Doutorado Honoris Causa da humildade: os melhores elogios sao sempre em causa propria...
Diplomacia e Relações Internacionais

Doutorado Honoris Causa da humildade: os melhores elogios sao sempre em causa propria...


Honni soit qui mal y pense...
Imaginem se fosse proibido falar de seus próprios méritos num evento como esse: o novo doutor teria de ficar calado, por não poder falar bem de si mesmo e de tudo de bom que ele fez por Garanhuns, pelo Brasil, pela humanidade?
Seria terrível...
Ainda bem que os franceses, sendo egocêntricos eles mesmos, são condescendentes com os muito egocêntricos: como eles inventaram tudo de bom que existe no mundo desde que Paris é Paris, eles devem saber que esse tipo de exercício pode ser permitido, inclusive pelo politicamente correto que representa: não é todo dia que a Europa se curva ante um personagem do Terceiro Mundo, embora isso seja mais comum na França...
Paulo Roberto de Almeida

Aclamado por estudantes, Lula recebe honoris causa em Paris

Recebido como pop-star, ex-presidente elogia o próprio mandato e dá conselhos à Europa em crise durante cerimônia

27 de setembro de 2011 | 18h 19
Andrei Netto, correspondente de O Estado em Paris
PARIS - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma recepção de pop star neta terça-feira, 27, em Paris, durante a cerimônia de entrega do título de doutor honoris causa pelo Instituto de Estudos Políticos (Sciences-Po), o maior da França. Em seu discurso, o ex-chefe de Estado enalteceu o próprio mandato e multiplicou os conselhos aos líderes políticos da Europa, que atravessa uma forte crise econômica. Antes, durante e depois, Lula foi ovacionado por estudantes brasileiros, na mais calorosa recepção da escola desde Mikhail Gorbachev.
Divulgação
Ex-presidente recebeu o prêmio e fez discurso de 40 minutos
A cerimônia foi realizada do auditório do instituto, com a presença de acadêmicos franceses e de quatro ex-ministros de seu governo: José Dirceu, Luiz Dulci, Márcio Thomaz Bastos e Carlos Lupi. Vestido de toga, o ex-presidente chegou à sala por volta de 17h30min, acompanhado de uma batucada promovida por estudantes. Ao entrar no auditório, foi aplaudido em pé pela plateia, aos gritos de "Olé, Lula".
Em seguida, tornou-se o primeiro latino-americano a receber o título da Sciences-Po, já concedido a líderes políticos como o tcheco Vaclav Havel. Em seu discurso, o diretor do instituto, Richard Descoings, se disse "entusiasta" das conquistas obtidas pelo Brasil no mandato do petista. "O senhor lutou para que o Brasil alcançasse um novo patamar internacional", disse, completando: "Não é mais possível tratar de um assunto global sem que as autoridades brasileiras sejam consultadas".
Autor do "elogio" a Lula - o discurso em homenagem ao novo doutor -, o economista Jean-Claude Casanova, presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas, lamentou que a Europa não tenha um líder "de trajetória política tão iluminada". Casanova pediu ainda que Lula aproveitasse "sua viagem para dar conselhos aos europeus" sobre gestão de dívida, déficit e crescimento econômico.
Lula aceitou o desafio e encarnou o conselheiro. Em um discurso de 40 minutos, citou avanços de seu governo, citando a criação de empregos, a redução da miséria, o aumento do salário mínimo e a criação do bolsa família e elogiou sua sucessora, Dilma Rousseff. "Não conheço um governo que tenha exercido a democracia como nós exercemos", afirmou, no tom ufanista que lhe é característico.
Então, lançou-se aos conselhos. Primeiro criticou "uma geração de líderes" mundiais que "passou muito tempo acreditando no mercado, em Reagan e Tatcher", e recomendou aos líderes da União Europeia que assumam as rédeas da crise com intervenções políticas, e não mais decisões econômicas. "Não é a hora de negar a política. A União Europeia é um patrimônio da humanidade", reiterou.
Na saída, estudantes cantaram a música Para não dizer que não falei de flores, de Geraldo Vandré, e se acotovelaram aos gritos por fotos e autógrafos do ex-presidente, que não falou à imprensa. Impressionado com a euforia dos estudantes, Descoings comparou, em conversa com o Estado: "A última vez que vi isso foi com Gorbachev, há cinco ou seis anos. Mas com Lula foi ainda mais caloroso."
Veja também:
Lula recebe título de doutor honoris causa da UFBA
Lula receberá seu sexto título de Doutor Honoris Causa
Lula dedica título 'honoris causa' a José Alencar

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Terminando, sem terminar:

Bem, depois desses conselhos, a Grécia está com todos os seus problemas resolvidos, não é?
Ou não?
Será que o economista Jean-Claude Casanova não vai transmitir esses conselhos aos gregos, ao BCE, ao Conselho Europeu, ao G20, ao FMI?
Não há que perder tempo...
Paulo Roberto de Almeida




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