Um problema nacional, e de politica externa: as drogas da Bolivia
Diplomacia e Relações Internacionais

Um problema nacional, e de politica externa: as drogas da Bolivia


Não adianta "tampar" (como já disse alguém) o sol com a peneira. Este é um problema real, que exige soluções reais, efetivas, mais do que simples conversa mole.
Meu único papel aqui é o de informar...

CCJ faz audiência sobre tráfico de drogas da Bolívia para o Brasil
Reinaldo Azevedo, 3.08.2010

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado fará amanhã (4.08.2010) uma audiência pública para debater o tráfico de cocaína da Bolívia para o Brasil, que cresceu enormemente depois da chegada de Evo Morales à Presidência daquele país. O requerimento foi apresentado pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO). “Somos o segundo país das Américas em número de usuários de drogas, perdendo apenas para os Estados Unidos. Não podia imaginar que nosso país fizesse parte de um ranking negativo como esse”, afirmou a senadora.

Mais de 70% da cocaína consumida no Brasil — inclusive a parcela destinada ao crack — vem da Bolívia. “O mais grave é que existem fortes indícios de que essa droga chegue ao Brasil com a cumplicidade do governo. Com essa discussão, a população conhecerá as ações de combate ao tráfico de drogas e os procedimentos adotados na fronteira quando o assunto é essa relação entre Brasil e Bolívia”, afirmou Kátia.

A senadora está sendo polida. Há mais do que “indícios”. Há mesmo a certeza. A produção de pasta de coca cresceu muito na Bolívia sob o governo Evo. Ele próprio se encarregou de criar campos novos de cultivo da folha em áreas fronteiriças com o Brasil. Não há consumo ritual que justifique esse incentivo, uma vez que, para esse propósito, o país já produz muito mais do que pode mascar. Segundo a ONU, 64% da produção se transforma em cocaína e crack. E o Brasil é o grande “comprador”. Evo também recusou um programa de ajuda dos Estados Unidos que dava incentivo à cultura de alimentos em vez do cultivo da coca.

O sacerdote aimará que deu posse simbólica a Evo Morales e principal representante do consumo ritualístico da folha foi preso com 250 quilos de… cocaína líquida! Em Chapare, berço político de Evo, a quase totalidade da produção das folhas 93% (!!!) vira cocaína e crack. A demanda cresceu tanto que o país já está importando matéria-prima do Peru!!!

A audiência da CCJ reunirá o Coordenador Geral de Polícia de Repressão a Entorpecentes, Oslain Campos Santana; o Promotor de Justiça do Mato Grosso do Sul Tiago Di Giulio Freire; o Secretário Nacional de Segurança Pública Substituto, Alexandre Augusto Aragon; o Coronel da Aeronáutica Cassiano Cordeiro Batista, e o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.

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Addendum (datado de 4.08.2010):

Chefe da Polícia Federal confirma, na prática, o que disse Serra: governo da Bolívia é conivente com o narcotráfico
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010

Noticiei ontem aqui, vocês devem se lembrar, que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado, por iniciativa da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), realizaria hoje uma audiência sobre o tráfico de drogas da Bolívia para o Brasil. Pois bem. Leiam o que informa a Folha Online. Volto em seguida:

PF diz que Bolívia aumentou plantação de coca no governo de Evo Morales
Por Gabriela Guerreiro
Folha Online, 4.08.2010

O diretor-geral da PF (Polícia federal), Luiz Fernando Corrêa, disse nesta terça-feira que a Bolívia aumentou sua plantação de coca no governo do presidente Evo Morales. Ao participar de audiência pública na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado para discutir o narcotráfico na Bolívia, o diretor da PF disse que mais da metade das drogas consumidas no Brasil são produzidas no país vizinho, maior fornecedor de cocaína ao Brasil.

“O que é público e notório que a ONU [Organização das Nações Unidas] atestou em seu relatório é que a área plantada [de coca no governo Morales] aumentou. No mínimo, em torno de dois terços ou pouco mais da metade da droga que se apreende no Brasil comprovadamente é boliviana. Então, nós temos que enfrentar a questão da matéria prima, da oferta lá na origem, além dos cuidados de contenção de fronteira”, afirmou.

Corrêa disse que a PF firmou parceria com o governo boliviano para combater o narcotráfico na região, embora o país ainda esteja no processo inicial de articulação contra a ação dos traficantes. “Lá esbarramos em questões culturais, a folha de coca é sagrada. Mas isso se destina ao narcotráfico e o Brasil é um desses destinos dessa produção ilícita.”

Segundo o diretor da PF, o governo brasileiro não pode “invadir a soberania” boliviana para erradicar as plantações de coca, mas deve criar mecanismos para separar o consumo para “fins culturais” do tráfico internacional. “Já temos oficiais de ligação em território boliviano trabalhando no campo da inteligência que tem nos permitido identificar e prender pessoas e carregamentos e também auxiliá-los.”

Corrêa disse que o trabalho da Polícia Federal é “muito maior” do que simplesmente evitar o ingresso de drogas ilícitas no país. “Tudo isso é enxugar gelo se não tratarmos a questão da oferta”, afirmou.

Na audiência, Corrêa defendeu a criação de uma rubrica específica no Orçamento Geral da União para a ação de combate ao narcotráfico nas fronteiras do Brasil com a Bolívia e o Paraguai –maior exportador de maconha ao país.

“Queríamos que esse esforço compartilhado tivesse uma rubrica própria. Se não, essa ação permanente de controle de fronteira quando tiver restrição orçamentária, pára. E no momento que parar, o tráfico vai se segurar porque não estamos presentes”, afirmou.

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) disse que o percentual destinado no Orçamento da União à PF não é empenhado integralmente, o que prejudica as ações do órgão. Segundo a senadora, nos primeiros seis meses deste ano a Polícia Federal recebeu R$ 141 milhões dos R$ 2,7 bilhões destinados na dotação orçamentária para a instituição.

POLÊMICA
Em maio, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, provocou polêmica a afirmar que o governo da Bolívia é “cúmplice” do tráfico de cocaína para o Brasil.

Na época, o governo boliviano rechaçou as acusações do tucano ao afirmar que os dois países realizam “ações conjuntas na luta contra o flagelo do narcotráfico” e que Morales ratificou seu compromisso contra as drogas. O governo boliviano atribuiu as palavras de Serra à disputa eleitoral.

Candidata do PT, Dilma Rousseff disse que o tucano “incriminou” o governo boliviano sem provas.

Comento [Reinaldo Azevedo]
1 - Se eu disser que, segundo a PF, o tucano José Serra estava certo, e a petista Dilma Rousseff, errada, corro o risco de ser punido pelo TSE?;
2 - Se eu disser, mais uma vez, que o governo Lula mantém “vínculos especiais” com um outro governo leniente com o narcotráfico, o PT pode pedir, e conseguir, direito de resposta, ainda que eu apresente ao TSE a informação prestada pelo diretor geral da Polícia Federal?

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Et encore [certos jornalistas exageram; ficam pegando no pé...]

PT tem de pedir direito de resposta ao diretor-geral da PF, né?
Reinaldo Azevedo, 4.08.2010

Acho que o PT e a candidata Dilma Rousseff têm de entrar na Justiça pedindo direito de resposta ao diretor-geral da Polícia federal, Luiz Fernando Corrêa. Ele confirmou que a produção de coca na Bolívia cresceu muito sob o governo Evo Morales, com o que Lula e Dilma não concordam. Acham que isso é puro preconceito do tucano José Serra contra o índio de araque.

Ou, então, é preciso arrumar uma outra autoridade na PF para falar o contrário. Se não for assim, a campanha fica muito desequilibrada. Não dá para todo mundo ficar falando a verdade. O PT tem de exigir o “outro lado”.



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