Pausa para... um filme: Trem noturno para Lisboa
Diplomacia e Relações Internacionais

Pausa para... um filme: Trem noturno para Lisboa


Infelizmente, ainda não terminei de ler o romance, filosófico como poucos...
Paulo Roberto de Almeida

Berlim – Trem noturno para Lisboa

Correio do Brasil, 15/2/2013 14:12
Por Rui Martins, de Berlim

Thriller político reúne resistentes ao salazarismo e torturadores da PIDE portuguesa.
Baseado num livro best-seller, Trem noturno para Lisboa é o longa metragem mais próximo do Brasil, exibido no Festival de Berlim. Embora não seja falado em português, os atores Jeremy Irons, Melanie Laurent, Jack Huston e Martina Gedek tentam dar um sotaque luso ao inglês, som no qual foi rodado o filme. Na verdade, o filme poderia ter sido feito em alemão, pois o livro no qual se inspirou, vem de Berna. Conta a história de um professor da Universidade de Berna, mas foi também escrito por um professor de filosofia dessa universidade. Ex-professor porque como o livro vendeu mais de dois milhões de exemplares, o professor Peter Bieri deixou Berna e vive atualmente em Berlim.
Quando escreveu o livro, romance contando justamente a busca de um professor de Berna, em Lisboa, de um filósofo e poeta português, preferiu utilizar um pseudonimo Pascal Mercier, pois como contou numa entrevista ao Diário de Notícias, de Lisboa, temia, na época, as consequências de sua audácia sobre sua carreira universitária.
Ainda mais que, num certo momento, a personagem do filme, Raimund Gregorius, fala de Berna como cidade entediante, mais ou menos como Clarice Lispector contava ao seu amante Samuel Wainer, quando era obrigada a viver em Berna, acompanhando seu marido diplomata brasileiro.
Porém, os temores de Peter Bieri eram infundados. Seu livro não se restringiu ao pequeno mundo suíço, mas teve sucesso em toda a Europa, tanto que o cineasta Bille August foi escolhido para fazer sua transposição para o cinema. E assim Comboio ou trem noturno para Lisboa, se transformou num filme de quase duas horas, bem menos que tempo necessário no longo trajeto de um trem noturno, nos anos 70, de Berna a Lisboa.
Ao salvar uma jovem portuguesa que tentava se jogar da ponte do Kirchenfeld, em Berna, o professor Raimund descobre um livro de filosofia, escrito por um certo Amadeu de Prado. Dentro do livro, havia uma passagem para Lisboa que Raimundo, numa decisão repentina, decide utilizar. A jovem salvada do suicídio desaparecera, mas não é ela o alvo de sua busca e sim Amadeu do Prado. Existe algum filósofo e poeta português com esse nome ? Uma espécie de outro Fernando Pessoa, que lutara contra a ditadura salazarista ? Ou se trata de uma personagem de Peter Bieri, aliás Pascal Mercier ?
Esse é o filme que se enriquece das ruas, dos bondes, das praças e da ponte sobre o Tejo. Contá-lo seria tirar o prazer da leitura do livro e da visão do filme.
Mas um resumo é possível – Amadeu do Prado era um médico, filho de juiz salazarista, amigo de Jorge, colega de universidade, apesar de uma diferença fundamental entre ambos – Amadeu era de família rica e influente, Jorge era filho de pobretões. No seu discurso de formatura, Amadeu provoca escândalo denunciando a ditadura, sua parceira a Igreja católica e se declarando ateu contra um Deus omniciente e omnipresente, invasor da intimidade das pessoas, e contra a imortalidade prometida aos fiéis, porque pior coisa não poderia haver do que ser condenado a viver para sempre.
O filme é thriller político, cujas personagens são os resistentes ao salazarismo e, do outro lado, os torturadores da PIDE, a polícia política portuguesa versão mais sofisticada do Doi-Codi dos nossos anos de ditadura. E também tem história de amor, pois a mesma mulher é amada tanto por Jorge como por Amadeu. É ela que detém os nomes dos resistentes que, na manhã do 25 de abril, vão derrubar a ditadura ao som de Grandola Vila Morena, na Rádio Renascença.
Não sei se o monopólio americano da distribuição dos filmes levará aos cinemas brasileiros essa história portuguesa, revelada pelo professor suíço. Se passar no Brasil, não perca, é um filme bonito de se ver. Em Portugal, imagino ser tão obrigatório como foi a Cidade Branca, do suíço Alain Tanner, fora do circuito turístico das cidades européias de Woody Allen.
Rui Martins, de Berlim, convidado pelo Festival.



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