Petrobras: gestao companheira pode rebaixar classificacao de risco
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Petrobras: gestao companheira pode rebaixar classificacao de risco


Projeção de endividamento põe nota da Petrobrás sob risco de rebaixamento

Caso as agências rebaixem estatal, empréstimos vão ficar mais caros, ações serão vendidas e capacidade de investimento será limitada 

22 de janeiro de 2013
Sabrina Valle, de O Estado de S. Paulo
 
RIO - A luz amarela sobre o endividamento da Petrobrás foi acesa dentro da empresa, jogando mais pressão por um aumento de combustíveis antes da divulgação dos resultados do quarto trimestre. Segundo fontes da companhia, a estatal ultrapassou a barreira que é usada como referência por agências de classificação de risco - nível de alavancagem de 2,5 vezes a relação entre dívida líquida sobre a geração de caixa medida pelo Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização).
A partir desse patamar de 2,5 vezes, a petroleira passa a conviver com o risco de ter sua nota rebaixada pelas agências internacionais, o que deixaria empréstimos mais caros, forçaria a venda de ações e limitaria a capacidade de investimento da empresa, com reflexos negativos para toda a cadeia de fornecedores.
Projeções internas dão conta de que, em parte do quarto trimestre, esse limite teria ultrapassado a relação de 2,6 vezes. A luz vermelha acende ao redor do 3. No mês passado, a agência Moody’s já colocou a Petrobrás sob perspectiva de um possível rebaixamento da nota da dívida, o primeiro sinal negativo vindo do mercado.
A projeção interna acima de 2,6 vezes era parcial, pois o resultado do quarto trimestre não estava fechado - a apresentação dos resultados ocorrerá no próximo dia 4 de fevereiro. Espera-se que o reajuste do diesel e da gasolina saia até esta data.
Dessa forma, a empresa divulgaria ao mercado a má notícia (o rompimento do nível de 2,5 vezes) já com um alívio (o aumento) para o caixa.
"O rebaixamento não é automático, e ninguém o faria em véspera de reajuste. Mas é uma ameaça que ronda a Petrobrás", disse o analista de petróleo da BES Securities do Brasil, Oswaldo Telles Filho.
O possível reajuste, estimado em 7% para a gasolina e até 5% para o diesel, no entanto, não seria suficiente para deixar a companhia em níveis confortáveis, apenas amenizaria a piora na relação de endividamento. "Ajuda a não piorar, mas não resolve", diz uma fonte da companhia. Na área de captação há grande preocupação com o indicador.
A Petrobrás ganhou em 2007 grau de investimento, classificação que lhe permite melhores condições para se financiar no mercado internacional.
Em 2009, mudou o patamar da dívida, com alta de US$ 25 bilhões, e desde então há piora.
Relação. No terceiro trimestre, a relação dívida líquida/Ebitda ficou em 2,42 vezes, bem acima da 1,66 vez do quarto trimestre de 2011. Segundo cálculos do analista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), um aumento de 7% para a gasolina e 5% para o diesel reduziria a relação entre 0,05 e 0,07 ponto.
Ou seja, mesmo com o aumento nos combustíveis a Petrobrás ainda correria o risco de manter o indicador acima de 2,5 vezes. "Seria um descanso, mas estaria longe de resolver o problema da companhia", disse Pires. "Mas a inflação está crescendo a galope, estou descrente quanto a um reajuste neste mês."
O balanço mais recente (3.º trimestre de 2012) diz que o endividamento líquido em reais da Petrobrás aumentara 30% em relação ao ano anterior, para R$ 133,9 bilhões, em decorrência de captações de longo prazo e do impacto de uma depreciação cambial de 8,3%.
Outro analista que prefere o anonimato diz que a petroleira teria caixa próprio para sobreviver por apenas mais um ano: "A evolução da dívida é extremamente preocupante. O governo e o conselho de administração estão apostando em fartura no financiamento, mas isso pode acabar de uma hora para outra".
O mercado aposta em aumento de cerca de 7% para a gasolina e até 5% para o diesel, já que essa é a diferença que falta para que seja atendida a previsão do plano de negócios da companhia 2012-2016.
O documento previa alta de 15% de forma a viabilizar os US$ 236,4 bilhões em investimentos, e apenas parte foi concedida no ano passado.



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