Politica externa do Brasil: reescrevendo a historia (para tras...)
Diplomacia e Relações Internacionais

Politica externa do Brasil: reescrevendo a historia (para tras...)


Só pode ser para trás, para justificar o que veio depois.
"Para o ministro [Celso Amorim], o principal legado do governo do PT no Itamaraty é a "afirmação de uma política externa independente, não-subserviente"."
Então ficamos assim: até o final de 2002, o Itamaraty era composto de dependentes e subservientes. Tivemos de esperar 2003, para inaugurar a era da independência.
Isso inclui todos os que trabalhavam lá antes, se supõe...
Paulo Roberto de Almeida

Amorim: fracassos não atrapalham novo papel na política externa
Eduardo Graça - de Nova York
Portal Terra, 20 de setembro de 2010

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou nesta segunda-feira, em Nova York, nos Estados Unidos, que os "fracassos" da política externa brasileira não "atrapalharam" o novo papel do Brasil no mundo. "A lista de fracassos da política externa brasileira no governo Lula é imensa. Mas todos, inclusive nossos críticos mais virulentos, reconhecem que o Brasil tem hoje um novo papel no mundo. Pode até não ser por conta da política externa, mas ela não atrapalhou", afirmou.

Em maio, Brasil e Turquia fecharam um acordo com o Irã para a troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear, mas o Conselho de Segurança da ONU, três semanas depois, aprovou novas sanções contra o país. O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, rejeita suspender o enriquecimento de urânio, material de uso militar e civil. A comunidade internacional não aprova o programa nuclear iraniano porque teme que o país tente fabricar armas nucleares.

"Criticavam nossa ênfase em relação aos países em desenvolvimento e à África. Hoje, leio nos EUA artigos dizendo que a África, em conjunto, tem um PIB equivalente ao de um Bric (g'rupo formado por Brasil, Rússia, Índia e China), a importância é clara. Quem sabe agora a imprensa brasileira não valoriza nossa aproximação estratégica com a África?", disse Amorim, em entrevista coletiva após reunião da Comissão Interina para a Recuperação do Haiti, com a presença da secretária de Estado americana, Hillary Clinton. Para o ministro, o principal legado do governo do PT no Itamaraty é a "afirmação de uma política externa independente, não-subserviente".

Segundo o chanceler, houve uma ênfase no incremento do processo de integração com os países latino-americanos, incluindo um aumento de comércio gigantesco com os países andinos. "Hoje, 47% da exportação manufatureira do Brasil vai para a região, um aumento de mais de 300% desde o início do governo Lula. Mas o maior ganho, para nós, é a paz na região, a manutenção da estabilidade democrática", disse.

Na quinta-feira, Amorim fará um balanço dos oito anos de política externa do governo Lula na abertura da Assembleia-Geral da ONU. O ministro também se reúne esta semana com os representantes dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), onde enfatizará a necessidade de se ajudar o Guiné-Bissau. "Não apoiamos nenhuma solução punitiva. O Brasil pode ajudar na reforma militar necessária em Bissau, mas precisamos do apoio financeiro da Comunidade Europeia. É preciso garantir um sistema de pensões, com a aposentadoria de oficiais, para que os militares se afastem da vida política de Bissau. Repito: uma atitude de isolamento político será infrutífera em relação a Bissau", afirmou.

Reforma no Conselho de Segurança
Na pauta de encontros do chanceler brasileiro estão conversas com lideranças compromissadas com a reforma do Conselho de Segurança da ONU, uma das grandes ambições da política externa do governo Lula. "A reforma é um processo. O que queremos agora é evitar um retrocesso. Há resistência tanto de membros do atual Conselho quanto de outros países que não concordam com o aumento de vagas. Mas não se pode manter uma estrutura que reflete a geopolítica de um mundo que existia há 65 anos. A credibilidade do Conselho de Segurança é maculada quando o órgão não representa mais a realidade internacional", disse. Na sexta-feira, o ministro se reúne com os chanceleres do G-4, que conta ainda com Alemanha, Índia e Japão, outros três países interessados em vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

"Um episódio que reflete como a defesa de um aumento das vagas não-permanentes não resolveria a reforma do Conselho de Segurança foi o das sanções contra o Irã. Eu soube da resolução por uma agência de notícias, enquanto os países do Conselho diziam que queriam nossa ajuda e da Turquia. É uma atitude desrespeitosa", afirmou.

Amorim também disse não "haver necessidade de explicação para a ausência do presidente Lula à Assembleia deste ano". "Não se trata de uma cúpula, e ele veio em todos os outros anos, sendo que em 2005 participou apenas das primeiras atividades. Com o calendário político brasileiro, é bastante natural a ausência do presidente. Sua presença no Brasil, agora, é muito importante", disse.

Recursos para o Haiti
O ministro disse ainda que, durante a reunião sobre o Haiti, a secretária Clinton parabenizou a liderança brasileira nos esforços de recuperação do país, devastado por um terremoto há pouco mais de nove meses. "Somos um dos poucos países que enviaram 100% dos recursos prometidos para o Haiti. Dos US$ 55 milhões, 15 já foram utilizados e gostaríamos que os 40 restantes fossem para o projeto da Barragem de Artibinite, que levará energia elétrica para mais de 1 milhão de haitianos. Obviamente, serão necessários mais recursos para finalizar a obra, quem sabe vindos do Canadá e dos EUA. Mas é fundamental enfatizar que a barragem foi um pedido de Porto Príncipe. O Haiti é um país soberano e não uma coleção de projetos", disse Amorim. Dos EUA, o ministro segue para a capital haitiana onde entregará o projeto da barragem especialmente ao presidente René Préval.

Amorim chegou a Nova York no domingo, vindo de Cuba, onde tratou de temas diversos, como a experiência do Brasil no fortalecimento de pequenas e médias empresas, fundamental para as novas diretrizes econômicas do governo Raúl Castro. "Foi um a atitude corajosa a de colocar 500 mil pessoas, 12% da força produtiva fora do serviço público. Mas não vou tratar de temas específicos aqui, como a questão dos dissidentes. Manifestei nosso agrado em relação à liberação recente de presos políticos. Temos um bom diálogo com o governo cubano, somos respeitados justamente por não enfatizarmos reações estridentes que não levam a nada", disse.

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