Plano B... E não é de Brasília que eu tô falando
Diplomacia e Relações Internacionais

Plano B... E não é de Brasília que eu tô falando


Primeiríssimo lugar e antes que eu me esqueça:

SEUS LINDOS E LINDAS QUE ME MANDAM EMAIL E/OU COMENTÁRIOS! AMO VOCÊS.

Essa semana recebi dois emails de pessoas que também estão nessa longa jornada e quero agradecer do fundo do coração. Obrigada pelo apoio, por acompanhar o meu cantinho, por contar um pouquinho da vida de vocês. Garanto que todos vocês que comentam tem um lugarzinho muito especial no meu coração!

Pois então, depois de levar um "puxãozinho de orelha básica" de um assíduo seguidor estou de volta...

Queridos vou abrir meu coração e compartilhar minhas incertezas aqui. Tudo parecia tão certo pelo aval dos meus pais em me mandar para Brasília, acreditar (e bancar) meu sonho. Já havia falado com muitas pessoas e foram unânimes em dizer "Vá para Brasília, pois é onde o fervo acontece!". Então que seja feita a nossa vontade assim na Terra como no Céu, já dizia o Pai-Nosso!

Ontem, conversando com uma pessoa, amigo de um amigo da minha mãe e o cidadão muito viajado, perito judicial me disse: "Brasília é podre!" "Só tem 25 anos e não tem experiência de nada!" "Se você acha que em Brasília é tudo certinho, você vai quebrar a cara e vai se assustar com o que ver" "Você não pode ter tudo que quer"... Entre outras pérolas do gênero... Sem contar uma insinuação porca de que eu ficaria chocada com possíveis propostas indecentes, mesmo estando dentro do Itamaraty. Como tem pessoas que dizem imensuráveis absurdos como esse sem absolutamente qualquer propriedade! A boca só fala daquilo que o coração está cheio!

Abro um pequeno parênteses falando de mim. Desde que me conheço por gente, sou uma pessoa que não se seduz por vantagens fáceis ou pseudo-oportunidades. Desconfio e muito desse tipo de coisa. Já dizia um ditado oriental que "o caminho curto é o caminho certo". Amados, confesso a vocês que nem por um segundo da minha vida eu abri mão dos valores que aprendi em casa. É de escrúpulos que esse mundo precisa. Sofri muito e claro que dúvidas me acometeram, aquela coisa de hipóteses... "Se eu não fosse assim..." Mas olhando para trás, não me arrependo de nada.

Mas digo a vocês que não tem absolutamente NADA que pague colocar a cabeça no travesseiro sem dever nada a ninguém, ter a consciência tranqüila (vai com trema mesmo!) de que fez o máximo com o que tinha a sua disposição e da melhor maneira perante a situação que se apresentava.

Seria uma inocência em não aceitar que o mundo é um caos, que assim como existem pessoas que nos inspiram com seu exemplo de vida, igualmente existem pessoas que encarnam tudo o há de mais baixo. Tenho plena ciência de que eu deverei estar preparada para lidar com situações que vão não só mexer com minhas convicções éticas e morais mais arreigadas, mas como me darão, mesmo que da maneira mais dura, a experiência de saber como o mundo realmente funciona e que possivelmente ficarei numa encruzilhada. Mas até jogo de cintura a gente aprende a fazer de forma que dê para conciliar valores com interesses. É necessário indubitavelmente. Ossos do ofício.

Para completar o cidadão me fez a seguinte pergunta: "O que você quer da vida?". E eu respondi sem titubear "Eu quero ser feliz, porquê?" e por fim, o cara saiu com essa:"Que conceito vago esse!"

Então alguém por gentileza me responda: para que diabos a gente veio a esse mundo, senão para buscar a felicidade e realizar as boas aspirações, fazendo o mundo melhor e de nós melhores pessoas?

Fecho o meu parênteses e fui para aula de espanhol totalmente no piloto automático, remoendo e tentando ruminar aquele discurso pessimista, não vendo a hora de chegar em casa.

Por óbvio, houve uma discussão pesada aqui em casa por causa desse infeliz! Que raiva! E todo o apoio que eu tinha meio que evaporou e nisso meu pai me saiu com essa:

"Com tantos concursos para fazer, você só quer a carreira diplomática! Não pode ser uma funcionária da Receita ou da Polícia Federal?"

Disse a ele que não quero ser uma pessoa frustrada para o resto da minha vida por não ter ido atrás do que eu realmente queria e que meu objetivo continuava sendo, como exaustivamente eu já repetia a ele desde antes de me formar que é entrar no Itamaraty.

E depois desse folhetim que lhes descrevi (que vocês devem estar pensando "Desembucha logo, minha filha!"), meus pais e eu nos vimos na necessidade de ter URGENTEMENTE um PLANO B, na sua acepção mais literal do termo, que responderia a seguinte e capciosa pergunta:

SE EU NÃO FOR DIPLOMATA... O QUE VOU FAZER DA MINHA VIDA?

Juro que não consegui conter as lágrimas ao pensar nisso. Primeiro porque não vou poder (e nem quero) depender do PAItrocíno para todo sempre. Segundo porque não tenho o perfil de iniciativa privada, meu perfil sempre foi de "iniciativa pública". Terceiro porque pode até parecer meio bobinho, tendo em conta os flagrantes problemas que o Brasil ainda tem, mas eu acho que é uma distinção ímpar servir o seu país e levar um pouquinho de todas as matizes dele para que o mundo o conheça.

Só que o PRINCIPAL EMPECILHO é o custo desse sonho! Já é fato público e notório de que o custo de vida de Brasília é caro para quem vem de outro Estado exclusivamente para estudar, não tendo um emprego fixo. Não cheguei a fazer um cálculo sério, mas todas as pessoas com quem eu falei, afirmaram que o investimento mensal que meus pais teriam que fazer para que eu pudesse se viver moderadamente bem em Brasília SÓ PARA ESTUDAR, beire de 2,000 a 3,000 reais, incluindo-se apenas o básico que seria dividir um apartamento, fazer um preparatório e mais algum curso complementar, utilizar-se de transporte público e alimentação em casa. Sem baladas, saídas de lazer ou algo do gênero.

Não dá para simplesmente fechar os olhos e ignorar essa variável, pois me enviar um montante desse calibre TODO o mês, ou mesmo que eu trabalhasse num meio-período e que meus pais me dessem a metade, é MUITO DINHEIRO e claro que haveria um comprometimento sério nas finanças. Logo, meus planos de ir a Brasília, pelo menos no presente momento estão cancelados.

E como se TUDO isso que eu coloquei aqui não bastasse, a derradeira pergunta que não quer calar: e se os anos passassem e eu "morresse" na praia? Teria sido um investimento em vão? Não teria sido melhor ter investido esse montante numa viagem, num intercâmbio ou mesmo empregado minhas energias numa outra área?

À essa pergunta eu particularmente não quero responder. Não sem ter tentado de todas as formas entrar no Itamaraty. E minha mãe, no alto de sua sabedoria de mãe, antes de eu ir dormir simplesmente me disse: eu te apóio e a mim resta orar e acreditar.

Dormi mal e acordei hoje um bagaço!

Ao procurar algum alento no google (veja a que ponto chegamos!), me deparei com um texto lindo, escrito por um diplomata do qual eu admiro muito. Ele se chama Paulo Roberto de Almeida e tem vários blogs e textos por aí.

O título desse texto é SER DIPLOMATA

E numa das passagens ele pega o ponto nevrálgico tema desse post:

"Se soubermos bem responder a esta questão, “o que eu faria se não fosse diplomata?”, já se tem meio caminho andado para ser um bom diplomata..."

E depois de ler todo o texto, eu achei a reposta para mim: trabalhar num organismo internacional.

É esse todo o meu desabafo!

PS: Vocês devem estar querendo comer meu fígado pelo post longo, mas eu estava precisando... MUITO!



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