o senador estava neste sábado na cidade de Corumbá, muito próxima à fronteira entre ambos os países e em frente à cidade boliviana de Puerto Suárez. Por outro lado, a família do senador foi para Brasília, e planejava se reunir "nas próximas horas" com Pinto.
Outras fontes disseram que o governo brasileiro já foi informado sobre o assunto e que houve uma reunião de emergência na qual participaram altos cargos, como o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, sobre a qual nada foi informado.



Pinto, acusado de diversos crimes de corrupção na Bolívia, se apresentou na embaixada brasileira em La Paz no dia 28 de maio de 2012, que lhe deu amparo desde então.
Dez dias depois de ter sido recebido na embaixada, o governo da presidente Dilma Rousseff lhe outorgou a condição de asilado político, mas a Bolívia se negou a conceder-lhe o salvo-conduto necessário para viajar ao Brasil, sob a alegação que ele deve responder a diversas acusações de corrupção.
De fato, em junho passado, Pinto foi condenado a um ano de prisão por um tribunal boliviano que o declarou culpado de danos econômicos ao Estado calculados em cerca de US$ 1,7 milhão.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que tinha previsto viajar neste sábado para a Finlândia para uma visita oficial, disse em junho que o Governo de Dilma "garantia" a "segurança" do senador boliviano. Ele também explicou que o Governo brasileiro prosseguia com "negociações confidenciais" com as autoridades bolivianas para tentar "solucionar" a situação de Pinto.
Algumas das fontes diplomáticas consultadas pela Efe disseram que a Bolívia prepara uma "resposta duríssima" para a saída de Pinto da embaixada e que em La Paz se considera que houve uma "ruptura" da "confiança" entre ambos os Governos.
O único pronunciamento oficial sobre o assunto foi feito, embora mediante sua conta na rede social Twitter, pela ministra de Comunicação boliviana, Amanda Davila, dizendo que a saída de Pinto "deve ser confirmada pelo Brasil via diplomática"
Amanda enfatizou que o salvo-conduto para que Pinto deixasse a Bolívia, que o governo de Evo Morales negava, "era imprescindível", por isso que se estaria frente a uma "suposta fuga". "O governo boliviano não deu, porque a lei o impede, nenhum salvo-conduto a Pinto, para o Brasil nem para outro país", ressaltou Amanda.
Também via Twitter, o vice-ministro de Gestão Comunicacional da Bolívia, Sebastián Michel, sustentou que "quem tem que oficializar a saída de Pinto é a embaixada do Brasil" e que as autoridades de La Paz não podem "especular".
Mas o ex-governador opositor da região amazônica boliviana de Beni Ernesto Suárez se uniu a quem confirma a saída de Pinto e, também nessa rede social, comemorou o fato de que "finalmente pôde se reunir com sua família um grande amigo, um perseguido político".


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Senador boliviano veio ao Brasil com Eduardo Sabóia

25 de agosto de 2013 | 20h 21
LISANDRA PARAGUASSU - Agência Estado
O senador boliviano Roger Pinto Molina foi trazido ao Brasil pelo encarregado de negócios da embaixada em La Paz, o ministro Eduardo Sabóia, que estava no comando da embaixada desde o início de julho. O diplomata foi chamado neste domingo (25) de volta a Brasília pelo Ministério das Relações Exteriores, que abriu inquérito para investigar a entrada do senador boliviano no Brasil - aparentemente, feita sem conhecimento do Itamaraty.
De acordo com o relato do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES), Molina viajou em uma comitiva de dois carros da embaixada, com placas consulares, e acompanhado não apenas de Sabóia, mas de dois fuzileiros navais que fazem a segurança da embaixada. Nas missões no exterior, os militares respondem não ao Ministério da Defesa, mas ao chefe da representação consular - no caso, Saboia.
Ao final de uma viagem de 22 horas de carro, onde passaram por cinco controles militares, inclusive na fronteira, o diplomata teria ligado para Ferraço. "Ele me ligou e disse que estava com o senador em Corumbá mas não tinha como levá-lo até Brasília. Eu tentei falar com o presidente do Senado (Renan Calheiros) e com outras autoridades, sem sucesso. Então consegui um avião e fui buscá-lo e levá-lo para Brasília", contou Ferraço. Pinto Molina está desde a madrugada passada na casa do senador brasileiro e dará uma entrevista na CRE na próxima terça-feira.
Plano. Ferraço diz que Sabóia contou a ele que vinha conversando há algum tempo com o Itamaraty sobre a situação do senador boliviano. "Ele me disse que falou que a situação estava se tornando inadministrável, que Molina estava com depressão, que sua saúde estava se deteriorando. Ele se sentia frustrado com a falta de uma solução e disse que se tivesse uma oportunidade ia resolver", explicou Ferraço. "Não sei se o governo acreditou".
O senador brasileiro disse que não conversou sobre os detalhes de planejamento da fuga de Molina e não pode garantir, mas acredita que a iniciativa foi do diplomata, em uma atitude "ousada e corajosa". Se tomou a decisão sem esperar a aprovação do Itamaraty, Sabóia possivelmente criou um problema para sua carreira diplomática e pode ser responsabilizado por criar um constrangimento para o governo brasileiro.
Na última quinta-feira, em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Antonio Patriota afirmou que a libertação de Molina estava sendo "negociada no mais alto nível", mas que o governo brasileiro se recusava a tirá-lo da embaixada sem garantir sua segurança. Mas, no início de junho, o Itamaraty informava nos bastidores que negociava uma "saída discreta" para o caso, em que o presidente Evo Morales permitiria a saída de Molina em segurança, mas sem dar o salvo-conduto.
Hoje, diplomatas se recusaram a fazer qualquer comentário sobre o caso além das informações que constavam da nota divulgada pela manhã. 



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