Série de livros procura rever a história do "Brasil nação" |
Sábado, dia 01 de Outubro de 2011 às 09:40hs Ao desembarcar no Brasil com a corte portuguesa, em 1808, o príncipe d. João 6º encontrou um mercado interno dinâmico, com taxas expressivas de crescimento de produtos como farinha e charque. A ideia de autonomia econômica na colônia, decorrente de estudos recentes, contraria a tradicional interpretação de um mercado que só despejava riquezas no exterior. Ela é defendida pelo sociólogo Jorge Caldeira no ensaio que lhe cabe no primeiro dos seis volumes da série "História do Brasil Nação", que a Objetiva lança de hoje a 2013, dentro de um trabalho continental da Fundación Mapfre. Sob o nome "América Latina na História Contemporânea", o projeto da instituição espanhola ambiciona traçar de forma acessível e inovadora a trajetória do continente desde as independências locais. Por ora, com o Brasil, dez países já têm suas edições. "A meta é que seja referência na academia e para o público geral", diz Pablo Jiménez Burillo, idealizador da série. A direção aqui ficou com Lilia Mortiz Schwarcz, que coordena um dos volumes. Alberto da Costa e Silva, José Murilo de Carvalho, Angela de Castro Gomes, Daniel Aarão Reis, Boris Kossoy e Vladimir Sacchetta dividem-se nas coordenações dos outros volumes, incluindo um iconográfico. Cada livro abrange algumas décadas e inclui textos de cinco especialistas, divididos entre sociedade, política, internacional, economia e cultura. Sem notas de rodapé, para não restringir o público. "Temos rica tradição em obras sobre o Brasil escritas por historiadores para público leigo e interessado", destaca Roberto Feith, editor da Objetiva. Está certo que, nos últimos anos, o interesse maior coube a obras de jornalistas como Laurentino Gomes, que vendeu 1,2 milhão de cópias de seus "1808" e "1822". "Ele mesmo diz que o que faz não é pesquisa, é compilação", diz Lilia, que ressalta o fator coletivo e olhares inovadores entre os diferenciais da coleção. Inovador até para historiadores da série. Coordenador do volume 1, Alberto da Costa e Silva, por exemplo, não entende como pode o quinto volume, coordenado por Daniel Aarão Reis, chegar até 2010. "A história começa quando a geração se acaba", argumenta, ao que o colega rebate: "Muitos colegas acham que a história termina no fim do século 18, então toda nossa coleção está sob crítica." |