Aquecimento global: perigos do novo malthusianismo e argumentos racionais
Diplomacia e Relações Internacionais

Aquecimento global: perigos do novo malthusianismo e argumentos racionais


Volto a postar, por importante, pequena nota informativa sobre a questão em epígrafe, por ter sido objeto de comentários recentes, que transcrevo aqui, junto com meus comentários-resposta, desta data.
Paulo Roberto de Almeida

1497) Aquecimento Global: ceticismo sadio sempre é recomendavel
QUARTA-FEIRA, 11 DE NOVEMBRO DE 2009

Para aqueles, que como eu, mantém uma atitude de ceticismo sadio em relação a todas as paranoias anunciadas -- fim da era do petróleo, falta de energia, de alimentos, aquecimento global, etc. -- sempre é bom ler o máximo possível, antes de sair atrás da manada, dizendo que o fim está próximo.

Papers que reexaminam o papel do aquecimento global tal como teria sido fabricado pela atividade humana:
450 peer-review papers supporting skepticism of man-made global warming.

Este artigo tece considerações científicas, econômicas e filosóficas sobre o aquecimento global: http://www.heartland.org/custom/semod_policybot/pdf/25354.pdf

Nunca é bom correr atrás da manada: é melhor ficar calmo e examinar os dados do problema...
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Alexandre disse...
Professor, existem evidências científicas independentes e concordantes entre si, tanto do aquecimento em si quanto de sua origem através do efeito estufa intensificado pelo homem. Imagino que o sr. não esteja familiarizado com elas, nem tampouco se ateve muito na análise dos 450 supostos artigos "céticos" divulgados pelos Heartland institute.

Assim, quem é que está correndo atrás da manada, e quem está ficando calmo e examinando os dados do problema?
Quarta-feira, Fevereiro 02, 2011 8:40:00 AM
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Paulo R. de Almeida disse...
Alexandre,
Com evidencias mais ou menos fortes de que o aquecimento esteja efetivamente ocorrendo, e que o homem é em parte responsavel por isso, ainda assim recomendo o ceticismo sadio como atitude geral desejavel nesse tipo de questao, pois ela é propria do espirito cientifico, justamente.
O que me preocupa mais, nao é o aquecimento em si, pois as sociedades vão necessariamente se adaptar, mas esse clima malthusiano que se propaga.
Existiam evidencias do aumento da população na época de Malthus, mas ele falhou miseravelmente na previsão da produtividade agrícola.
Tenho certeza de que a humanidade vai superar esse malthusianismo ecologico tambem...
Paulo Roberto de Almeida
Quarta-feira, Fevereiro 02, 2011 9:58:00 AM
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Alexandre deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1497) Aquecimento Global: ceticismo sadio sempre é...":

Professor, obrigado pela resposta.

O processo científico de construção de teorias concorrentes já, em si, cético, uma vez que sempre depende de evidências que apóiem essas teorias. Tenho certeza de que não preciso discorrer sobre isso aqui.

O acúmulo de evidências que apóia o aquecimento global antrópico é enorme. Mesmo que as projeções de Malthus tenham falhado, isso não muda o fato de nossa atmosfera estar retendo cada vez mais radiação infravermelha em função de nossos gases estufa. É um fato físico mensurável e verificado, e recomendo o website de qualquer grande instituto de pesquisas atmosféricas do mundo pra consultar referências.

O ceticismo científico é saudável e desejado, ao passo que negar as evidências existentes por incomodarem uma ideologia não é. Imagino que o sr. esteja defendendo o primeiro, e incorrendo involuntariamente no segundo ao apoiar a posição do Heartland.

Podemos ser otimistas. Podemos crer com toda nossa alma que a humanidade, com toda sua criatividade, resolverá mais esse problema. Mas para que o resolva, o primeiro passo é admiti-lo e enfrentá-lo.
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Paulo R. de Almeida deixou um novo comentário sobre a sua postagem "1497) Aquecimento Global: ceticismo sadio sempre é...":

Voce tem inteiramente razao, meu caro Alexandre, e eu nao estou dando mais credito aos ceticos do que aos alarmistas, apenas dizendo que o catastrofismo antecipado pode nos levar a decisoes economicas que custam caro e diminuem, ipso facto, as disponibilidades para as boas pesquisas e outros investimentos na correção de atitudes hoje agravantes dos desequilibrios ecologicos.
Recomendaria a você ler alguns dos materiais do Copenhagen Consensus, animado pelo ecologista cetico Bjorn Lomborg.
O abraço do
Paulo Roberto de Almeida
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Alexandre disse...

Conheço o trabalho do Lomborg. Reitero a recomendação de procurar as evidências nos institutos que de fato pesquisam o assunto.

Claro, pode-se pular essa parte se realmente não se discutem os fundamentos técnicos das observações e projeções, o que o sr. parece não questionar, mas ao mesmo tempo apóia a posição do Heartland e usa as palavras "alarmistas" ou "catastrofismo antecipado" para descrever observações e dados que nos trazem informações alarmantes.

É importante separar bem ambas as questões: uma coisa é a realidade física de um fato. Outra coisa é a resposta que a sociedade pode dar a esse fato, seja no campo econômico, jurídico, tecnológico ou cultural. Se um imposto pigouviano parece ruim, pode-se defender outra via de ação, ou até mesmo, por exemplo, a capacidade do mercado de minimizar sozinho externalidades negativas desse tipo. De preferência, baseando-se em evidências, de novo.

O que não faz sentido é embarcar na do Heartland, que para defender o mercado livre (louvável) faz textos negando evidências, ridicularizando e inventando "fatos", sem efetivamente produzir ciência que suplante a existente. Ou mesmo divulgando um documento que afirmam conter centenas de estudos que supostamente mostrariam uma "outra verdade", mas que incluem afirmações mutuamente contraditórias, do tipo "não está acontecendo" e "é causado pelo sol".

É uma retórica que só se desmascara com algum aprofundamento nos processos físicos envolvidos e nos dados disponíveis.

Não conheço seu trabalho, mas tenho certeza que sr. poderia contribuir de várias maneiras com idéias para se limitar a emissão de um gás com externalidades negativas importantes, que respeitassem a corrente ideológica de sua preferência, e que não fossem economicamente catastróficas.

Negar a externalidade, decerto, não é o caminho. Sei que o sr. está convencido de não estar fazendo isso. Estou tentando chamar sua atenção para o fato de o sr. estar endossando quem o faz.
Quarta-feira, Fevereiro 02, 2011 12:44:00 PM
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Alexandre,
Voce argumentou como um verdadeiro cientista, ou economista, e só posso concordar com você. As evidências se acumulam, como você diz, embora eu também tenha confiança na capacidade humana de dar saltos tecnológicos quando a necessidade se impõe.
Nossa responsabilidade atual é preservar, minimizar, evitar, embora eu creia mais em tecnologias adaptativas do que em grandes ações "reversionistas" de tendências aparentemente irreversíveis, na escala humana do tempo.
Em todo caso, o alarmismo que eu rejeito, em parte, nos faz tomar consciência da fragilidade dos sistemas e da nossa própria incapacidade em reverter desastres já encomendados, em grande medida pela mão do homem.
Estou transcrevendo todo este debate num novo post, de hoje.
O abraço do
Paulo R. Almeida

(Por enquanto ficou nisto...)



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