Ainda o affair Hobsbawm: o que irritou a Anpuh?
Diplomacia e Relações Internacionais

Ainda o affair Hobsbawm: o que irritou a Anpuh?


Eis a materia, abaixo transcrita, que gerou o ódio da Anpuh, como se todos devessem achar Hobsbawm genial!
A Anpuh, como entidade associativa que é, ou seja, como profissionais e historiadores de todas as tendências ideológicas, precisaria ser neutra em materia de avaliações políticas.

Seu manifesto anti-Veja (em um post anterior) apenas revela o sectarismo e a intolerância de certas pessoas, que deveriam ter vergonha de se considerar acadêmicas.
Paulo Roberto de Almeida
Addendum em 12/10/2012:
Tenho recebido vários comentários aos diversos posts em torno da morte do Hobsbwm, geralmente condenatórios dos ataques do jornalista da Veja. Parece que muita gente, a começar pela Anpuh, pretende defender a reputação do historiador contra ele mesmo, ou seja, o fato de sua grande desonestidade intelectual ao não ter condenado em termos mais veementes os imensos crimes cometidos pelo sistema soviético, e de ter confirmado sua adesão aos regimes socialistas -- para ele superiores, em princípio, ao regime capitalista -- mesmo contra todas as evidências.
Que ele tenha sido cego, é seu direito. Mas é nosso direito criticá-lo.
Que suas opções sejam defendidas por outros aderentes da crença, já escapa ao terreno do racional, e entra no da fé religiosa.

O historiador Eric Hobsbawm ( Roland Schlager/EFE)






Memória

A imperdoável cegueira ideológica de Eric Hobsbawm


Maior historiador esquerdista de língua inglesa, Eric Hobsbawn, morto na última segunda-feira, aos 95 anos, foi um idiota moral. Essa é a verdade incômoda que os necrológios, publicados em profusão, quase sempre fizeram questão de ignorar. Marxista irredutível, Hobsbawm chegou a defender o indefensável: numa entrevista que chocou leitores, críticos e colegas, alegou que o assassinato de milhões orquestrado por Stalin na União Soviética teria valido a pena se dele tivesse resultado uma "genuína sociedade comunista". Hobsbawn foi de fato um historiador talentoso. Nunca fez doutrinação rasteira em suas obras. Mas o talento de historiador, é forçoso dizer, ficará para sempre manchado pela cegueira com que ele se agarrou a uma posição ideológica insustentável.

Essa posição lança sombras sobre uma de suas obras mais famosas, A Era dos Extremos, livro de 1994 que, depois da trilogia sobre o século XIX composta pelos livros A Era das Revoluções,A Era do Capital e A Era dos Impérios, lançados entre 1962 e 1987, se dedica a investigar a história do século XX –  quando Hitler matou milhões em seus campos de concentração e os regimes comunistas empreenderam os seus próprios extermínios. Hobsbawm se abstém de condenar os crimes soviéticos, embora o faça, com toda a ênfase, com relação aos nazistas.
Outro eminente historiador de origem britânica, Tony Judt (1948-2010), professor de história da New York University que fez uma longa resenha do livro de memórias de Hobsbawm, Tempos Interessantes, advertia já em 2008 que o colega ficaria marcado por sua posição política. “Ele pagará um preço: ser lembrado não como ‘o’ historiador, mas como o historiador comunista”, disse em entrevista ao jornal The New York Times. Em texto publicado pela revista The New Criterion, o escritor David Pryce-Jones também apontou o prejuízo da ligação de Hobsbawm com o pensamento marxista. “A devoção ao comunismo destruiu o historiador como um pensador ou um intérprete de fatos.”
O entusiasmo com a revolução bolchevique, aliás, não foi a única fonte de tropeços morais para Hobsbawm. A conflituosa relação com as raízes judaicas – seu sobrenome deriva de Hobsbaum, modificado por um erro de grafia – o levou a apoiar o nacionalismo palestino e, ao mesmo tempo, a negar igual tratamento a Israel.
Biografia – A história pessoal de Hobsbawm ajuda a entender sua adesão ao marxismo. Nascido no ano da Revolução Russa, 1917, em Alexandria, no Egito, ele se mudou na infância para Viena, terra natal materna, onde perdeu ainda adolescente tanto a mãe quanto o pai, um fracassado negociante inglês que permitiu a ele ter desde cedo o passaporte britânico. Criado por parentes em Berlim na época em que Hitler ascendia ao poder, ele viu no comunismo uma contrapartida ao nazismo.
Da Alemanha, Hobsbawn seguiu para a Inglaterra. Durante a guerra, serviu numa unidade de sapeadores quase que inteiramente formada por soldados de origem operária - e daí viria, mais que a simpatia, uma espécie de identificação com aquela que, segundo Marx, era a classe revolucionária. Ele estudou em Cambridge, e se filiou ao Partido Comunista, ao qual se aferraria por anos. Nem mesmo após a denúncia das atrocidades stalinistas feita por Nikita Khrushchov em 1956, quando diversos intelectuais romperam com o comunismo, ele deixou o partido.
Hobsbawm só desistiu de defender com unhas e dentes o sistema após a queda do Muro de Berlim, em 1989. “Eu não queria romper com a tradição que era a minha vida e com o que eu pensava quando me envolvi com ela. Ainda acho que era uma grande causa, a causa da emancipação da humanidade. Talvez nós tenhamos ido pelo caminho errado, talvez tenhamos montado o cavalo errado, mas você tem de permanecer na corrida, caso contrário, a vida não vale a pena ser vivida”, disse ele ao The New York Times, em 2003, em uma das poucas declarações em que admitia as falhas do comunismo – porém, sem dar o braço verdadeiramente a torcer.




loading...

- Stalin Colaborou Ativamente Com Hitler, Traindo Os Partidos Comunistas - Secret Cables Of The Comintern
Leio um dos números recentes da revista britânica History Magazine (vol. 14, n. 4, April 2014), onde na p. 9 encontro uma nota anunciando um novo livro em publicação pela Yale University: Fridrikh Firsov (arquivista e historiador russo), Harvet Klehr;...

- Conhece O Robsbawm? Associacao Involuntaria E Lapso Freudiano No Site Do Partido Totalitario
Do blo do Orlando Tambosi: Copa da Roubalheira só é defendida pelo PT, que invoca até "Robsbawm". Blog do Orlando Tambosi, 6/06/2014 No site do PT, Hobsbawm virou Robsbawm. Faz sentido.O partido totalitário chama o evento de "Copa das Copas" e mente...

- Eric Hobsbawm: Uma Palavra (ou Duas) Sobre Ele... - Paulo Roberto De Almeida
Eric Hobsbawm: um depoimento acadêmico Paulo Roberto de Almeida Como qualquer acadêmico bem informado, eu conhecia a obra de Hobsbawm, obviamente, inclusive porque, em um dado momento de minha vida, eu também partilhei das mesmas crenças...

- Hobsbawm: Um Crente Entre Os Crentes (infelizmente Nao Apenas Eles...)
Eric Hobsbawm é obviamente incensado pela esquerda e admirado por legiões de historiadores que não precisam necessariamente ser de esquerda, mas que guardam certas simpatias por causas "igualitárias" e uma correspondente antipatia pela exploração...

- Republica Sindical Do Brasil: Os Corporatistas Nunca Desistem...
Editorial do boletim da Anpuh, Associação Nacional dos Professores Universitários de História (talvez devessem mudar o nome para Sindicato dos Historiadores): HISTORIADORES: OS PROFISSIONAIS QUE PODEMOS SER A iniciativa da ANPUH de mobilizar seus...



Diplomacia e Relações Internacionais








.